São milhares de quilômetros de poeira, lama, sol, chuva e todas intempéries e obstáculos naturais que você possa imaginar. Longe do glamour de uma corrida de Fórmula 1, os competidores de um rali precisam estar preparados para tudo: desde trocar um pneu até pular de barrancos com mais de 20 metros de altura. “Disputar um rali é desafiar a competência e os limites do ser humano”, diz o piloto brasileiro Klever Kolberg, membro da equipe Petrobras Lubrax e dono de dezenas de títulos nacionais e internacionais.
Quem já experimentou a emoção de dirigir nessas duras condições garante: é apaixonante.
E só mesmo a paixão pela aventura explica o sucesso de provas arriscadas como o rali Paris-Dacar, que este mês realiza a sua 26a edição. Criado em 1978 pelo piloto francês Thierry Sabine, a mais famosa prova do esporte reúne centenas de veículos, entre carros, motos e caminhões. Este ano, a competição atravessa cinco países africanos e o percurso total passa de 11 mil quilômetros. Ao lado de outros pilotos brasileiros, Kolberg estará enfrentando essa maratona em busca de mais um título, pois já foi campeão de uma categoria de moto do Paris-Dacar em 1993.
Em um rali como esse, chamado de cross country, os percursos, cheios de obstáculos e variações topográficas, só são conhecidos na véspera. Ganha quem finalizar o trajeto na menor média de tempo. “Mas há ainda ralis de velocidade, realizados em percursos conhecidos com antecedência, e os de regularidade, em que o desafio é encontrar o caminho certo mantendo a média de velocidade exigida”, diz a piloto Luciana Bragante, que disputa provas no Brasil pela equipe Penélopes Rally Team.
Para os iniciantes, a dica é começar disputando as corridas de regularidade, mais seguras. Mas antes é preciso estar disposto a colocar a mão no bolso ou arranjar um bom patrocínio. Para se ter uma idéia, uma aventura no Paris-Dacar não sai por menos de 100 mil dólares!
NA INTERNET:
TUDO SOB CONTROLE
O painel de um carro de rali tem vários instrumentos. Um GPS (veja como o aparelho funciona na seção Tecnologia) indica a posição exata do carro, evitando que o competidor se perca. Um computador de navegação controla o percurso e a quilometragem percorrida. Também é importante ficar de olho nos indicadores do óleo, da tração 4×4 e da velocidade
FAZENDO ÁGUA
Para cruzar rios fundos e estreitos, tome distância e entre com velocidade, para sair “lançado”. Numa prova de rali, se o rio for largo, não deve ser profundo. Para descobrir o caminho certo, observe por onde sai a trilha de outros carros e siga nessa direção, devagar, mas sem parar de acelerar. Outra possibilidade é esperar um veículo arriscar a travessia e depois segui-lo
NO MAR DE LAMA
Em pisos muito lisos, como lamaçais ou subidas com pedras soltas, o melhor a fazer é engatar a primeira marcha. Se o carro tiver essa opção, engate também a marcha reduzida. Apesar de diminuir a velocidade, tais procedimentos aumentam a força do carro, impedindo que ele patine ou derrape. O mesmo vale para curvas fechadas ou terrenos erodidos
AREIA À FRENTE
Para percorrer sem problemas um trecho de areia, o carro precisa “flutuar” sobre o terreno. E a principal dica para conseguir isso é diminuir a pressão dos pneus em cerca de 30%, o que aumenta a estabilidade e evita que o veículo atole. Jogar com a calibragem, por sinal, é um macete dos mais experientes. Pisos fofos, pouca pressão. Nos firmes, pressão turbinada
DECOLAGEM CONTROLADA
Diante de um barranco tipo rampa, diminua a velocidade, mantenha a calma e verifique a altura, o tipo de solo e por onde segue a trilha. “Perder tempo é relativo. Antes de tudo é preciso chegar”, diz a piloto de rali Luciana Bragante. Na hora da “aterrissagem”, tire o pé do acelerador e mantenha a direção reta
REFORÇO NA SEGURANÇA
Para aumentar a proteção aos competidores, os carros têm uma “gaiola de ferro” que reforça a estrutura interna. Os bancos também são diferentes, pois envolvem o corpo da pessoa, que fica protegida por um cinto de segurança com quatro ou cinco pontas. Por precaução, o veículo ainda leva muitas ferramentas e quatro estepes – tudo bem amarrado
CÉREBRO DA EQUIPE
Além do piloto, no carro vai também um navegador. Ele monitora o painel e leva uma planilha que indica, entre outras coisas, o percurso a seguir, os obstáculos à frente e os pontos de fiscalização. Com essas informações, o navegador instrui o piloto, apontando desde uma pedra no caminho até a marcha que deve ser usada na próxima curva
VIRA, VIRA, VIRA
Quando o carro ameaça capotar, é preciso controlar os instintos e agir racionalmente. Para garantir a estabilidade, por incrível que pareça, é preciso jogar a direção para o lado que ele está tombando e manter a aceleração. Por sinal, essa dica vale para outras situações: na dúvida, acelere. O freio pode fazer o carro derrapar e o motorista perder o controle de vez