Os participantes precisam engolir a maior quantidade possível de comida em um determinado tempo, que geralmente varia de oito a 15 minutos. As competições contam com mestre de cerimônias, juízes e, se forem regulamentadas por organizações como a Ifoce (sigla em inglês para Federação Internacional de Concursos de Comilança), até com equipe médica. Afinal, não se trata de uma prática muito saudável: numa única disputa, um atleta pode ingerir até cinco vezes a necessidade calórica apropriada. Outros riscos são engasgo, ruptura do estômago, diabetes, refluxo e hiponatremia (diluição do sangue, pelo excesso de ingestão de água).
Goela abaixo
Não basta ter fome: participantes usam todo tipo de técnica
Segura o vômito!
As regras variam. Alguns campeonatos permitem partir o alimento em pedaços ou beber água enquanto se come. Outros aceitam até molhar a comida para torná-la mais fácil de “escorregar” pelo esôfago ou enfiar um monte de gororoba na boca nos segundos finais. As proibições mais comuns: não se pode ter menos de 18 anos nem vomitar durante o desafio
Concentração zen
Pela lógica, o ideal seria não comer nada no dia do torneio, certo? Errado. Jejuar pode ter o efeito reverso: contrair as paredes do estômago. Os atletas costumam fazer apenas refeições leves, com pouco líquido. Também é preciso treinar a respiração. Só assim eles conseguem inspirar e expirar pelo nariz, deixando a boca para comer!
Estômago malhado
Para comer rápido e muito, a estratégia é alargar o estômago. Um dos “treinos” envolve beber muita água – alguns malucos bebem 3 litros em 30 segundos! As refeições sólidas costumam ser poucas e fartas, o que não é nada saudável. E cultivar a pança é proibido: muitos praticam esportes para eliminar a gordura, que atrapalha a expansão do estômago
Do lado de cá
O Brasil não tem competições oficiais, mas há concursos amadores, como o de ovos em Terenos (MS), e o de carne de bode em Cocal de Telha (PI). Algumas lanchonetes promovem seus próprios eventos: o da Hamburgueria 162, em São Paulo, é inspirado nos campeonatos da Ifoce. O vencedor de 2013 comeu sete hambúrgueres em dez minutos!
Que lambança!
Coordenação motora é essencial para otimizar o processo de comer e beber água. Pior são os torneios de torta, em que não se podem usar as mãos. Em alguns casos, vale fixar o prato na mesa com velcro e mergulhar o rosto na sobremesa sem dó: ela grudará no cabelo e na face, diminuindo a quantidade que sobra no prato, que é o critério de vitória
Rocambole de pizza
Também há técnicas específicas para diferentes tipos de comida. Comedores de hot dog partem a salsicha no meio, engolindo as duas metades. Pizzas são enroladas para o queijo não “grudar” no esôfago. Randy Santel, campeão de alguns eventos desse tipo, recomenda sempre comer a proteína antes do carboidrato
Nem todo torneio é com comidas saborosas. Tem gente que disputa quem come mais urtiga, pimentas jalapeño e até cérebro de porco
Já houve mortes por engasgo em concursos de pão recheado, em Taiwan, de torta apimentada, na Austrália, e até de baratas, nos EUA
Alguns comilões mascam chicletes para fortalecer a mandíbula
Perdeu, Magali!
Atuais recordistas de comilança
Batatas fritas
2 kg em 6 minutos, por Cookie Jarvis
Almôndegas
4,6 kg em 12 minutos, por Sonya Thomas
Ovos cozidos
141 unidades em 8 minutos, por Joey Chestnut
Pizzas grandes
7,5 unidades em 15 minutos, por Richard LaFevre
Cachorros-quentes
69 unidades em 10 minutos, por Joey Chestnut
FONTES Sites ifoce.com, wloce.com, Competitive Eaters, Fox Sports, Daily Mail, The Guardian e G1
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