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Como um time de futebol se sustenta?

No Brasil, com muita dificuldade. O grosso do faturamento ainda vem da venda de jogadores e dos direitos de transmissão das partidas para a televisão. Mas essas fontes de receita não têm sido suficientes para pagar todas as contas. Resultado: quase todos os grandes clubes do país ficaram no vermelho no balanço de 2002 (o […]

Por Shirley Paradizo e Rodolfo Rodrigues
Atualizado em 22 fev 2024, 11h08 - Publicado em 18 abr 2011, 18h51
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    No Brasil, com muita dificuldade. O grosso do faturamento ainda vem da venda de jogadores e dos direitos de transmissão das partidas para a televisão. Mas essas fontes de receita não têm sido suficientes para pagar todas as contas. Resultado: quase todos os grandes clubes do país ficaram no vermelho no balanço de 2002 (o de 2003 ainda não está fechado). O pior é que esse déficit aumenta as enormes dívidas que as equipes acumulam. Só o Flamengo, por exemplo, time de maior torcida do Brasil, deve mais de 200 milhões de reais, entre impostos, direitos trabalhistas e outros débitos. Para driblar a crise, os clubes brasileiros buscam novas formas de arrecadar dinheiro. “Procuramos ampliar as receitas com a criação de franquias, exploração da marca por meio de produtos licenciados e oportunidades novas de patrocínio, como lanchonetes e lojas no estádio”, diz o dirigente João Paulo de Jesus Lopes, diretor de planejamento e desenvolvimento do São Paulo.

    O problema é que mesmo fontes de dinheiro tradicionais, como a arrecadação das bilheterias, ainda rendem muito abaixo do que poderiam. O inglês Manchester United, por exemplo, tem uma média de mais de 60 mil pessoas por jogo em casa. Já no Brasil, um dos líderes de público no campeonato nacional de 2003, o Cruzeiro, não atingiu nem a média de 25 mil torcedores por partida. A diferença é grande também em relação aos patrocinadores. No Brasil, a média é de dois patrocínios por equipe: um fornecedor de material esportivo e uma empresa que expõe o seu logotipo na camisa. Já um clube como o Real Madrid, da Espanha, o mais rico do mundo, tem 12 patrocinadores. O maior deles, a Siemens, paga ao Real 33 milhões de reais por ano, mais que o dobro dos 15 milhões de reais que o Corinthians recebe da sua principal (e uma das únicas) patrocinadora, a Pepsi. Assim fica mesmo difícil manter nossos craques por aqui…

    “Correndo atrás do prejuízo”
    Clube com mais receita em 2002, o São Paulo terminou o ano com um déficit de 13 milhões de reais e é um bom exemplo da miséria nacional

    Os professores de português que nos desculpem, mas os times brasileiros estão sim correndo atrás do prejuízo, e não do lucro. Eles jogam, jogam e jogam só para ficar no vermelho. Um bom exemplo é o São Paulo. Veja por onde entrou e saiu dinheiro no clube em 2002:

    RECEITAS EM 2002: R$ 80,3 milhões

    • Negociação de jogadores: R$ 29,5 milhões

    Mesmo com o fim do passe, os clubes ainda lucram com multas de atletas negociados durante a vigência de seus contratos

    • Área social, estádio e outras fontes: R$ 19,7 milhões

    Contribuições dos sócios (7 milhões), dos esportes amadores (1, 4 milhão), aluguel do Morumbi para jogos (1,7 milhão), aplicações financeiras (3,2 milhões) etc.

