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Como é a anatomia do mosquito da dengue?

Ele tem olhos e glândulas salivares especiais para detectar humanos e uma picada imperceptível - ou seja, é um agente de infecção perfeito

Por Lucas Massao
Atualizado em 22 fev 2024, 10h26 - Publicado em 26 abr 2016, 14h07

dengue 1 dengue 1ILUSTRAS: Erika Onodera

Ele tem olhos e glândulas salivares especiais para detectar humanos e uma picada imperceptível – ou seja, é um agente de infecção perfeito. Tanto que o Aedes aegypti transmite febre amarela, dengue, zika e chikungunya (e pode carregar os vírus das três últimas e contagiar uma pessoa com todos ao mesmo tempo). Ele vive 30 dias quando adulto, o suficiente para contagiar cerca de 300 pessoas. Apenas a fêmea pica, pois precisa do sangue para nutrir os ovos – o macho se alimenta da seiva de frutas. Os ovos aguentam até 400 dias sem contato com água e as larvas demoram apenas uma semana para atingirem a fase adulta, estando, então, aptas a sair picando gente por aí.

1) CERDAS

Com elas, os machos detectam a vibração das asas das fêmeas, localizando possíveis parceiras. Para as fêmeas, as cerdas possuem função tátil: ajudam o animal a sentir a pele humana e ver se ela é própria para a picada (livre de pelos e lisa)

2) PALPOS

Ajudam o Aedes a manter o equilíbrio na hora de pousar e criam estabilidade na hora de inserir a probóscide. São divididos em cinco segmentos e permitem diferenciar os machos das fêmeas, já que os primeiros possuem palpos maiores

3) PROBÓSCIDE

dengue 3 dengue 3

É a tromba que contém a mandíbula, a traqueia e outras partes. A fêmea a utiliza para penetrar a pele em busca de sangue. Possui dois canais: a hipofaringe insere a saliva (contaminada com os vírus) e o labro suga o sangue

SALIVA

Na hora do ataque, o Aedes injeta na vítima sua saliva, a qual contém substâncias anticoagulantes (para manter o fluxo constante de sangue) e anestésicas (para bloquear momentaneamente a sensação de dor). Por isso só sentimos a picada bem depois

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PAPILAS GUSTATIVAS

Após identificar possíveis alvos, o Aedes se guia pelos odores emitidos pelo corpo humano e pelo CO2 liberado na respiração. Esses componentes são detectados pelas papilas gustativas, localizadas próximas à probóscide

4) ASAS

As asas são recobertas por escamas escuras. As fêmeas atingem uma frequência de 400 batidas por segundo, enquanto os machos podem chegar a 600 batidas. O som do voo, no entanto, é praticamente inaudível para nós

5) MANCHAS BRANCAS

Marcas típicas do Aedes aegypti, as manchinhas brancas (que, na verdade, são pequenas escamas) estão espalhadas por todo o corpo, mas não possuem nenhum papel importante na vida do inseto

OLHOS

dengue 2 dengue 2

São compostos de até 492 omatídeos, “lentes” minúsculas e extremamente sensíveis à luz. Por meio delas, o Aedes possui um campo de visão de 225°, o que é essencial para o primeiro passo de sua caça: a percepção de nossa silhueta no ambiente

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OVOS

O Aedes aegypti bota os ovos nas paredes dos criadouros (qualquer reservatório com água parada e limpa). Eles são colocados bem próximos à lâmina d’água e aguardam a próxima chuva para eclodirem. Têm 1 mm de comprimento

dengue 7 copy dengue 7 copy1) Ovos – Levam de 2 dias a vários meses para eclodirem, dependendo do clima

2) Larva – Vira pupa em cerca de 5 dias

3) Pupa – 2 a 3 dias para virar adulta

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4) Adulto – Vive por cerca de 30 dias

A PICADA

dengue 4 dengue 41) Na picada, um par de maxilares perfura a pele com movimentos para cima e para baixo, como uma serra

2) Quando o vaso sanguíneo é alcançado, o movimento para. A hipofaringe injeta a saliva

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3) O sangue é então sugado, passando pelo labro até o estômago do mosquito

MACHO E FÊMEA

Saiba diferenciar. As fêmeas são maiores e apenas elas picam

dengue 5 dengue 5

FONTES Artigos Ultrastructural variations in the anal papillae of Aedes aegypti (L.) at different environmental salinities, de Rajindar Sohal e Eugene Copeland, Aquaporin homologs and water transport in the anal papillae of the larval mosquito, Aedes aegypti, de Jesmilavathani Marusalin, Brieanne Matier, Mark Rheault e Andrew Donini, livro Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil, de Rotraut Consoli e Ricardo Oliveira

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CONSULTORIA Carlos Fernando Andrade, professor do Instituto de Biologia da Unicamp

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