Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Catástrofes que podem acabar com o mundo

Catástrofes como a do Japão mostram que estamos indefesos diante da força da natureza. E o pior é que há muito mais por vir

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 1 Maio 2011, 22h00

Tsunami. Terremoto. Crise nuclear. Veio tudo de uma vez para os japoneses. Um tremor de 9.0 na escala Richter sacudiu o Japão em 11 de março, e o país já contava quase 9 mil mortos até o fechamento desta edição. Outras 13 mil pessoas ainda estavam desaparecidas.

A catástrofe chamou a atenção de todo o mundo não só pelas vidas perdidas e pelos dramáticos esforços de resgate. O Japão é um dos países mais bem preparados para enfrentar desastres naturais, e ainda assim foi devastado pela força da natureza. Um sinal de que nenhum país está a salvo.

Em 2010, desastres naturais mataram pelo menos 234 mil pessoas e afetaram quase outras 200 milhões no mundo. Nenhum especialista é capaz de dizer se esse número vai diminuir ou aumentar daqui para a frente, mas já se sabe que a intensidade das catástrofes vai crescer. O aquecimento global fará a temperatura subir – ela será até 3,5º C mais alta até 2035, segundo a Agência Internacional de Energia. Isso significa mais secas, enchentes, erupções, furacões destruidores e até terremotos. E, sim, pode existir uma ligação entre esses fenômenos e a ação humana. Nas páginas seguintes, você descobre os riscos que corremos. E como podemos nos preparar.

TSUNAMI

Mesmo com todas as precauções, o Japão não foi páreo para a onda destruidora.

“Uma desgraça nunca vem sozinha”, diz o ditado. E a geologia comprova: após um grande tremor de terra, vem sempre um tsunami – expressão em japonês que aposentou “maremoto”e significa “onda que avança sobre a costa”. Felizmente, é preciso que se chegue a pelo menos 7 pontos na escala Richter para detonar essa maré de destruição – isso explica serem apenas 8 as ocorrências graves nos últimos 10 anos. Dessas, duas foram no Japão, a mais recente no começo de março, provocada por um dos maiores terremotos da história.

As nações com vista para o Pacífico, como o arquipélago japonês, são justamente as que correm mais risco, pela concentração de vulcões ativos e áreas com perigo de terremoto. Mas os tsunamis não se contentam em promover arrastões marítimos só perto de onde se formam. Eles podem atingir locais a milhares de quilômetros de seu ponto de origem. Em 1960, houve um que começou no Chile e atravessou o oceano, passando pelo Havaí e chegando a matar 200 pessoas no Japão.

Nem o Brasil escapa. O maior risco conhecido é o dos terremotos que podem ocorrer nas ilhas Sandwich do Sul (que ligam a América do Sul à Antártida). “Eles gerariam tsunamis que poderiam afetar a costa brasileira”, afirma Costas Synolakis, geólogo da University of South California. No entanto, ainda não se sabe ao certo a probabilidade real de isso ocorrer, pois faltam pesquisas.

Continua após a publicidade

Há quem defenda que, com o aquecimento global, o problema tende a aumentar. O especialista Bill McGuide, da London University, acredita que o degelo nos polos deve fazer a crosta terrestre se movimentar para cima, o que causará terremotos e, por consequência, tsunamis. Para piorar, os métodos de prevenção ainda estão capengas.

No Japão, os quebra-mares construídos para conter as ondas gigantes não deram nem para o começo. E a maior parte das casas não estava pronta para resistir à força das águas. “Faltam investimentos”, diz o professor Synolakis. Para ele, pouco foi feito desde o desastre na Indonésia, em 2004, que deixou 230 mil vítimas. Os principais problemas são a falta de mapeamento de quais áreas podem ser atingidas e o número limitado de tsunamógrafos – como seu nome sugere, são os aparelhos que medem a fre-quência e o tamanho das ondas.

Mas a pedra maior no caminho é a falta de informação, como no desastre das ilhas Samoa, em 2009, que deixou 189 vítimas. Muitas tentaram fugir de carro e, com o trânsito, morreram afogadas dentro deles. O correto teria sido caminhar até os terrenos altos nas redondezas e esperar o aguaceiro passar.

