Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Como são as campanhas para ser indicado ou ganhar o Oscar?

Para colocar as mãos na estatueta, vale tudo: anúncios pagos elogiando o filme, eventos e DVDs para os membros da Academia e muito mais

Por Marcel Nadale
Atualizado em 5 fev 2020, 18h32 - Publicado em 28 mar 2016, 13h10

Ei! Vote em mim!

Se políticos no Brasil enchem a rua com panfletos e faixas, você acha que Hollywood seria diferente? A ferramenta mais tradicional são os anúncios “Para sua consideração”, que estúdios pagam para publicar em revistas como Variety e The Hollywood Reporter.

Eles pedem que, na hora de votar, membros da Academia “considerem” o filme ou o astro anunciado. Vale incluir trechos de críticas, cotações, prêmios já vencidos… (Em 2016, Perdido em Marte fez uma leve mudança na fórmula: seus anúncios se chamavam “Para sua inspiração”).

O cafona que funciona

Às vezes, o “Para sua consideração” pode sair pela culatra. Em 2011, Melissa Leo, favorita ao prêmio de coadjuvante por O Vencedor, pagou do próprio bolso um anúncio que dizia apenas “Considere”. Foi um escândalo: muita gente achou a jogada de mau gosto, porque ela não citava o filme, usava uma pele e ainda mostrava o decotão. Mesmo assim, ela venceu.

Papo com o diretor

Em 30 de novembro de 2000, a DreamWorks fez uma sessão exclusiva de Gladiador, seguida de um “Q & A” (entrevista) com o diretor Ridley Scott, no mesmo teatro onde rola o Oscar. Em teoria, era para promover o lançamento do DVD do filme, mas vários convidados eram membros da Ampas (a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood). Gladiador papou o prêmio máximo e desde então Q & As viraram peças-chave nas campanhas.

Quanto mais gente, melhor

Em 2011, Q&As eram tão frequentes que a Ampas restringiu que cada profissional do filme só poderia participar de dois. Mas isso abria uma brecha: filmes com dez atores, por exemplo, ainda conseguiam fazer 20 Q & As. Sem contar diretor, editor, roteirista…

O jeito foi deixar a regra mais rígida em 2012: cada filme só pode fazer quatro eventos nos EUA e um no Reino Unido. E nenhum deles pode ter comida ou bebida grátis!

Continua após a publicidade

oscar6

M&$%@ no ventilador

Se nada mais der certo, espalhe boatos sobre seus rivais! Em 2009, um produtor de Quem Quer Ser um Milionário? teve que vir a público desmentir que havia explorado mão-de-obra infantil durante as filmagens. Nicole Kidman teve que refutar um caso extraconjugal com Jude Law em Cold Mountain (2003). Já A Hora Mais Escura (2012) foi acusado de apoiar a tortura. Quem mais sofre são os filmes históricos, como Lincoln e Argo, também de 2012: todo ano, eles têm que defender que não deturparam os fatos reais. Ou que deturparam só um pouquinho…

Bem-feito!

Poucas vezes, os culpados pelas fofocas são localizados ou punidos. Uma delas foi em 2010, quando o produtor Nicolas Cartier mandou um e-mail aos amigos pedindo que votassem em sua obra, Guerra ao Terror, e não no “filme de US$ 500 milhões” (o blockbuster Avatar). Cartier foi proibido de ir à cerimônia. Guerra realmente ganhou e ele não estava lá para subir ao palco e discursar.

Se a montanha não vem a Maomé…

… leve a montanha até o membro da Academia! Produtores mandam DVDs ou arquivos digitais de seus longas (os screeners) para que o votante possa assisti-los no conforto do lar. Muita gente acredita que Crash – No Limite só venceu O Segredo de Brokeback Mountain em 2005 porque a distribuidora Lionsgate enviou 130 mil screeners, um recorde na época (e olha que a Ampas só tem 6 mil pessoas!).

Hoje, as regras estipulam que cada filme só pode enviar um screener por semana para cada integrante da Academia. Outros tipos de mala-direta ou spam também são controlados. Convites de cortesia para ver o filme no cinema não podem nem ter foto; no máximo, o logotipo do longa-metragem.

Continua após a publicidade

Pressão do chefe

Muitos competidores são membros da Ampas. Às vezes, em cargos altos, o que pode causar saias-justas. Em 2013, o governador do ramo de Música pediu diretamente aos colegas que ouvissem Alone, Yet Not Alone, música tema do filme homônimo. Pela controvérsia, a canção foi desqualificada. No ano seguinte, esse tipo de contato foi proibido – e membros sequer podem participar de performances ao vivo das músicas.

oscar7

O mestre da manipulação

Muitos analistas garantem que um único homem foi responsável por tornar a temporada do Oscar nesse “vale-tudo”: Harvey Weinstein, dono da pequena produtora Miramax nos anos 90. Para combater estúdios mais poderosos, Weinstein investia pesado no lobby (uma mistura de puxa-saquismo e troca de favores, muito comum na política). A tática deu certo várias vezes. Em 1999, por exemplo, ele conseguiu que Shakespeare Apaixonado vencesse o favorito a melhor filme. Hoje, ele é dono da Weinstein Company.

Política e politicagem

Uma das táticas mais espertas de Weinstein é garantir notícias sobre seus filmes em outros setores da imprensa. Em 1990, ele conseguiu que Daniel Day-Lewis,que interpretava um deficiente físico em Meu Pé Esquerdo, falasse sobre o tema numa sessão legislativa no Senado. Funcionou: Lewis levou o Oscar de melhor ator.

Em 2014, repetiu a dose: Judi Dench, estrela do drama sobre adoção Philomena, foi a Washington falar com dois senadores sobre mudanças nas regras de adoção nos EUA. Mas ela perdeu o troféu de melhor atriz para Cate Blanchett, estrela de Blue Jasmine.

Continua após a publicidade

As bizarrices

Alguns artistas tentam fazer campanha, digamos, “exóticas”. Para promover Império dos Sonhos, em 2006, o diretor David Lynch desfilou por uma famosa avenida de Los Angeles com uma vaca (!). Não, o filme não falava sobre bovinos. Já James Franco gravou um vídeo cômico em 2011 com sua vovó xingando todo mundo que achou a cena da amputação em 127 Horas forte demais. E ele foi mesmo indicado!

FONTES: Sites The IndependentEntertainment WeeklyVarietyThe Hollywood Reporter TimeOscars.org

PODRES DO OSCAR
PARTE 1: 
Como surgiu a Academia de Cinema que entrega o Oscar?
PARTE 2: Como é a votação do Oscar?
PARTE 3: Quem define se um ator disputa o Oscar de protagonista ou coadjuvante?
PARTE 4: Como são as campanhas para ser indicado ou vencer o Oscar?
PARTE 5: Como são os bastidores da cerimônia de entrega do Oscar?

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.