Os esquimós começam procurando um local apropriado para erguer suas cabanas de gelo. Como o principal objetivo é se proteger do frio, eles dão preferência a superfícies congeladas de lagos ou do mar, onde o gelo é menos espesso – e, portanto, menos gelado – do que em terra firme. Depois, eles têm que encontrar uma camada de neve compacta o suficiente para permitir o corte de blocos retangulares, que servirão de tijolos para o iglu (a palavra é uma adaptação do esquimó igdlu, que significa “casa”). Esses blocos precisam ter um encaixe perfeito para que a estrutura resista aos fortes ventos do Ártico. Quando o iglu principal está pronto, outros menores podem ser anexados, servindo de depósito de alimentos, banheiro ou até mesmo aposentos para outras famílias. Na entrada principal, um pequeno túnel – largo o suficiente apenas para a passagem de uma pessoa – ajuda a impedir que o vento congele quem estiver lá dentro. Parece desconfortável – e é mesmo.
Se é difícil suportar o frio no interior, pior ainda é ficar do lado de fora, tiritando sob uma nevasca a 30 graus Celsius negativos. A explicação para tamanha diferença de temperatura é bastante simples. “O gelo é um excelente isolante térmico. Segura o calor 100 vezes mais do que o alumínio”, afirma o físico Cláudio Furukawa, da Universidade de São Paulo (USP). Hoje em dia, porém, os iglus raramente são usados – a partir do século XVII, os esquimós passaram a construir casas de madeira. Mesmo antes dessa data, as construções de gelo só eram realmente necessárias no inverno. Nos meses mais quentes, tendas feitas com ossos e couro de baleia serviam de abrigo. Mas o costume de construir iglus, apesar de abandonado, é bastante antigo: os primeiros registros históricos de povos indígenas do Ártico datam de 3 000 anos atrás.
Engenharia no gelo A construção de um iglu é simples e rápida
1. OS TIJOLOS
O primeiro passo é testar a consistência da neve. Ela tem de estar compacta o suficiente para permitir o corte de blocos retangulares de gelo. Nas comunidades primitivas, esses tijolos eram serrados com ossos de foca ou de baleia afiados. Depois, os esquimós passaram a usar facões de metal
2. A ESTRUTURA
A primeira fileira de blocos é ligeiramente enterrada no chão, formando um círculo de aproximadamente 2 metros de diâmetro. Para garantir o encaixe das fileiras superiores, os blocos de baixo são serrados para formar uma espécie de rampa ascendente e ligeiramente inclinada para dentro
3. O ACABAMENTO
Os blocos são empilhados em forma de espiral – cada um deles precisa ser apoiado no anterior para garantir a estabilidade. Nas últimas fileiras, pode ser necessário cortar blocos em tamanhos diferentes. Um buraco no topo serve de chaminé. Por fim, os vãos entre os blocos são preenchidos com neve fofa
NO INTERIOR
A iluminação é garantida por uma janela feita ou de um bloco de gelo transparente ou de pele de foca
Tamanho médio dos blocos: 120 cm (comprimento) x 60 cm (largura) x 20 cm (espessura)
O calor da fogueira derrete parte dos blocos, mas a água escorre e congela novamente, reforçando a vedação das paredes de gelo
Na entrada do iglu, é construído um pequeno túnel para impedir que o vento chegue ao interior
A mobília do iglu consiste geralmente de uma bancada para uma fogueira ou fogareiro e blocos de gelo forrados com peles de foca ou de baleia, que servirão de camas
O local preferido para a construção é a superficie congelada do mar ou de um lago, onde o gelo é menos espesso e, portanto, menos frio