Como se define o campeão mundial de xadrez?
Até 1993, era moleza responder a essa pergunta. Agora, nem tanto. A confusão começou quando o russo Garry Kasparov, campeão mundial desde 1985, rebelou-se contra a Federação Internacional de Xadrez (Fide) e criou uma entidade paralela, a Associação Profissional de Xadrez (PCA). Depois disso, a definição do melhor enxadrista do mundo virou uma bagunça. O […]
Até 1993, era moleza responder a essa pergunta. Agora, nem tanto. A confusão começou quando o russo Garry Kasparov, campeão mundial desde 1985, rebelou-se contra a Federação Internacional de Xadrez (Fide) e criou uma entidade paralela, a Associação Profissional de Xadrez (PCA). Depois disso, a definição do melhor enxadrista do mundo virou uma bagunça. O antigo sistema, criado em 1948, funcionava com a escolha de um “desafiante”, que era o ganhador de um grande torneio com vários enxadristas e que durava três anos. Esse desafiante tinha o direito de enfrentar o campeão mundial da época. A partir de 1990, a coisa complicou, pois Kasparov começou a questionar a Fide. Entre outras coisas, alegava que a entidade só usava os jogadores para ganhar dinheiro. Em 1993, durante a finalíssima, ele foi desafiado por Nigel Short. Mas ambos decidiram boicotar a decisão e criaram a PCA. Para completar a encrenca, em 2000, Kasparov perdeu o título da PCA para seu compatriota Vladimir Kramnik. Desde então, a Fide vem tentando emplacar um campeão mundial legítimo e unificado. A última tentativa é um tira-teima entre os detentores de vários títulos diferentes. Neste ano, Kasparov enfrenta o uzbeque Rustam Kasimdzhanov, campeão da Fide, e Kramnik encara o húngaro Peter Leko, que faturou um torneio paralelo realizado na Alemanha. Os dois vencedores se enfrentarão depois num duelo final, que voltaria a apontar um campeão unificado. Espera-se que Kasimdzhanov aceite a solução. Ruslam Ponomariov, campeão anterior da Fide, não engoliu o tira-teima e melou a finalíssima que aconteceria no ano passado. Espera-se também que Kasparov vença. “Se ele perder, eu duvido que aceitem o novo campeão”, diz Roberto Calheiros, editor da revista Xadrez!.
Gênios do tabuleiro
Russos dominam a lista dos melhores enxadristas do mundo
Wilhelm Steinitz
Áustria – Campeão de 1886 a 1894
Considerado o pai do xadrez moderno, foi o primeiro jogador reconhecido oficialmente como campeão mundial, após vencer o polonês Johann Zukertortz
Mikhail Botvinnik
Rússia – Campeão de 1948 a 1957, de 1958 a 1960 e de 1961 a 1963
Desenvolveu um sistema de ciclos para o campeonato mundial, implantado pela Fide em 1948, e criou programas de treinamento na antiga União Soviética, país que revelou Kasparov ao mundo
José Raúl Capablanca
Cuba – Campeão de 1921 a 1927
Tinha um talento excepcional. Aos 18 anos, venceu Emanuel Lasker, o campeão mundial, durante uma exibição, mas só 15 anos depois conseguiu o título oficial
Robert Fischer
Estados Unidos – Campeão de 1972 a 1975
Interrompeu a hegemonia soviética no auge da Guerra Fria. Genial e genioso, recusou-se a colocar seu título em jogo em 1975 e foi desqualificado. O título foi para seu desafiante, o russo Anatoly Karpov
Alexander Alekhine
Rússia – Campeão de 1927 a 1935 e de 1937 a 1946
Foi o primeiro a ter o xadrez como única profissão, dedicando pelo menos dez horas diárias à prática do jogo. Morreu como campeão mundial
Garry Kasparov
Rússia – Campeão de 1985 a 2000
O estilo agressivo transformou-o em campeão mundial aos 22 anos. Contra Karpov, selou a maior rivalidade da história do esporte: 104 empates em 144 partidas! A celebridade do xadrez esteve no Brasil em agosto para o Desafio São Paulo 450 Anos