    • Direitos de transmissão: R$ 14,4 milhões

    Quanto o clube arrecadou das emissoras de televisão que transmitiram seus jogos

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    • Patrocínio e publicidade: R$ 7,6 milhões

    Tanto na camisa como no fornecimento de material esportivo

    • Bilheteria: R$ 7,6 milhões

    Quanto o clube arrecadou com a venda de ingressos para todos os jogos em casa em 2002

    • Licenciamento da marca: R$ 1,5 milhão

    Renda obtida junto a empresas que pagam para usar o nome do clube em vários produtos, de toalhas a camisinhas

    DESPESAS EM 2002: R$ 93,3 milhões

    • Folha de pagamento do futebol: R$ 31,8 milhões

    Incluindo gastos com os atletas e os profissionais (técnicos, preparadores físicos etc.) das categorias de base

    • Despesas administrativas: R$ 14,1 milhões

    Gastos com obras no Morumbi e verbas para contingências

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    • Negociação de jogadores: R$ 12,9 milhões

    “Compra” e empréstimos de novos jogadores para reforçar o time, além de rescisões contratuais

    • Área social, amadores e estádio: R$ 12,6 milhões

    Gastos e folha de pagamento na área social e nos esportes amadores do clube, manutenção do Morumbi

    • Gastos tributários e financeiros: R$ 12,5 milhões

    Pagamento de dívidas, juros das dívidas e impostos

    • Outros gastos com futebol: R$ 9,4 milhões

    Concentração fora de São Paulo, traslados, alimentação dos jogadores, taxas de arbitragem e das federações etc.

    Total recita – despesa = R$ 13 milhões em 2002

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    É de goleada
    Real Madrid fatura quase 900 milhões de reais por ano, dez vezes mais que os times daqui

    Clube – Real Madrid (Espanha)

    Faturamento em reais* – 870 milhões

    Clube – Manchester United (Inglaterra)

    Faturamento em reais* – 716,8 milhões

    Clube – Juventus (Itália)

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    Faturamento em reais* – 674,2 milhões

    Clube – São Paulo

    Faturamento em reais* – 80,3 milhões

    Clube – Flamengo

    Faturamento em reais* – 67,7 milhões

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    * Nos clubes europeus, temporada 2001/2002; nos brasileiros, ano de 2002.

    Fonte: Revista World Soccer (Inglaterra)

    Só gol contra
    De dez grandes equipes do Brasil que divulgaram o balanço de 2002, apenas uma teve lucro

    Clube – Atlético-MG

    Receita* – 50,4

    Despesa* – 53,7

    Total* – -3,3

    Dívida* – 98

    Clube – Corinthians

    Receita* – 27,4

    Despesa* – 36,6

    Total* – -9,2

    Dívida* – 28,9

    Clube – Cruzeiro

    Receita* – 41

    Despesa* – 40,3

    Total* – +0,7

    Dívida* – 57,7

    Clube – Flamengo

    Receita* – 67,7

    Despesa* – 106,3

    Total* – -38,6

    Dívida* – 206,7

    Clube – Fluminense

    Receita* – 27,3

    Despesa* – 49,8

    Total* – -22,5

    Dívida* – 115,9

    Clube – Grêmio

    Receita* – 28,2

    Despesa* – 56,4

    Total* – -28,2

    Dívida* – 96,2

    Clube – Inter

    Receita* – 22,5

    Despesa* – 33,3

    Total* – -10,8

    Dívida* – 96,3

    Clube – Palmeiras

    Receita* – 45,8

    Despesa* – 61,8

    Total* – -16

    Dívida* – 119,7

    Clube – Santos

    Receita* – 24,8

    Despesa* – 38

    Total* – -13,2

    Dívida* – 88,9

    Clube – São Paulo

    Receita* – 80,3

    Despesa* – 93,3

    Total* – -13

    Dívida* – 39,1

    * Em milhões de reais

    Muita taxa, pouco torcedor

    RECEITA

    • Renda (para um público pagante de 7 655 pessoas): R$ 74 227

    DESPESAS

    • Gastos com funcionários, fiscais e despesas operacionais: R$ 20 252,28

    • Arbitragem e exame antidoping: R$ 13 257,39

    • Aluguel do campo (Pacaembu): R$ 11 134,05

    • Impostos, seguros e outras taxas: R$ 8 936,90

    • Policiamento, ambulâncias, ingressos e catracas: R$ 8 774,13

    • Taxas para Federação Paulista e CBF: R$ 7 422,70

    TOTAL

    Receita – Despesas = R$ 4 449,55 (foi o que o Corinthians recebeu)

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