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Dá para transformar lixo em energia?

Dá, sim. Se separarmos direitinho o lixo que tem bom potencial energético, os dejetos de uma cidade como São Paulo seriam suficientes para gerar energia para 400 mil casas! O principal segredo é tascar fogo no lixo – afinal, o calor das chamas também é uma forma de energia. Se o fogaréu for bem aproveitado […]

Por Rodrigo Ratier
Atualizado em 22 fev 2024, 11h10 - Publicado em 18 abr 2011, 18h50

Dá, sim. Se separarmos direitinho o lixo que tem bom potencial energético, os dejetos de uma cidade como São Paulo seriam suficientes para gerar energia para 400 mil casas! O principal segredo é tascar fogo no lixo – afinal, o calor das chamas também é uma forma de energia. Se o fogaréu for bem aproveitado em um processo controlado, a energia calorífica pode ser usada para produzir eletricidade, por exemplo. Tudo isso acontece em incineradores que utilizam o mesmo princípio de funcionamento de uma usina termelétrica, queimando um combustível fóssil para gerar energia. No nosso exemplo, a diferença é que o combustível queimado não é carvão, nem óleo, nem gás. É lixo. Até agora, essa tecnologia não aportou no Brasil. O país até tem incineradores, mas eles servem apenas para se livrar da sujeira – nenhum deles é adaptado para produzir energia. Por aqui, falta dinheiro para bancar o alto custo de uma instalação desse porte e vontade política para enfrentar as pressões dos grandes grupos de limpeza urbana, que muitas vezes gerenciam o lixo desde a varrição até o depósito final. “No Brasil, 99% dos dejetos seguem para aterros sanitários, sem gerar energia ou passar por qualquer reciclagem. Nas grandes cidades, a escassez de áreas para novos aterros se tornou um problema administrativo para as prefeituras”, afirma o biólogo Hamilton João Targa, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo. Mas, mesmo nos aterros, daria para aproveitar pelo menos uma parcela do potencial energético do lixo. Bastaria pegar o metano gerado pelo processo de decomposição do lixo orgânico, encanar o gás e abastecer casas e indústrias, por exemplo. Há mais de 50 anos, os chineses empregam esse método utilizando biodigestores, equipamentos que fermentam controladamente o lixo orgânico. No Brasil, até esse tipo de iniciativa é raridade.

No japão, 62% do lixo vira energia.

Na suiça, 59%, na frança, 37%

No brasil? zero.

Mergulhe nessa

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Na internet:

www.epa.gov/lmop

www.wte.org/waste.html

Manda brasa!

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Queimar resíduos é a forma mais simples de aproveitar o potencial energético dos dejetos

1. O lixo que sai de nossas casas é uma mistura de três tipos de sujeira: materiais recicláveis (como vidro, papel e alumínio), o chamado lixo “verde” (composto de folhas e galhos de árvores) e o lixo orgânico, que mistura restos de comida e materiais como papel higiênico e fraldas usadas. O primeiro passo para aproveitar os dejetos urbanos é separar os resíduos nessas três categorias, por meio de uma coleta seletiva

2A. O lixo reciclável segue para usinas de reciclagem, onde vai dar origem a novos produtos feitos do mesmo material. A vantagem é que a reciclagem consome menos energia que a fabricação tradicional. É mais econômico produzir uma lata de refrigerante com alumínio reciclado que com alumínio “novo”, por exemplo

2B. Tradicionalmente tido como imprestável, o lixo orgânico possui bastante água e elementos combustíveis, como carbono e oxigênio. Graças a essa composição, ele consegue gerar muito calor se for submetido a altas temperaturas. Para que isso aconteça, a sujeira vai para um incinerador

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2C. Recolhido na varrição das ruas e dos quintais das casas, o lixo verde passa pela compostagem, um processo de decomposição de matéria orgânica por bactérias que gera adubo como produto final. Também dá para usar outros tipos de lixo orgânico, mas a adoção apenas de restos vegetais melhora a qualidade e o preço final do adubo

3. Dentro do incinerador, o lixo orgânico é aquecido a 1 100 ºC. As altíssimas temperaturas matam as bactérias da sujeira e fazem com que o lixo entre em combustão, liberando ainda mais calor. O fogaréu da queima vai aquecer as chamadas serpentinas, tubulações cheias de água que ficam em volta do incinerador

4A. Na serpentina, a água aquecida se transforma em vapor d’água, que segue para um compartimento onde está uma turbina. Por ocupar mais espaço que a água líquida e por estar submetido a uma grande pressão, o vapor faz as pás da turbinas girarem rapidamente

4B. Além do calor que aquece a água, a queima do lixo gera fuligem e gases tóxicos que podem causar problemas de saúde. Por isso, antes de ser liberada para a atmosfera, essa mistura perigosa atravessa filtros e depuradores, que retêm as substâncias nocivas ao ambiente

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5A. Depois de passar por um conversor, a energia do movimento da turbina é transformada em eletricidade e distribuída pela rede elétrica. Nos Estados Unidos, uma usina que processa 1 500 toneladas de lixo por dia — 10% do total produzido na cidade de São Paulo — gera 55 megawatts de energia, o suficiente para abastecer até 40 mil casas

5B. O final da queima ainda apresenta um último resíduo: cerca de 10% do lixo incinerado permanece em estado sólido, na forma de cinzas. Se o material tiver substâncias tóxicas, ele precisa ser descartado em aterros que impeçam a contaminação do ambiente. Mas, se ele não for perigoso, as cinzas podem ser usadas como substituto da terra na compactação do piso de ruas e estradas que vão receber asfalto

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