Como se clona um telefone celular?
O processo é perigosamente fácil. Mas, para entendê-lo, primeiro é preciso saber como funciona o celular. Essencialmente, ele é um rádio que pode receber ou transmitir sinais em cerca de 800 faixas de freqüência. As operadoras dividem as cidades em setores chamados células – sacou o porquê de “celular”? Dentro de cada célula há um […]
O processo é perigosamente fácil. Mas, para entendê-lo, primeiro é preciso saber como funciona o celular. Essencialmente, ele é um rádio que pode receber ou transmitir sinais em cerca de 800 faixas de freqüência. As operadoras dividem as cidades em setores chamados células – sacou o porquê de “celular”? Dentro de cada célula há um retransmissor de freqüências, as antenas que vemos espalhadas por aí. O celular se conecta à antena mais próxima, o que permite a movimentação durante uma chamada. Centenas de pessoas usam a mesma faixa, mas, cada aparelho tem um código que mantém a conversa direcionada apenas entre o aparelho que efetuou a chamada e o que a recebeu. É aí que entra em cena a clonagem. Com os equipamentos certos, um falsário pode encontrar uma freqüência em uso e capturar o código do aparelho que está nela. “Eu gastava 330, 350 reais por mês. Imagina meu susto quando vi a conta de 3 700 reais!”, afirma o representante comercial Luís Gustavo Cerpim. Segundo o Procon de São Paulo, o ônus da clonagem é das operadoras, que precisam oferecer redes seguras.
Falsários preferem agir nas proximidades dos aeroportos
1. Clonadores gostam de agir perto de aeroportos. Como nem sempre a tecnologia digital das operadoras é igual, elas mantêm canais analógicos para as pessoas usarem os telefones fora de suas cidades. Quando você desembarca em outra cidade e liga o celular, ele fica por algum tempo conectado às redes analógicas
2. O simples fato de o celular ser ligado nessa situação (mesmo sem realizar chamadas) faz ele se conectar à antena mais próxima. Isso abre uma brecha para o clonador, pois é muito mais fácil penetrar no sistema de transmissão por ondas da rede analógica que no sistema binário (seqüências de 0 e 1) da rede digital
3. Normalmente o clonador monta seu “escritório” em alguma casa ou sala próxima do aeroporto. Lá, ele instala um scanner de ondas e um rádio receptor de multifreqüência para “fisgar” a transmissão analógica. Os dois equipamentos ficam conectados a um computador
4. Com o scanner e o rádio, o falsário captura uma freqüência de ondas pela qual trafega o sinal do celular da vítima. Esse sinal capturado tem o código do aparelho, o número, o registro e outros dados usados pela operadora para calcular a conta
5. A codificação do aparelho é guardada no computador e depois transferida para um celular “frio” em geral, um aparelho roubado. A clonagem é feita em qualquer celular sem linha, desde que ele seja da mesma tecnologia (TDMA, CDMA ou GSM) do aparelho que teve o sinal roubado. Certas tecnologias, porém, são mais seguras como a GSM
6. O aparelho-clone pode ligar para qualquer lugar e é usado por quadrilhas de seqüestradores e interessados em ligar para “disque-sexo”, entre outros fins. Como ele usa a codificação do celular clonado, os débitos vão para a conta do proprietário real, que percebe que foi vítima de um golpe quando abre a próxima fatura
Existem alguns truques para dificultar a vida dos clonadores
Desligue seu celular perto de aeroportos e rodoviárias. Deixe para acioná-lo apenas quando estiver distante desses lugares
Se não puder desligá-lo, programe o aparelho para usar uma rede digital em vez de deixá-lo buscar automaticamente uma analógica. Todos os celulares têm esse recurso
Confira mensalmente sua conta para ver se há chamadas para números estranhos. Existem clonadores que roubam apenas algumas dezenas de reais por mês
Para não contribuir com esse crime, ao comprar um aparelho usado, veja se ele não é roubado, checando se não há registro no Cadastro Nacional de Estações Móveis Impedidas (Cemi)