Para aliviar as tragédias, o aviso precisa ser rápido e eficaz. Na Indonésia, em 2004, muitos dos 230 mil mortos não chegaram a ver o alerta emitido pela televisão local. A razão: eles viviam em vilas sem energia elétrica. Mas em muitos casos não há sequer tempo para divulgar a informação: um tsunami formado perto da costa pode chegar a ela em menos de 10 minutos. No caso recente do Japão, o problema de comunicação foi agravado porque o terremoto havia sido tão forte que cortou até a internet.

Outra medida necessária é investir em uma arquitetura antitsunami. Um bom exemplo é o dos templos islâmicos na Indonésia, que passaram ilesos pela avalanche de ondas. Suas grandes colunas circulares, que sustentavam os andares superiores, permitiram que a água fluísse livremente. Moral da história: se não pode vencê-lo, adapte-se a ele.

Continua após a publicidade

Probabilidade de ocorrer – Média
Letalidade – Média
Perspectiva para o futuro – Igual a hoje
A cada ano, ocorrem 6 tsunamis no mundo

FURACÃO

O desastre no Japão será o mais caro da história, já declararam analistas que calculam prejuízos com catástrofes. O líder prestes a ser desbancado é um furacão: o Katrina. Em 2005, quando varreu a costa dos EUA, o Katrina causou prejuízos de mais de US$ 100 bilhões. De onde ele saiu, virão outros mais poderosos. Os furacões (nome usado no Atlântico) e tufões (nome usado principalmente no Pacífico) estão se fortalecendo. Entre 1981 e 2006, a velocidade deles aumentou 7,8 metros por segundo, de acordo com a Universidade Estadual da Flórida, que analisou os mais velozes. A fúria é impulsionada pela superfície dos oceanos, cada vez mais quente. (Temperaturas acima de 26 ºC são propícias à formação de furacões.) Os maiores alvos podem ser a costa dos EUA, do México e países do mar do Caribe. A princípio, o Brasil não corre risco: nossas redondezas têm ventos fortes, e furacões só se formam em áreas de calmaria. Mas o clima pode mudar. Em 2004, o Catarina atingiu o estado de Santa Catarina e matou pelo menos 3 pessoas. “Se tivemos um, é possível que haja outro”, diz Augusto José Pereira Filho, professor de ciências atmosférias da USP.

Probabilidade de ocorrer – Alta
Letalidade – Alta
Perspectiva para o futuro – Piorar

VULCÃO

Nos últimos 100 anos, os vulcões deixaram 100 mil mortos. Considerando o período, não é muito (acidentes de carro, por exemplo, matam 35 mil pessoas por ano só no Brasil). A principal ameaça gerada pelas erupções é o lançamento de cinzas na atmosfera, o que provocaria chuva tóxica e esfriamento global. Existem 6 supervulcões no planeta: três nos EUA, um no Japão, um na Nova Zelândia e um na Indonésia. Cada um deles poderia lançar uma nuvem de cinzas 3 mil vezes maior que aquela que cobriu a Europa após a erupção do islandês Eyjafjallajökull, em 2010. Outro perigo está nas ilhas Canárias, perto do noroeste africano. Lá existe um vulcão cuja erupção faria com que grandes blocos de pedra se desprendessem das ilhas, gerando um tsunami que inundaria o sul do Reino Unido, devastaria a costa leste americana e chegaria ao Nordeste brasileiro com ondas de até 3 metros de altura.

Probabilidade de ocorrer – Média
Letalidade – Baixa
Perspectiva para o futuro – Igual a hoje

TERREMOTO

Ele não é um fenômeno estritamente natural – também pode ser causado pelo homem. Mas a ciência tem uma nova arma para estudá-lo.

