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7 obras de arte brasileiras que não estão no Brasil

Muito além do Abaporu: conheça outros quadros, painéis e esculturas expatriadas.

Por Victor Bianchin
10 nov 2025, 08h05

A arte brasileira é linda, mas nem sempre acessível. Boa parte da produção nacional está fora do País: algumas vezes de propósito, comissionada por governos e entidades estrangeiras, outras por força do acaso, como aconteceu com o Abaporu, de Tarsila do Amaral, arrematado em leilão por um colecionador argentino.

Confira alguns dos exemplos mais ilustres:

1) Busto de Dom Pedro I, de Marc Ferrez

Fotografia do Busto de Dom Pedro I.
(Wikimedia Commons/Reprodução)

Este busto foi esculpido por Marc Ferrez, artista francês radicado no Brasil. Data de 1826, quando o imperador Dom Pedro I tinha 27 anos de idade, portanto quatro anos depois de ele declarar a independência do país. Foi esculpido em gesso primeiro e depois fundido em bronze em Paris.

A obra faz parte do acervo da Biblioteca Oliveira Lima, localizada na Universidade Católica da América, em Washington, EUA. Essa biblioteca, doada pelo diplomata pernambucano Manuel de Oliveira Lima (1867-1928), contém diversos documentos e livros importantes da história do nosso País — é o maior acervo brasileiro no exterior!

A coleção inclui cerca de 40.000 volumes, além de 200.000 páginas de correspondências e aproximadamente 600 obras de arte, como gravuras, mapas e pinturas. Entre os manuscritos mais procurados estão as correspondências de nomes como Machado de Assis, Lima Barreto, Gilberto Freyre e Joaquim Nabuco.

2) Abaporu, de Tarsila do Amaral

Quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral
(MoMA: Museu de Arte Moderna, Nova Iorque/Reprodução)
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Tarsila do Amaral, um dos maiores nomes do modernismo brasileiro, pintou Abaporu em 1928 como um presente para seu então marido, o escritor Oswald de Andrade. Nos anos 1960, quando o casal já havia se separado, ela vendeu o quadro para o colecionador e fundador do MASP, Pietro Maria Bardi.

Bardi revendeu a obra para o colecionador Eric Stickel em 1984, que, por sua vez, a vendeu para o empresário e colecionador Raul Forbes. Em 1995, devido a dificuldades financeiras, Forbes decidiu leiloar a obra na casa de leilões Christie’s, em Nova York.

Quem arrematou foi o empresário argentino Eduardo Costantini, que pagou aproximadamente US$ 1,4 milhão, um valor recorde para uma obra brasileira na época. Ainda assim, uma merreca, pois o quadro é estimado hoje em aproximadamente US$ 18,7 milhões (R$ 100 mi).

Houve muita polêmica: o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado de São Paulo se recusou a liberar documentos para que o quadro saísse do Brasil, porque queria tombá-lo. E Constantini era mais um agregador do que propriamente um apreciador de arte.

Em entrevista da época, ele admitiu não saber muito sobre o modernismo brasileiro. “Eu não sou um estudioso do modernismo, apenas gosto das pinturas latino-americanas feitas a partir de 1910 (…) Não perco tempo comprando bobagens. Quero ter as pinturas mais importantes dos melhores pintores modernistas e latino-americanos”, declarou.

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Também afirmou que “foi bom para o Brasil” o fato de ter sido ele o comprador, porque pretendia mostrar a obra aos brasileiros e a todo o mundo.

Costantini fundou em 2001 o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA), para o qual doou 220 obras de seu próprio acervo. Ali também há obras de Frida Kahlo, Diego Rivera, Remedios Varo e Candido Portinari. O colecionador, atualmente com 79 anos, deixou a presidência do museu em 2020, mas retornou em 2025.

3) Danse populaire brésilienne, de Di Cavalcanti

Quadro Di Cavalcanti (Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, dit).
(Centre Pompidou, MNAM-CCI/Philippe Migeat/Dist. GrandPalaisRmn/Reprodução)

Esta obra de 1937 pode ser, a rigor, considerada francesa, já que Cavalcanti a pintou em Paris, para onde havia se mudado naquele ano. O quadro foi comprado pelo governo francês durante uma exposição na cidade, possivelmente sob influência de figuras importantes da época, como André Dezarrois, que assinou um parecer recomendando a compra da tela. Hoje, faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Paris.

