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Como foi o cerco ao Palácio de Inverno durante a Revolução Russa?

A investida contra o símbolo do czarismo consolidou os bolcheviques no poder. Foi um dia tenso: confira o que aconteceu a cada hora

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h08 - Publicado em 4 jan 2018, 15h04

Como foi o cerco ao Palácio de Inverno durante a Revolução Russa?

 

 

 

ILUSTRAS Filipe Campoi

Foi uma revolta popular que consolidou os líderes Leon Trotski e Vladimir Lenin no poder, em 25 de outubro de 1917. (Na verdade, essa era a data apenas na Rússia, que seguia o calendário juliano. No resto do Ocidente, que usava o calendário gregoriano, o correto era 7 de novembro).

A Revolução Russa havia sido motivada pela crise política e econômica do país, que passava fome e estava sendo humilhado pela Alemanha na 1ª Guerra Mundial. Em fevereiro, os antigos moradores do palácio, a família imperial, já haviam sido expulsos. O czar Nicolau 2º estava preso.

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Desde então, o prédio em Petrogrado (atual São Petersburgo) era ocupado pelo Governo Provisório, um subgrupo moderado de socialistas conservadores conhecido como mencheviques. Eles eram liderados por Alexandre Kerensky. O cerco em outubro foi organizado por uma ala mais radical – os bolcheviques, alinhados com Trotski e Lenin. A ação terminou em menos de 16 horas, sem nenhum morto e nenhum ferido. Mas, depois, os bolcheviques ainda enfrentaram uma guerra civil de quatro anos. Venceram e ficaram no poder até 1992.

Confira os principais momentos desse ataque:

9h40
No dia anterior, sob a coordenação de Lenin, que estava na sede do Partido Comunista da cidade, os bolcheviques já tinham tomado as linhas de telefone e telégrafo e fechado os acessos por terra e rio. Na manhã de 25 de outubro, 20 mil pessoas cercaram o palácio para pedir a rendição do Governo Provisório. Lá, havia 3 mil pessoas, a maioria funcionários civis.

Como foi o cerco ao Palácio de Inverno durante a Revolução Russa?

12h
Alexandre Kerensky, líder do Governo Provisório, colocou funcionários armados nas janelas frontais. Também manteve em alerta um batalhão de200 mulheres, que ergueu uma barricada na frente do palácio. Mas, ao meio-dia, a pretexto de buscar reforços, Kerensky escapou pelos fundos, emprestou um carro da embaixada dos EUA e deixou a cidade. Foi viver no exílio.

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Como foi o cerco ao Palácio de Inverno durante a Revolução Russa?

14h
Um grupo de 5 mil marinheiros chegou ao porto de São Petersburgo e aderiu ao cerco. Nessa frota estava o navio Aurora, que se posicionou no rio Neva, com canhões voltados para o Palácio de Inverno. O aviso era claro: a partir daquele momento, o prédio, com seus 1.057 cômodos distribuídos numa área de 60 mil m2, poderia ser facilmente destruído.

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15h
O edifício era protegido pela Fortaleza de São Pedro e São Paulo, que ficava em frente. Nesse horário, os militares que ocupavam a fortaleza também aderiram aos bolcheviques e apontaram os canhões contra a sede do governo. Foi quando os civis e os militares que estavam dentro do edifício começaram a tentar fugir. Alguns até conseguiram, ao longo da tarde.

Como foi o cerco ao Palácio de Inverno durante a Revolução Russa?

18h15
Um grupo de 200 soldados saiu pelos fundos, em disparada. Ninguém os impediu. Às 19h, os últimos integrantes do Governo Provisório realizaram, no Salão Malaquita, a última reunião ministerial. Depois, juntaram o resto da comida e jantaram. Continuavam decididos a resistir. Às 21h, para aumentar a pressão, o navio Aurora disparou. Atingiu um salão vazio.

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Como foi o cerco ao Palácio de Inverno durante a Revolução Russa?

2h10
Nas últimas horas, alguns grupos de bolcheviques já tinham conseguido entrar e jogar granadas nos corredores. Os ministros ficaram escondidos em quartos, até que centenas de rebeldes entraram de uma só vez. Detidos, os derrotados foram colocados na Fortaleza. O palácio foi revirado e vários símbolos do czarismo, como quadros e lustres de cristal, foram destruídos.

FONTES Livros Dez Dias Que Abalaram o Mundo, de John Reed, Year One of the Russian Revolution, de Victor Serge, e Towards the Flame: Empire, War and the End of Tsarist Russia, de Dominic Lieven

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