Continua após a publicidade

A ciência não consegue prever os terremotos. Mas especialistas acreditam que, com grandes cidades, como Tóquio e Los Angeles, construídas em regiões instáveis, a tendência é acontecer pelo menos uma grande tragédia por década. 400 milhões de pessoas vivem em metrópoles que podem sofrer um grande terremoto nos próximos 200 anos. “Nenhuma cidade está preparada para um tremor de 9 graus na escala Richter, como o que ocorreu no Japão”, explica o professor de sismologia Afonso Vasconcelos Lopes, da USP. Isso porque as construções são projetadas para suportar o pior terremoto já ocorrrido no local – e poucos lugares já sofreram abalos sísmicos de 9 graus.

Ao contrário do Japão, o Brasil fica numa área geologicamente estável. Mas isso não é uma garantia absoluta. “Mesmo numa cidade como São Paulo, que em tese está segura, é preciso calcular a resistência das obras”, diz Vasconcelos. É que existe um tipo de abalo sísmico, chamado de intraplaca, que pode acontecer mesmo em regiões supostamente imunes. Esse fenômeno é causado por fragilidades nas placas tectônicas e responsável por 10% dos sismos no planeta. Os EUA sofreram um terremoto intraplaca de 8 graus no começo do século 19, e também já houve um no Brasil – um tremor de 6,2 graus na serra do Tombador, em Mato Grosso, em 1955.

Além disso, os terremotos estão deixando de ser desastres estritamente naturais. O de Sichuan, que matou 69 mil pessoas na China em 2008, pode ter sido desencadeado pela construção de uma represa. Cientistas da Universidade Columbia acreditam que o peso da água teria afetado o equilíbrio sísmico do local. O governo chinês não liberou os registros do evento, impedindo que a tese fosse estudada com mais profundidade. Mas ela é aceita por boa parte dos especialistas. Até porque não foi a primeira vez que isso aconteceu. Quando a represa Hoover foi construída nos EUA, na década de 1930, a região onde ela fica (perto de Las Vegas) sofreu centenas de abalos de 4 a 5 graus.

Mas os sismologistas têm uma nova arma. É o Quake Catcher, um software que foi criado pela Universidade Stanford. Esse programa usa sensores presentes no disco rígido de qualquer computador para medir a atividade sísmica do local onde se encontra e envia as informações para os cientistas. Se milhões de pessoas instalarem o programa, os pesquisadores terão um retrato mais detalhado da atividade sísmica na Terra – para um dia, quem sabe, conseguir prever os terremotos.

Probabilidade de ocorrer – Alta
Letalidade – Alta
Perspectiva para o futuro – Piorar

Continua após a publicidade

ENCHENTES

Não é impressão sua: está piorando. A última década concentrou 50 das 180 maiores enchentes dos últimos 100 anos. Apesar de ter menos grife que outros desastres, as enchentes matam muito. No verão que passou, as chuvas causaram um estrago inédito no Rio de Janeiro: 700 mortos e 14 mil desalojados e desabrigados. Mas nada comparável a China e Índia, onde a densidade populacional leva a tragédias com milhões de vítimas – além da destruição, as enchentes disseminam doenças infecciosas.

As estatísticas que sinalizam para o aumento do problema sempre foram vistas com ressalva pelos meteorologistas. Para eles, é preciso uma longa sequência histórica para comprovar uma mudança. Pois essa mudança começou a ser comprovada.

Pela primeira vez, foi provado que os gases do efeito estufa provocam aumento de chuva. Ou seja, não só está piorando como é culpa nossa. “Agora podemos dizer com confiança: o aumento da intensidade de chuvas no final do século 20 não pode ser explicado pelos modelos climáticos existentes”, disse à revista Nature a pesquisadora Gabriele Hegerl, líder da pesquisa da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. É só um primeiro passo, mas que lá na frente ainda pode resultar até em compensação dos países ricos por enchentes em regiões pobres. Ao menos, agora a ciência admite que o tempo está ruim.

Probabilidade de ocorrer – Muito alta
Letalidade – Muito alta
Perspectiva para o futuro – Piorar

SECA

A falta de água poderá atingir dois terços da população mundial em 2025. Grandes regiões de Ásia e África, além de trechos menores de Austrália, EUA, América Central e América do Sul (inclusive o nordeste brasileiro) já estão hoje em situação de escassez ou se aproximando disso.

