1. Tudo começa quando você come um alimento mal conservado. Ao devorar aquela coxinha que passou do tempo, há uma grande chance de ingerir bactérias e substâncias tóxicas produzidas por elas. Mesmo que a contaminação seja pequena, pode ser o suficiente para levá-lo para o trono…
2. Na melhor hipótese, as bactérias não resistem à acidez do estômago e morrem. Na pior, se a contaminação for grande, elas produzem tantas toxinas capazes de irritar o estômago que o órgão percebe que há algo de errado. Aí o rango pode até ser devolvido numa bela vomitada!
3. Num cenário intermediário, as bactérias resistem à acidez e escapam do “controle de qualidade” do órgão, seguindo com o rango digerido para o intestino delgado. Isso em geral rola se o alimento não estiver tão detonado. No intestino, as bactérias se multiplicam
4. Em bando, as bactérias começam a provocar uma grande confusão. Elas lançam toxinas que machucam as paredes do intestino delgado. O corpo, então, reage mandando sua tropa de choque para lá: os anticorpos. Com o quebra-pau, a região inflama e fica vermelha
5. Para sacar as conseqüências dessa confusão, é preciso lembrar como a comida digerida “anda” pelo intestino, no chamado movimento peristáltico. Os músculos do órgão se contraem e relaxam em sincronia, num “aperta e solta” ritmado que empurra o rango adiante
6. Com a briga entre bactérias e anticorpos, os músculos do intestino se contraem com mais força, mas perdem a sincronia. Isso bagunça o peristaltismo e o alimento não é empurrado direito. É como se o trânsito na região congestionasse por causa do tumulto. Aí a dor de barriga começa
7. Normalmente o intestino recebe muitos líquidos, sob a forma de saliva, suco gástrico e muco – são cerca de 7 litros de líquidos por dia! Quando o movimento peristáltico não está funcionando legal, o intestino produz mais muco, para ver se assim ajuda a comida a seguir seu trajeto
8. O intestino dói quando suas paredes são esticadas. E é isso que acontece quando elas precisam abrir mais espaço para comportar o aumento do muco e dos líquidos lançados no órgão. O volume do intestino aumenta tanto que o sistema nervoso liga o alerta. É quando a barriga dói mais
9. A coisa piora no intestino grosso. Ali rola a “drenagem” do líquido recebido no intestino delgado – quase tudo volta ao organismo para evitar desidratação. Quando essa água está contaminada, o intestino grosso reduz a absorção de líquidos, evitando a entrada de toxinas no corpo
10. A dor de barriga acaba na privada. Em algumas horas – ou dias – as bactérias são expulsas pelas fezes. Como o intestino grosso impediu o retorno dos líquidos, o cocô sai cheio de água e muco, bem mole. Aos poucos a irritação do intestino diminui e tudo volta ao normal
“Dor abdominal não é sinônimo apenas de infecção intestinal”, diz o gastroenterologista Joaquim Gama, do Hospital das Clínicas da USP. Confira outras causas de dores na região da barriga:
Apendicite
Dor – em geral na parte inferior direita da barriga – provocada pela inflamação do apêndice (um pedacinho do intestino). É uma das principais causas de cirurgias no Brasil
Cólica
Não, não estamos falando de coisa só de mulher, de cólica menstrual. Algumas pessoas podem ter dores na barriga por excesso de gases no intestino
Vesícula billiar
Quando esse órgão inflama ou tem seu canal entupido por pequenas pedras, ele provoca uma forte dor na parte superior da barriga