Teste de DNA derruba teoria da conspiração nazista
Alemão preso na Escócia dizia ter sido o braço direito de Hitler - mas muita gente achava que se tratava de um impostor. A ciência finalmente tem a resposta
Lá pelas tantas de 1941, a Segunda Guerra estava a todo vapor. Forças aliadas e do eixo se digladiavam mundo afora. Foi quando Rudolf Hess, braço direito de Hitler e membro do alto escalão do Partido Nazista, tornou-se o centro de um episódio estranho — e de uma célebre teoria da conspiração que durou mais de sete décadas. Hess supostamente teria embarcado sozinho em um voo arriscado rumo ao Reino Unido para negociar uma improvável paz entre Alemanha e Inglaterra. Muitos acreditavam se tratar de um impostor envolvido em alguma ardilosa tramoia nazista. Finalmente a ciência tem a resposta.
O mais longe que o homem conseguiu chegar com seu avião foi até a Escócia, onde saltou de paraquedas e foi preso logo ao aterrissar. Sua missão falhou e ele passou o resto da vida encarcerado na Prisão de Spandau, em Berlim, após condenação em Nuremberg. Foi encontrado morto em 1987, aos 93 anos, no que aparentou ter sido um suicídio. Hess dizia que resolveu ir à Inglaterra, bem no auge da guerra, após ter uma visão durante um sonho. Uma história difícil de engolir.
Outras inconsistências e rumores alimentaram a teoria de que o prisioneiro não era Hess, mas um sósia (ou, como diriam os alemães, um doppelgänger). Até Franklin Roosevelt, presidente dos EUA entre 1933 e 1945, acreditava nessa tese. Teria sido tudo uma artimanha nazista para enganar os aliados? Ou mesmo um estratagema arquitetado pelos próprios britânicos? Os restos mortais do homem foram cremados, o que tornava difícil investigar o caso. Difícil, mas não impossível.
Uma equipe internacional de pesquisadores acaba de publicar um artigo no jornal científico Forensic Science International: Genetics dizendo ter encontrado a resposta para esse mistério nazista. Sherman McCall, líder do estudo e patologista aposentado do exército dos EUA, explica como o grupo matou a charada através de uma gotinha do sangue de Hess que havia sido coletada cinco anos antes de sua morte. “Eu soube da existência dessa amostra por acaso durante minha residência em Walter Reed”, disse à New Scientist.
No centro médico militar localizado em Washington DC, a chave do enigma esteve armazenada desapercebidamente por todo esse tempo. O próximo passo foi localizar um dos parentes vivos de Hess, que preferiu permanecer sob anonimato, e coletar sua saliva.
O resultado do teste de DNA indicou, com 99,99% de certeza, que o prisioneiro conhecido como Spandau #7 era, de fato, Rudolf Hess. E assim, em um surpreendente plot twist, uma das maiores teorias da conspiração nazistas foi finalmente desbancada.