Continua após a publicidade

Os resultados podem ser devastadores. Se afeta a agricultura, a seca é capaz de forçar populações a migrar para não sofrer com a falta de alimentos e doenças. Em 1932, vítimas da seca no Ceará deixaram o interior em busca de socorro no litoral, por exemplo. Ficar onde moravam poderia levar à morte – o que aconteceu com 1 milhão de etíopes após uma queda no volume de chuvas em 1984. E a previsão é de que as secas se intensifiquem. O aumento da temperatura global alimentou a evaporação no solo de países como a Austrália. A chuva gerada por esse vapor caiu em outras regiões, e o resultado são solos mais áridos. Para piorar, cada vez mais moramos em cidades, onde a água fica poluída. “Precisamos ser mais eficientes com nossos recursos”, diz Michael Hayes, diretor do Centro Nacional de Mitigação da Seca, dos EUA.

Probabilidade de ocorrer – Média
Letalidade – Média
Perspectiva para o futuro – Piorar

CATÁSTROFE NUCLEAR

As usinas nucleares são seguras. E estão ficando mais seguras ainda. Mas alguma coisa sempre pode dar errado. Veja qual é o pior cenário possível.

Desde que o primeiro reator nuclear começou a produzir eletricidade, em 1951, houve apenas um acidente grave – em Chernobyl. Pelas piores estimativas, ele causou 4 000 mortes. É bastante. Mas é muito menos que as 300 mil pessoas que morrem a cada ano devido à poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis. Estatisticamente, as usinas nucleares são a maneira mais segura que existe de produzir energia. E elas estão ficando mais seguras. Em 1990, os reatores espalhados pelo mundo apresentavam em média 1,8 scrum (desligamento não-programado, geralmente acionado pelos sistemas de emergência do reator) a cada 7 000 horas de operação. Hoje, essa taxa é 0,5. Ou seja: as usinas estão funcionando muito melhor que no passado.

Ok. Agora diga isso para os japoneses, que estão vendo seu país enfrentar uma crise nuclear. O risco de acidente nunca é zero. O pior que poderia acontecer, para o mundo, seria um incidente grave nas usinas de Kursk, Smolensk e Leningrado, na Rússia. Ao todo, elas possuem 11 reatores do tipo RBMK-1000 – o mesmo que era usado em Chernobyl. O problema está na chamada contenção, uma estrutura de aço e concreto que envolve o reator nuclear – e que os RBMK (sigla em russo que significa reator de alta potência) simplesmente não possuem. “Ele é um prédio comum, aberto”, explica Fernando Carvalho, professor de engenharia nuclear da UFRJ. Isso significa que, se o reator explodir, pode lançar grande quantidade de material na atmosfera. Foi o que aconteceu em Chernobyl, onde se formou uma nuvem radioativa que viajou 2 000 km e chegou até a França. Nas demais usinas nucleares, que possuem estruturas de contenção do reator, seria difícil ocorrer um vazamento tão grande.

O ponto mais delicado de todo reator nuclear, seja ele do tipo RBMK ou dos padrões BWR (boiling water reactor, usado no Japão) e PWR (pressurized water reactor, caso de Angra 1 e 2), é o sistema de refrigeração. O reator precisa receber água corrente, que é bombeada por um sistema elétrico. Ele não pode ficar sem refrigeração em hipótese nenhuma. Por isso, as usinas tomam precauções extremas. Se faltar eletricidade, entra em ação um sistema de backup. “As usinas de Angra possuem 4 geradores a diesel cada uma. É quatro vezes mais do que seria necessário”, afirma Laércio Vinhas, diretor de segurança da Comissão Nacional de Energia Nuclear. No Japão, esses geradores a diesel foram danificados pelo tsunami – e os reatores ficaram sem refrigeração adequada. O combustível nuclear (no caso das usinas japonesas, pastilhas de urânio) continua liberando calor, mesmo se o reator for desligado. Se não houver refrigeração, a temperatura sobe perigosamente – em meia hora, passa do nível normal (285º C) para mais de 800 graus. Quando o calor chega a 1200º C, o revestimento das pastilhas derrete. Isso libera hidrogênio – um gás altamente inflamável, responsável pelas explosões em Fukushima. Se nada for feito, a temperatura continua subindo, há liberação de gases radioativos e, a 1800º C, o cilindro de metal que protege o reator começa a se desfazer. Depois de três dias, o calor pode chegar a 2400º C – quando o próprio urânio começa a derreter.

