Era assustadora. Barcos com até três andares repletos de armamentos deslizavam na água e bombardeavam os inimigos sem clemência. Uma a uma, as embarcações afundavam. Os principais trunfos das potências da época eram os canhões e os navios a vela, além das novas táticas de combate. A partir do século 17, esses três fatores revolucionaram o combate marítimo. Antes disso, as batalhas eram sempre próximas à costa e só ocorriam quando um povo precisava se defender de alguma ameaça vinda do mar. Como os navios de combate ainda não contavam com a ajuda das velas, quase todos dependiam dos remos para se locomover, o que limitava muito o alcance da frota. A principal arma era um esporão com ponta de metal que era fincado nos navios inimigos para que as embarcações se aproximassem e os tripulantes passassem de uma para outra, iniciando o combate corpo a corpo. “Os barcos a vela ficaram sujeitos ao vento, mas beneficiaram-se da capacidade de carregar armamento pesado e ampliaram sua possibilidade de aventurar-se pelo mar”, afirma o historiador militar Wayne Hughes Jr., da Escola de Pós-Graduação Naval em Monterrey, Califórnia (EUA). O rei inglês Henrique VIII foi o primeiro governante a formar sua marinha de guerra, ainda no século 16, e elevou seu país à condição de potência militar. Durante as Guerras Anglo-Holandesas (1652-1674), ocorreram as primeiras grandes batalhas entre navios com canhões, movidos exclusivamente por velas.
Fila ordenada
A escola formalista exigia disciplina na organização da esquadra, que devia ficar alinhada durante a batalha
Cada um por si
Na escola meleísta (do francês mêlée, que significa “confusão”), cada capitão podia dar combate ao inimigo como desejasse
SALVE-SE QUEM PUDER
Não havia a preocupação de resgatar ou aprisionar os náufragos dos navios afundados. Isso fazia com que os sobreviventes vagassem durante vários dias, flutuando agarrados a barris ou pedaços de madeira até serem salvos por algum barco que, por acaso, cruzasse seu trajeto
ARRANHA-CÉUS DOS MARES
Na primeira metade do século 17, os barcos ingleses começaram a instalar canhões em vários andares do mesmo navio. O ideal, para os estrategistas da época, era rechear três andares com as armas. As mais pesadas ficavam embaixo, para não comprometer a estabilidade da embarcação
À QUEIMA-ROUPA
Os canhões, em geral, tinham alcance de cerca de 300 metros, mas relatos indicam que algumas batalhas eram travadas a distâncias menores. Os barcos atiravam num ritmo que dependia da habilidade da tripulação, ficando em torno de um tiro por canhão a cada 5 a 10 minutos
DE VENTO EM POPA
Um navio a vela com vários mastros era difícil de manobrar, mas transportava mais canhões e era mais rápido que seus equivalentes movidos a remo, desde que o vento ajudasse e seu capitão soubesse aproveitá-lo
ARTILHARIA PESADA
Cada navio podia ter de seis a mais de cem canhões. Uma fragata com dois andares geralmente vencia uma corveta, com apenas um andar, e um galeão com três andares superava qualquer embarcação menor
Na Livraria:
Naval Warfare in the Age of Sail – Brian Turnstall e Nicholas Tracy, Book Sales Publishing, 2001
Seamanship in the Age of Sail – John Harland, Naval Inst. Press, 1984
Na Internet: