Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Um amigo começou a namorar e se afastou. E agora?

Se você nunca perdeu um amigo para um namoro, você provavelmente é o amigo perdido.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 jan 2021, 15h07 - Publicado em 8 jan 2021, 16h32

Aristóteles (385 a.C. – 322 a.C.)

Puxe a orelha dele. Para Aristóteles, a amizade desinteressada é a mais pura das relações humanas. A paixão pelo crush pode até ser mais fulminante e instintiva, mas precisa amadurecer na forma de uma amizade sólida para perdurar. Nada dará certo se você não for amigo do seu cônjuge – ou se abandonar os amigos que já tem em prol dele.

O filósofo grego dividia as amizades em três tipos. O primeiro é o relaciomento utilitário: dois colegas de trabalho, sócios de uma empresa ou amigos da faculdade se beneficiam mutuamente da confiança que depositam um no outro. Afinal, duas cabeças pensam melhor que uma.

O segundo é o relacionamento por prazer: aquele amigo com que você gosta de bater uma bolinha, pescar ou fazer uns campeonatos de FIFA em um Playstation 2 antigo que roda até disco de Makita. Compartilhar um hobby é um ótimo jeito de conseguir amigos desse gênero.

Por fim, há o que Aristóteles considerava a amizade verdadeira, absolutamente desinteressada. Mesmo que a pessoa não compartilhe nenhum talento, gosto ou obrigação com você, ambos permanecem unidos por uma admiração e respeito mútuos que transcendem distâncias ou tarefas. Você ajuda a pessoa porque reconhece sua grandeza.

Continua após a publicidade

Perceba que não é tão simples assim delimitar onde começa uma amizade e termina a outra: quantos dos seus amigos do colégio, com que você fazia trabalhos e estudava para provas, de fato continuaram sendo amigos depois que o curso acabou?

Aristóteles não duvida que vocês se uniam por se dar bem, sem interesses secundários explícitos. Mas isso não significa que a parceria vá sobreviver uma vez que a razão dela existir acabe.

Arthur Schopenhauer (1788 – 1860)

Schopenhauer recomendaria que você deixasse rolar. Não porque isso seja algo bom, mas porque não há nada que possa ser feito. Seu amigo (ou amiga) não vai conseguir tirar a fixação pelo crush da cabeça. Ele discordava da visão aristotélica do homem como um ser racional. Nos considerava reféns de institintos animalescos.

Continua após a publicidade

Somos programados para buscar sexo e perpetuar a espécie. O amor é uma ilusão biológica que desmonta nossa rotina e borra a percepção racional. O jeito é esperar o auge da paixão passar. E torcer para tudo voltar ao normal. “Diretamente após a cópula, ouve-se a risada do demônio”, escreveu.

O alemão pessimista considerava que o fogo por alguém superava qualquer outra objeção que se faça à personalidade do crush. “O amor se projeta em pessoas que, posta de lado a relação sexual, seriam odiosas, deprezíveis ou até abomináveis para nós.”

Simone de Beauvoir (1908 –1986)

Papo reto com esse amigo traíra: A ideia de que o cônjuge é uma alma gêmea – capaz de preencher sozinho nossas necessidades emocionais – apaga nossa independência e personalidade. Isso é especialmente nocivo para as mulheres, já que historicamente homens são encorajados a buscar interesses e ambições fora da relação (como carreira, hobbies e amigos).

Continua após a publicidade

Beauvoir não ficou só no plano das ideias: teve o relacionamento aberto mais famoso da história com Jean Paul Sartre, outra lenda da filosofia. Eles praticavam sua existência individual em um nível muito mais profundo do que o mero clichê de poder sair com amantes.

Coisas simples, como sair com amigos sem precisar se explicar e conversar com pessoas diferentes em mesas separadas e se tornaram parte da mitologia do casal – em que cada um dos membros se comportava como um ser humano inteiro, ainda que eles tivessem um laço forte entre si.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.