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Como é uma morte por overdose?

Não há uma causa única, já que cada droga provoca uma reação diferente. Entenda quais são os principais tipos e como o corpo reage a cada uma delas.

Por Carolina Canossa
Atualizado em 12 abr 2024, 14h59 - Publicado em 20 set 2018, 18h13

Tecnicamente, a overdose não mata. O que pode tirar a vida de alguém é o que ela causa – e isso varia bastante. Por seu impacto no corpo, podemos dividir as drogas, ilegais ou não, em dois grupos: depressoras (ou sedativas) e estimulantes.

Elas possuem efeitos opostos – mas igualmente perigosos – que variam de intensidade de acordo com a quantidade ingerida, o organismo do usuário, o grau de mistura com outras drogas, entre outros fatores. Ao entrar no corpo, a substância se dirige ao cérebro, onde se liga a receptores nos neurônios que provocam sensações como prazer e tranquilidade. Cada tipo de tóxico ativa receptores específicos. “É como se a droga fosse a chave e o receptor, a fechadura dela”, diz o neurologista Fabio Porto, do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Mesmo quem sobrevive à overdose pode levar sequelas para sempre, uma vez que o cérebro foi lesionado. Entre elas estão alterações cognitivas (distúrbio de atenção e de memória), motoras (fraqueza de um lado do corpo ou falta de coordenação para movimentos de precisão), além de epilepsia. Quadros depressivos também tendem a aumentar, o que pode levar a tentativas de suicídio.

Legenda
Legendas para os casos a seguir (Zé Otávio/Mundo Estranho)

Overdose de sedativos

Sedativos
Drogas sedativas (Zé Otávio/Mundo Estranho)

O corpo do usuário de sedativos e opioides praticamente desliga, o que muitas vezes faz com que ele pare de respirar e morra. A pessoa também fica suscetível a traumas fatais causados por quedas, uma vez que o corpo possui um mecanismo de defesa que busca a posição horizontal quando não tem oxigenação suficiente.

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Outro risco característico desses tipos de drogas é a asfixia, que ocorre quando o estômago, irritado pela substância estranha, provoca o vômito. O problema é que o corpo não tem força para expelir o líquido, que pode descer pela laringe e inundar os pulmões, afogando a vítima.

Overdose de opioides

Opióide
Overdose de opioides (Zé Otávio/Mundo Estranho)

Usuários de opioides aumentam o nível de tolerância conforme tomam as drogas. Isso causa maior dependência, e o indivíduo precisa de doses cada vez maiores. Há relatos de pessoas que sofreram dezenas de overdoses dessas substâncias antes de chegarem a um estado irreversível. Mas há quem morra já na primeira overdose.

Em 2016, 53.332 pessoas morreram de overdose de opioides nos EUA. É muito mais do que as mortes causadas por cocaína (10.119) ou metanfetaminas (7.663). A epidemia começou no fim dos anos 1990 graças a uma jogada de marketing da indústria farmacêutica, que passou a comercializar opioides potentes para pessoas que sofriam de dores crônicas. Laboratórios como o Purdue alegavam, erroneamente, que só 1% das pessoas ficavam viciadas nesses remédios, até então usados, por exemplo, para minimizar o sofrimento de pacientes terminais de câncer. Apesar de não haver dados oficiais no Brasil, médicos têm observado um número maior de atendimentos por overdose de opioides por aqui.

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Overdose de estimulantes

Estimulantes
Overdose de estimulantes (Zé Otávio/Mundo Estranho)

Overdose misturada

A mistura de drogas de grupos diferentes potencializa os efeitos da overdose. A cantora Elis Regina morreu em 1982 ao misturar tranquilizantes (sedativos), álcool e cocaína (estimulante). Outra cantora, Whitney Houston, em 2012, se afogou na banheira após uma overdose de remédios sedativos, cocaína e maconha – droga que tem propriedades sedativas, estimulantes e alucinógenas. Mesmo pessoas jovens e saudáveis podem sofrer infartos ou AVCs em uma overdose de estimulantes.

Drogas psicodélicas

Substâncias alucinógenas, como LSD, cogumelos e ecstasy (e sua forma mais pura, o MDMA), em geral não provocam overdose, mas têm risco de levar à morte por causa da alteração na percepção da realidade. Crises paranoicas que fazem a pessoa saltar de grandes alturas ou atravessar ruas movimentadas, por exemplo.

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PERGUNTA DA LEITORA Sharon Castanheira, Aracaju, SE
ILUSTRAÇÃO Zé Otávio
EDIÇÃO Felipe van Deursen
CONSULTORIA Carolina Hanna e Eduardo Gouvea, médicos do Núcleo de Álcool e Drogas (NAD) do Hospital Sírio-Libanês (São Paulo, SP), e Luiz Scocca,  psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da Associação Americana de Psiquiatria (APA)

FONTES El País, DrugAbuse.gov, Folha de São Paulo, G1 e Vice.

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