A pintura, influenciada pela obra do amigo Fernand Léger, retrata o cotidiano de mulheres brasileiras. Nessa época (a década de 1930), Cavalcanti estava produzindo vários quadros com cenas populares, tanto rurais quanto urbanas.

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4) Bólides, de Hélio Oiticica

Fotografia do Hélio Oiticica manipulando o trabalho B 11 Bólide caixa 9 (1964).
(Claudio Oiticica/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Reprodução)

O consagrado artista plástico carioca iniciou a série Bólides em 1963. Tratavam-se de caixas de madeira, vidro e plástico contendo materiais variados como água, terra, britas, pigmentos, espelhos, conchas, papéis com poemas, fotografias e outros.

Era arte interativa: Oiticica convidava o público a tocar os Bólides e criar seu próprio sentido da obra a partir da experiência.

Os Bólides estão espalhados por diversas instituições de arte ao redor do Brasil e do mundo (e por isso a inclusão nessa lista). O MoMA, em Nova York, tem o B16; o Met, na mesma cidade, tem o B30; a Tate Modern, em Londres, tem o B11; o Museo Reina Sofía, em Madri, tem o B33 e por aí vai. 

5) A Lua, de Tarsila do Amaral

Quadro Tarsila do Amaral. A Lua . 1928
(MoMA: Museu de Arte Moderna, Nova Iorque/Reprodução)
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Em 2019, o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York anunciou a aquisição definitiva de A Lua, quadro pintado em 1928 por Tarsila. Antes, a obra pertencia a uma coleção privada: estava nas mãos dos Feffer, família fundadora da fábrica de papel Suzano, desde a década de 1950. 

O valor de compra foi sigiloso, mas especula-se algo em torno de US$ 20 milhões (R$ 74 milhões na conversão da época). Se for verdadeiro, o valor faz de Tarsila a artista brasileira com a obra mais cara já vendida, superando Vaso de flores, de Guignard, arrematado em um leilão em 2015 por R$ 5,7 milhões.

A sobrinha-neta e administradora do espólio da artista, que também se chama Tarsila do Amaral, comemorou a venda: “Para a família é fantástico ver esse reconhecimento crescente, com uma tela chegando a valores próximos a de grandes pintores do século 20”, declarou ao jornal O Globo.

6) Babel, de Cildo Meireles

Obra Cildo Meireles Babel (2001).
(Wikimedia Commons/Reprodução)

Babel é uma torre de 5 metros de altura feita inteiramente de rádios empilhados, os quais permanecem sintonizados em estações diversas, com o volume baixo. É uma analogia com a história da Torre de Babel da Bíblia, em que pessoas tentam construir uma torre gigante para alcançar Deus e são punidas pela ousadia, começando a falar línguas diferentes e não mais podendo se entender.

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A obra começou a ser pensada em 1990, mas só foi concluída em 2001. Foi instalada em alguns museus brasileiros e estrangeiros no começo deste século e, depois, comprada em definitivo pela Tate Modern, de Londres, em 2013, onde permanece exposta.

7) Guerra e Paz, de Candido Portinari

Quadro Guerra e Paz (Paz), Cândido Portinari.

Conta o site da ONU: “No início da década de 1950, o Secretário-Geral Trygve Lie solicitou a todos os Estados-Membros que presenteassem as Nações Unidas com uma obra de arte que representasse sua cultura. O Brasil encomendou a Candido Portinari uma obra de arte com o tema guerra e paz. Portinari criou dois murais intitulados Guerra (parede leste) e Paz (parede oeste), respectivamente”.

Os painéis foram doados em 1957. Hoje, esses murais com dois metros de altura estão localizados no térreo do prédio da Assembleia Geral da ONU. Foram restaurados em 2015 e, na reinauguração, o então Secretário-Geral Ban Ki-moon afirmou: “Guerra e Paz são mais do que magníficas obras de arte – são o chamado à ação de Portinari. Graças a ele, todos os líderes que entram nas Nações Unidas veem o terrível preço da guerra – e o sonho universal pela paz”.

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