Na primeira vez em que a editora Karin Hueck sugeriu que fizéssemos uma capa sobre estupro, confesso que nós, homens da redação, achamos que seria ”muito pesado”. É que não suspeitávamos que violência sexual fosse tão comum no Brasil – até porque não é uma preocupação que nos afeta diretamente. Por sorte, a Karin faz parte do time e, mês após mês, ela trouxe dados, argumentos, relatos, até que ficou óbvio: claro que tínhamos que dar essa capa. Saiu em julho.
De lá para cá, o assunto só cresceu de relevância. Mais e mais mulheres quebraram um silêncio constrangido de décadas e acusaram o quanto nossa cultura é machista. Mês passado, o Enem pediu para todos os formandos do ensino médio escreverem uma redação sobre o tema. Assim, a consciência do problema se espalhou pelo País todo, como uma onda. Graças a pessoas como a Karin, que usam seus espaços para falar de assuntos invisíveis. Este mês, ela ocupa o Essencial – seção aliás quase sempre feita por mãos masculinas.
É com a diferença que se aprende – jamais mudaremos nada se convivermos sempre com quem se parece conosco.Na SUPER acreditamos em diversidade como um caminho para a inovação. Por isso, nossa equipe de 15 pessoas vem de sete Estados diferentes, de quatro das cinco regiões brasileiras (sorry, Norte).
Esta crença foi também o que motivou a bela reportagem sobre escolas públicas pobres e excelentes. A educação no Brasil é, no geral, uma tragédia. Mas, se soubermos aprender uns com os outros, o que não faltam são bons exemplos. Num momento tão estressante da história, entre ataques terroristas e catástrofes ambientais, é disso que mais precisamos. Esperamos que essa onda pela boa educação também se espalhe rápido pelo Brasil.
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