Quase todos, com exceção da salsa e do tango, nasceram da mistura de danças e ritmos herdados da Europa e da África. Essa história começou na França de Luís XIV (1643-1715). Dos animados bailes promovidos por ele no Palácio de Versalhes, a contradança francesa – uma espécie de quadrilha que divertia os nobres da época – foi importada pela corte espanhola e depois rumou para colônias no Caribe, como Cuba, Haiti e República Dominicana. A outra grande influência na criação dos ritmos caribenhos veio dos escravos que os colonizadores traziam da África para a América. Das tribos africanas, dois grandes grupos étnicos foram especialmente explorados como mão-de-obra: os bantos e os iorubás, que habitavam regiões onde ficam hoje Nigéria e Camarões. Além da força de trabalho, os primeiros africanos que chegaram ao Caribe trouxeram seus tambores e danças religiosas.
No século XVIII, escravos da região começaram a unir essas várias heranças culturais, criando a contradanza criolla, que misturava a contradança européia com instrumentos musicais e expressão corporal de origem africana. A partir de meados do século XIX, uma das colônias que se destacaram pela riqueza dos novos ritmos produzidos foi Cuba, que logo se tornaria a principal exportadora de sons e danças caribenhas. Isso porque, além da variedade rítmica ali desenvolvida, o país também atraiu um grande número de turistas dos Estados Unidos até a primeira metade do século XX. “A cultura popular cubana foi muito divulgada com a ajuda do cinema e dos americanos antes da revolução que levou Fidel Castro ao poder em 1959. E, depois disso, passou a ser muito pesquisada”, diz a percussionista Glória Cunha, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A partir daí, rumba, chá-chá-chá, merengue e muitos outros estilos latinos se espalharam, elevando a temperatura dos salões no mundo inteiro.
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1. Cumbia
Criada no seio da comunidade negra colombiana, a cumbia se desenvolveu principalmente na costa atlântica do país. Conhecida como “dança dos escravos”, ela exige a máxima sincronia do par de dançarinos, que precisam manter os pés de um na frente dos do outro durante todo o bailado. A cumbia sofreu tanta influência dos ritmos cubanos que atualmente é difícil distingui-la da rumba. E não foi só a música que absorveu essa herança, já que alguns passos da cumbia lembram um pouco a salsa cubana
2. Tango
O estilo apareceu nos subúrbios de Buenos Aires, por volta de 1880. Sua origem é a fusão de ritmos hispânicos, como o flamenco, com a milonga, uma dança que já existia na Argentina e que, por ser extremamente sensual, tinha reputação duvidosa. Inicialmente alegre, o tango mostrou sua faceta melancólica graças às tristes canções gravadas pelo ídolo popular Carlos Gardel nas primeiras décadas do século XX. Sua base musical concentra-se em piano, violino e bandônion (um tipo de acordeão)
3. Salsa
Apesar de ter raízes na ilha de Fidel Castro, a salsa surgiu em Nova York na década de 60. Foi o músico porto-riquenho Izzy Sanabria quem teve a idéia de unir vários ritmos cubanos ao jazz para criar um som que agradasse aos imigrantes de língua espanhola que viviam nos Estados Unidos. Uma banda de salsa comporta de 10 a 14 músicos tocando piano, baixo, trompete, saxofone e percussão variadíssima – enquanto a dança em si usa os mesmos passos da rumba e do mambo em cadência mais rápida
4. Merengue
Desde 1930, o merengue é reconhecido como ritmo e dança nacionais da República Dominicana. No entanto, suas origens pertencem também ao Haiti, onde ele é tocado mais lento. Por volta de 1800, o ritmo já havia se espalhado por outros países da América Latina, como Venezuela e Colômbia. A estrutura musical baseia-se em instrumentos de corda, como o violão, percussão e acordeão. A dança, que sofreu grande influência africana, tem movimentos ritmados dos quadris e da pélvis
5. Conga
Depois de ter nascido como um ritmo para brincar na rua, como no nosso carnaval, a conga ficou conhecida nos Estados Unidos como dança de salão, com a ajuda do músico e ator cubano Desi Arnaz, marido da comediante Lucille Ball e co-astro da série de TV I Love Lucy. Após conhecer seu auge na década de 30, o estilo amargou um certo esquecimento. Como tantos outros ritmos latinos, seu molho principal vem de instrumentos de percussão, enquanto os passos consistem, basicamente, em chutes para os lados e pequenos saltos para a frente e para trás
6. Rumba
Criada a partir da influência de ritmos espanhóis e africanos durante a colonização do país, a rumba foi um dos primeiros estilos musicais latinos a romper fronteiras e se popularizar nos Estados Unidos, uma trajetória que começou no início do século XX. Um dos instrumentos mais importantes para marcar o compasso é a clave, formada por duas peças cilíndricas de percussão batidas uma na outra. Para dançar rumba é preciso ter boa cintura, pois sua marca registrada é o movimento acelerado e sacolejante dos quadris
7. Chá-chá-chá
Depois de criado em 1948 pelo violinista cubano Enrique Jorrín, o estilo foi popularizado na Europa e nos Estados Unidos por um professor de dança inglês chamado Pierre Margolie. Em uma visita a Cuba, Margolie teve contato com o ritmo e adotou alguns passos extras do mambo para criar um novo tipo de coreografia, mais lenta e mais fácil de dançar que o próprio mambo – o que ajudou a torná-la sucesso entre branquelas de cintura dura
8. Mambo
Descendente direto da rumba, o mambo começou sua expansão internacional ao ser apresentado aos americanos pelo músico cubano Pérez Prado na década de 40. Nos anos 50, o ritmo conquistou Nova York e era tocado por band leaders como Tito Puente, Machito e Tito Rodrigues nos clubes mais sofisticados da cidade. O mambo pode ser dançado separadamente ou por casais – em dupla, porém, é preciso manter uma ligeira distância para que os quadris possam acompanhar o ritmo das maracas, um tipo de chocalho