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Como é a vida nas maiores altitudes e profundidades da Terra?

Por Rodrigo Ratier
Atualizado em 22 fev 2024, 11h05 - Publicado em 18 abr 2011, 18h52

A vida floresce do topo dos 8 850 metros do monte Everest aos 11 034 metros do abismo submarino na fossa das Marianas, no oceano Pacífico. Mas nos limites dessa zona só resistem seres que vivem quase sem alimento, submetidos a pressões enormes ou muito baixas, e adaptados ao frio ou calor extremos. Conheça alguns desses campeões. me

Resistência total Bactérias são as únicas criaturas encontradas do alto do Everest às profundezas do Pacífico

SALTO CONGELANTE

A 31 300 metros, o oxigênio é escasso e a temperatura bate em -55 ºC. Só as bactérias sobrevivem, mas o homem já chegou lá: usando uma roupa especial contra o frio e respirando por um cilindro de ar, o americano Joe Kittinger Jr. pulou de um balão, obtendo o recorde de salto com pára-quedas, em 1960

PRESSÃO ARTIFICIAL

Conforme aumenta a altitude, a pressão atmosférica cai e o ar fica rarefeito. Como o ser humano só vive até 4 mil metros sem equipamentos, os aviões que voam a cerca de 11 mil metros usam um fluxo de ar comprimido, simulando um ambiente com uma altitude de 1 500 metros dentro da cabine

VÔO EXTREMO

Entre as aves, um dos campeões de altura é o ganso selvagem, que voa a 9 mil metros. Além dele, insetos cujo corpo contém glicerol — componente que impede que o organismo congele — vivem acima dos 6 mil metros

SONECA GELADA

No ponto mais alto do planeta, o cume do monte Everest, a 8 850 metros de altitude, foram encontradas colônias de bactérias capazes de viver abaixo de 0 ºC. Para esses microscópicos habitantes solitários, o segredo para suportar o frio do topo do mundo é entrar em estado de dormência quando a temperatura cai muito

ALTAS ADAPTAÇÕES

A cada 100 metros de subida, a temperatura cai pelo menos 0,5 ºC. Por isso, a fauna alpina precisa se preparar para o frio: o iaque selvagem, por exemplo, possui uma grossa camada de gordura e de pêlos para passar o verão a 6 mil metros de altitude nas montanhas da Ásia. Outros mamíferos, como a lhama e a cabra-das-neves, possuem patas antiderrapantes para andar no gelo

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MATA ESCASSA

A vegetação distribui-se em faixas de acordo com a altitude e a temperatura. Geralmente, as florestas crescem do sopé até os 600 metros. Daí para cima, as plantas diminuem de tamanho até desaparecerem – no Himalaia, por exemplo, elas somem a 5 400 metros de altitude. Após esse patamar, o vegetal que sobrevive é o líquen, que cresce nas rochas e faz fotossíntese a 0 ºC

MERGULHO FATAL

O maior inimigo dos mergulhos é a pressão do mar. Ela cresce com a profundidade, comprimindo os pulmões e reduzindo os batimentos cardíacos. Com tubos de oxigênio, um mergulhador chega a 440 metros. Sem equipamentos, atinge 170 metros. A campeã, a francesa Audrey Mestre, morreu em 2002 ao tentar superar seu recorde

LUZ VITAL

O Sol é a fonte de energia primordial para a vida na Terra. Plantas, algas e algumas bactérias fazem fotossíntese, utilizando os raios solares para converter água e gás carbônico em energia. Assim, eles se desenvolvem e servem de alimento para os animais, dos insetos ao ser humano

MULTIDÃO MARÍTIMA

Boa parte da vida nos mares habita a faixa de assoalho oceânico mais próxima da terra firme, com menos de mil metros de profundidade e largura média de 70 quilômetros. A grande concentração de nutrientes atrai mamíferos, peixes, crustáceos e quase todos os grupos do reino animal para essa região

FERVURA FÉRTIL

Nas fontes hidrotermais, a lava vulcânica subterrânea aquece a água e alimenta bactérias como a Pyrolubus fumarii. Esse ser vivo, encontrado a 3 650 metros da superfície, sobrevive a 118 ºC e é o início de uma cadeia alimentar com mais de 370 espécies

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ESCURIDÃO ETERNA

A vida nas profundezas é uma noite fria infinita, pois o sol não passa de 300 metros de profundidade e os termômetros marcam 2 ºC. Mas algumas espécies se adaptaram a essas condições: o peixe-pescador, que vive a até 6 mil metros, atrai seu almoço com uma isca luminosa. Outros seres, como o peixe-víbora e o peixe dente-de-cão, têm dentes enormes para devorar suas presas

RECORDE SUBMARINO

O ser humano chegou uma única vez bem perto do ponto mais profundo dos mares, a fossa das Marianas, no oceano Pacífico. Em 1960, os exploradores Jacques Piccard e Don Walsh atingiram 10 912 metros a bordo do submarino Trieste. Hoje, só submersíveis como o Nautile, da França, e o Shinkai, do Japão, passam dos 6 mil metros

ERMITÃO DAS PROFUNDEZAS

Na fossa das Marianas, onde a pressão 1 100 vezes maior do que ao nível do mar, sobrevivem pepinos-do-mar, mini-crustáceos e bactérias como as Pseudomonas, mas nenhum peixe foi encontrado. Até agora, o ermitão das profundezas é o Abyssobrotula galatheae, um peixe visto a 8 370 metros, no oceano Atlântico

ESTÔMAGO DE PEDRA

No subsolo da terra firme, uma pequena faixa com cerca de 10 metros de extensão reúne a maior parte da matéria orgânica, concentrando insetos, roedores e outros animais subterrâneos. Mas há vida abaixo das várias camadas rochosas: cientistas já encontraram colônias de bactérias sobrevivendo a mais de 3 mil metros de profundidade. Tudo indica que elas se alimentam de elementos inorgânicos presentes nas rochas

Mergulhe nessa

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Na Livraria:

Life on the Egde – Amazing Creatures Thriving in Extreme Environments, Michael Gross, Perseus Publishing, 2001

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