De uma forma bem simples: os biólogos retiram amostras da água do mar, contam o número de bactérias fecais no líquido e determinam se a praia está segura para um mergulho. Pode parecer nojento, mas examinar os microorganismos que sobrevivem no nosso cocô é a melhor maneira de dizer se a água de uma praia está poluída a ponto de prejudicar a saúde dos banhistas. Geralmente, os germes que servem de base para essas medições são coliformes, bactérias do gênero Enterococcus ou a bactéria Escherichia coli. Esses três tipos de microorganismos não causam doenças, mas, por serem comuns nas fezes humanas, são fáceis de identificar em testes e costumam ter ciclos de vida parecidos aos dos microorganismos nocivos que podem surgir no esgoto. Um detalhe importante é que a avaliação da qualidade das praias leva em conta o resultado de cinco medições semanais.
Se a quantidade de bactérias fecais superar o limite em pelo menos duas medições, a praia é declarada imprópria (veja detalhes no infográfico). “Isso quer dizer que a classificação das águas do litoral indica uma tendência para a praia, e não um resultado instantâneo”, afirma a bióloga Cláudia Lamparelli, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), entidade que monitora as condições das praias paulistas. Uma praia também pode ser considerada imprópria em outras situações especiais, como em derramamentos de petróleo e contaminações por algas tóxicas, por exemplo. Quem arrisca um mergulho numa praia emporcalhada pode pegar uma série de doenças, principalmente se engolir um pouco de água. O problema mais freqüente é a gastroenterite, que causa febre, vômitos e diarréias.
Para evitar essa dor de cabeça, confira na imprensa ou nos órgãos ambientais de cada estado a saúde da sua praia e respeite duas dicas: primeiro, fuja dos banhos próximos aos rios que deságuam na praia. Só para dar uma idéia, 80% dos cursos dágua de São Paulo recebem esgotos não tratados. Segundo, não entre no mar até 24 horas depois de um temporal, porque a enxurrada lava o solo urbano e carrega todo tipo de sujeira para a água.
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SUPERPOPULAÇÃO NA MIRA
Em geral, os órgãos estaduais avaliam apenas as praias com alguma suspeita de poluição lugares desertos ou sem rios sujos, por exemplo, têm risco zero e não entram na lista. O alvo principal são as praias urbanas: as maiores têm mais de um ponto de coleta, e as mais cheias costumam ser avaliadas constantemente durante as férias
PERIGO NA AREIA
Na areia, a poluição não se distribui uniformemente como no mar uma área batizada por um cachorro, por exemplo, é muito mais perigosa. De concreto, os biólogos sabem que os poluentes mais comuns são as bactérias fecais, as mesmas que aparecem na água. Normalmente, a areia fofa e seca é mais suja que a areia dura próxima ao mar, região lavada pela água
INIMIGOS FRÁGEIS
Vírus e bactérias nocivos que aparecem no esgoto têm vida curta no mar. Por causa da água fria, da salinidade e da ação do Sol, esses microorganismos sobrevivem no máximo por oito horas no oceano. É pouco, mas se o ambiente estiver repleto de germes, pode ser o suficiente para “premiar” o banhista com uma desagradável diarréia, ou mesmo uma doença grave, como hepatite, por exemplo
1. O primeiro passo para medir a qualidade da água de uma praia é definir um local para coletar as amostras de líquido. Para conseguir uma avaliação precisa, biólogos visitam as praias todo domingo, o dia em que elas estão mais cheias, e fazem a coleta no ponto mais procurado para os banhos
2. Com o ponto de coleta definido, um técnico entra no mar e retira um frasco com 250 mililitros de água. Geralmente, a coleta é feita a 1 metro de profundidade, região em que a água fica mais ou menos na cintura de um adulto. Essa é a área que a maior parte das pessoas escolhe para se refrescar
3. Da praia, os frascos dágua seguem direto para a análise. No laboratório, os biólogos vão usar nutrientes para fazer crescer os microorganismos presentes na água. Depois de 22 a 26 horas, eles contam a quantidade de bactérias fecais que aparecem na cultura. Em geral, o teste é realizado com coliformes fecais, a bactéria mais freqüente no esgoto. A quantidade total desses germes é que determina a “nota” final de uma praia: quanto menos coliformes, melhor!
4. A etapa final é a divulgação dos resultados, enviados para a imprensa e indicados em cada praia com bandeiras nos pontos de coleta. A classificação leva em conta cinco medições semanais: nesse período, se forem encontrados mais que 1 000 coliformes a cada 100 mililitros de água em pelo menos dois exames, a praia é considerada imprópria