Mas por que o Japão construiu uma usina nuclear perto da costa, numa região vulnerável a tsunamis? Por causa da água. Muitos dos 442 reatores existentes no planeta estão localizados perto do mar ou de rios – justamente para que tenham um fornecimento abundante de água.

Os reatores mais modernos possuem sistemas de refrigeração passivos, ou seja, que funcionam mesmo se houver falha total nas bombas elétricas e nos geradores a diesel. Quatro modelos desse tipo estão sendo construídos na China, com inauguração prevista para 2013. Mas mesmo eles não estão livres de críticas – o governo dos EUA diz que o novo modelo, criado pela empresa americana Westinghouse, não oferece proteção contra ataques terroristas (pois sua estrutura não suportaria a colisão de um avião). Mas é pouco provável que terroristas consigam arremessar um avião contra uma usina nuclear. É mais provável que tentem praticar um ataque radiológico. Uma pesquisa feita com 85 especialistas em armas nucleares estimou em 39,8% a probabilidade de um ataque desse tipo em alguma cidade dos EUA até 2015. Primeiro, terroristas se apoderam de algum tipo de material radioativo – como o césio-137 usado em máquinas de radiografia. Ele é acoplado a uma bomba comum, que é detonada no centro de uma metrópole. Essa explosão provoca uma chuva de partículas radioativas que pode se espalhar numa área de até 40 quarteirões – que, dependendo do grau de contaminção, poderiam se tornar inabitáveis por meses, anos ou até décadas.

O pior pesadelo nuclear seria um conflito armado. Simulações feitas por duas universidades americanas apontam que um conflito nuclear entre Índia e Paquistão deixaria 12 milhões de mortos. Os incêndios resultantes das explosões lançariam 5 milhões de toneladas de fuligem na atmosfera. Isso bloquearia parte da luz solar, esfriando o planeta em 1,25º C e reduzindo as chuvas em 9%. “As plantações cresceriam mais devagar, e as colheitas seriam abreviadas. E o maior problema seria o pânico [de contaminação]. Os países parariam de exportar e importar comida”, diz Alan Robock, climatologista da Universidade Rutgers e autor de vários estudos a respeito. As explosões também teriam um efeito catastrófico sobre a camada de ozônio, que seria reduzida em até 70% num período de 5 anos. Mas, para que esse cenário aconteça, Índia e Paquistão precisariam detonar 50 bombas atômicas cada um – um cenário muito difícl de acontecer.

Probabilidade de ocorrer – Muito baixa
Letalidade – Baixa
Perspectiva para o futuro – Melhorar

442 é o número de reatores nucleares em operação no planeta. Os EUA são o país com mais reatores (104).

11 é o número de reatores RBMK-1000 em uso na Rússia. É um modelo considerado pouco seguro – o mesmo do acidente de Chernobyl.

TEMPESTADE LAR

Um dia, a Terra será engolida pelo Sol – mas só daqui a 7,6 bilhões de anos. Até lá, o pior que pode acontecer são as tempestades solares. Elas são descargas de radiação eletromagnética que, ao chegar à Terra, danificam tudo o que é elétrico ou eletrônico – como carros, aviões, computadores, satélites e redes de transmissão de energia. O pior caso registrado aconteceu em 1859, quando uma tempestade queimou boa parte das linhas de telégrafo dos EUA. Hoje, com nossa dependência tecnológica, as consequências seriam muito piores.

Um relatório do governo dos EUA estima que uma tempestade de grandes proporções causaria de US$ 1 a 2 trilhões em prejuízos, dos quais a humanidade levaria 10 anos para se recuperar. A principal linha de defesa é a prevenção, com o desligamento de aparelhos e redes elétricas antes da tempestade. O alarme seria dado pela Advanced Composititon

Explorer, uma nave da Nasa que está a 1,5 milhão de km da Terra e é capaz de detectar as tempestades solares aproximadamente um dia antes que elas cheguem aqui.

