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Como funciona um emissário submarino?

O emissário submarino é um sistema de recolhimento e lançamento de esgoto doméstico no mar. Quer dizer que toda aquela sujeirada é jogada na água e pronto? Não, não é bem assim. Primeiro o esgoto passa por várias etapas de tratamento e quando é despejado já perdeu mais de 90% dos coliformes fecais que possuía. […]

Por Suzana Paquete
Atualizado em 22 fev 2024, 11h11 - Publicado em 18 abr 2011, 18h50

O emissário submarino é um sistema de recolhimento e lançamento de esgoto doméstico no mar. Quer dizer que toda aquela sujeirada é jogada na água e pronto? Não, não é bem assim. Primeiro o esgoto passa por várias etapas de tratamento e quando é despejado já perdeu mais de 90% dos coliformes fecais que possuía. O resto da limpeza, aí, sim, fica por conta da diluição e dispersão natural dos resíduos domésticos na imensidão do mar. É claro que, se não forem tomados certos cuidados, a área onde o esgoto tratado é lançado pode sofrer algum tipo de desequilíbrio ecológico. “Essa região sempre acaba tendo um impacto ambiental, principalmente no fundo do mar, onde é feita a descarga. Se não ocorrer uma diluição correta, o nível de oxigênio da água pode baixar e afetar pequenos vegetais e animais que vivem em suspensão na água do mar”, diz o engenheiro Edward Brambilla, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Por isso, antes de instalar um emissário submarino, a empresa de saneamento responsável pela cidade precisar fazer uma série de estudos sobre a região, analisando desde o tamanho da população local até o comportamento das correntes marítimas da área. Também é necessário obter uma licença de órgãos governamentais que cuidam de questões ecológicas. “Os projetos devem atender às resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)”, afirma a bióloga Claudia Lamparelli, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), de São Paulo. Como cada região tem características próprias, o comprimento e a profundidade dos emissários submarinos variam muito. O de Ilhabela (SP), por exemplo, tem 250 metros de comprimento, contra os mais de 4 quilômetros dos emissários de Santos (SP) e da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Existem cerca de 20 emissários submarinos em todo o Brasil.

Operação praia limpa
Esgoto pré-tratado em terra é lançado no mar a vários quilômetros da praia

1. A estrutura que envolve um emissário submarino começa com a coleta do esgoto domiciliar de uma cidade litorânea. Essa sujeirada toda é recolhida e bombeada para uma estação de pré-condicionamento (EPC), onde será feito um tratamento preliminar do esgoto num ritmo impressionante de 3 500 litros por segundo

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2. Na EPC são três etapas de limpeza. Primeiro, o esgoto passa por grades que retêm garrafas plásticas de refrigerantes, pedaços de madeira etc. Depois, um conjunto de peneiras remove resíduos mais finos — por elas não passam partículas com tamanho maior que 1,5 milímetro. Por último, caixas de areia filtram substâncias como óleos e graxas

3. Antes de seguir para a tubulação do emissário, o esgoto pré-tratado ainda passa por uma etapa de desinfecção. A aguaceira toda segue se movimentando por tanques onde recebe aplicações de cloro. Assim, são eliminados de 98% a 99% do total de coliformes fecais que estavam no esgoto recolhido

4. A tubulação do emissário capta o esgoto tratado pela EPC e segue por debaixo da terra. Ao chegar à praia, um aterro pode ajudar a proteger a tubulação enterrada. Esse aterro às vezes se estende mar adentro. Em Santos (SP), por exemplo, ele avança 500 metros no mar e virou uma área de lazer

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5. Terminado o aterro, o emissário ainda se estende por uma longa distância — em Santos são mais 4,5 quilômetros. A tubulação de aço tem 1,75 metro de diâmetro e é fixada no solo oceânico com anéis de concreto, em profundidades que atingem até 15 metros

6. Nos últimos metros do emissário ficam os difusores, furos por onde o esgoto é lançado na água do mar. A região onde estão os difusores se chama zona de mistura e é monitorada constantemente para ver se o emissário não está provocando algum impacto ambiental

7. O esgoto lançado é chamado de pluma. Após alguns segundos em contato com a água do mar a concentração dele é reduzida na ordem de 100 vezes. Caso a pluma não esteja diluída o bastante quando chegar a 300 metros da praia, é necessário melhorar o tratamento do esgoto ou aumentar o comprimento do emissário

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