Montesquieu: “Quanto menos os homens pensam, mais eles falam”
Ele fazia parte da nobreza e estava com a vida ganha. Mas se tornou crítico feroz da Coroa e da Igreja - e escreveu textos fundamentais para a Revolução Francesa
Charles-Louis Secondat podia ter ficado tranquilo em seu castelo, tomando o bom vinho da família e curtindo a herança deixada pelo tio. Com apenas 27 anos, o jurista era o líder dos Secondat, dono de uma verdadeira fortuna e títulos de nobreza. Além de presidir a Câmara de Bordeaux, o jovem também passou a ser o Barão de Montesquieu, alcunha pela qual ficou mais conhecido.
Montesquieu, porém, já estava influenciado pelos ideais iluministas, que também acabaria ajudando a construir. Em pouco tempo, ganhou fama como um crítico voraz dos costumes da Coroa francesa e da Igreja. O pensador se tornou um admirador do sistema político da Inglaterra, país que àquela altura já havia tirado o poder do rei e transferido para o Parlamento. Com pitadas de ironia, os textos sarcásticos de Montesquieu seriam fundamentais para formar os conceitos da futura Revolução Francesa.
Em diversas viagens pela Europa, o filósofo havia chegado à conclusão de que os governos do continente costumavam se dividir entre repúblicas e monarquias — que podiam ser autoritárias ou não. Para ele, a forma mais eficaz de evitar que o poder fosse exercido por um tirano seria diluí-lo em três braços: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Essa proposta revolucionária se tornaria a organização básica da maioria das nações contemporâneas.