Probabilidade de ocorrer – Baixa
Letalidade – Muito baixa
Perspectiva para o futuro – Piorar

ASTEROIDE

A chance de colisão é mínima. Mas, se ele for grande e no alvo, ainda não estamos preparados.

Não é uma questão de se, mas de quando. Um asteroide como aquele que extinguiu os dinossauros, entre 15 e 20 quilômetros de largura, é um evento bem raro: atinge a Terra a cada 100 milhões de anos, em média. Mas pedras entre 50 e 100 metros, com poder para destruir uma metrópole, caem com mais frequência: a cada 500 anos. Novamente, é uma média histórica – ou seja, podem ter caído dois na mesma semana e nenhum nos 2000 anos seguintes.

A última dessas visitas indesejadas foi em 30 de junho de 1908. Foi o caso clássico de “se uma árvore cai no meio da Amazônia, ninguém fica sabendo”, com a diferença de que era um asteroide na floresta de Tunguska, na Sibéria, extremo nordeste do então Império Russo. Apesar de produzir uma onda de choque que devastou uma área que equivale à Grande São Paulo, eram 3 mil quilômetros quadrados inabitados. Nenhuma pessoa morreu e o caso não repercutiu.

O próximo – que ninguém garante que vai esperar até 2408 – vai encontrar um mundo mais povoado, com 20 regiões metropolitanas de mais de 10 milhões de habitantes. Qualquer uma delas seria dizimada se atingida por uma rocha espacial do tamanho de um ginásio esportivo. A questão é: o que vamos fazer quando ele vier?

“No futuro, vamos prever uma colisão com décadas de antecedência e, quando chegar a hora, evitá-la”, diz David Morrison, responsável pela divisão da Nasa encarregada de ficar de olho nos asteroides e que revê estatísticas incessantemente. “Mas, por enquanto, não estamos seguros.”

O último asteroide que provou isso foi o 2008 TC3, em outubro de 2010. Do tamanho de um automóvel, ele foi detectado apenas 20 horas antes do impacto, quando estava a 500 mil quilômetros – quase chegando na Lua. Por sorte, explodiu a 37 km do solo, sobre o deserto na fronteira do Egito com o Sudão.

Por enquanto, os planos estão no papel – e parecem mais roteiro de blockbuster. Mandar a bomba mais potente rumo ao asteroide, por exemplo, não é tão fácil quando parece. Para desviar sua trajetória, seria preciso interceptá-lo com anos de antecedência. Outra ideia é enviar uma nave apenas para pairar ao lado do asteroide e, com a força gravitacional gerada pela sua massa, alterar a rota original do pedregulho. Uma nave com espelhos poderia direcionar a luz do Sol para tostar o asteroide: a evaporação trataria de desviá-lo para longe da Terra.

Pelas contas da Nasa, dois objetos mecerem atenção: o 2007 VK184 e o 2011 AG5, que estarão nas redondezas terrestres entre 2036 e 2057. Na escala de perigo de colisão, eles têm grau 1 de 10 – “na revisão dos cálculos, devem voltar ao 0”, diz Morrison. Tudo são possibilidades. Só uma coisa é certa: um dia a pedra cai.

Probabilidade de ocorrer – Muito baixa
Letalidade – Muito alta
Perspectiva para o futuro – Igual a hoje

VAI QUE…

…Cai na terra
O impacto de um corpo celeste de 50 metros de diâmetro com o planeta é equivalente ao de uma bomba nuclear. Quanto maior o tamanho do objeto, pior o estrago.

…Afunda no mar
A queda de um asteroide no oceano também seria mortal. Uma pilha de pedras de 100 metros, por exemplo, causaria um tsunami que engoliria edifícios litorâneos.

Texto: Bruno Garattoni , Emiliano Urbim, Otavio Cohen, Larissa Santana e Thiago Minami

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.