“Só poderia ter acontecido no Brasil”, diz diretor do filme que retrata assalto ao Banestado
Em 1987, sete homens armados invadiram o maior banco de Londrina. Em meio à crise econômica, a população apoiou os criminosos. Conheça a história real do filme Assalto à Brasileira.

Um roubo improvisado, assaltantes despreparados e uma fuga aplaudida. É isso que os espectadores podem esperar do filme Assalto à Brasileira, que retrata um acontecimento histórico de Londrina. Em 10 de dezembro de 1987, a maior agência bancária da cidade foi invadida por sete homens armados que fizeram trezentos reféns no local.
Mas eles não eram assaltantes profissionais – e sim trabalhadores revoltados com a crise econômica que o Brasil enfrentava.
“É uma história que fala sobre o descontentamento e mal-estar coletivo”, diz José Eduardo Belmonte, que dirige o filme. “Os reféns e os assaltantes acabam virando uma coisa só, e a população fica do lado dessas pessoas. É uma união em meio à crise”.
Coincidência ou não, o jornalista Domingos Pellegrini Jr. estava entre os reféns. Ele conta sua experiência no livro-reportagem Assalto à Brasileira, que serviu de base para o novo filme. Na produção que estreia em 2025, Murilo Benício interpreta um repórter recém-desempregado que vai ao banco sacar sua rescisão.
“Assalto a banco é sempre uma história interessante”, diz Benício. “E eu fiquei na cabeça com o fato de ser uma história verídica. Muita gente que viveu aquilo ainda mora em Londrina, e o evento foi de extrema importância pra muita gente que está lá”.
Assalto à Brasileira ainda não tem data de estreia. Abaixo, confira os principais acontecimentos do assalto que ocorreu em 1987.
Gente como a gente
O roubo foi, em grande parte, improvisado. Os assaltantes eram trabalhadores revoltados com o governo Sarney e a inflação. Eles entraram armados na agência, que pertencia ao antigo banco Banestado, e fizeram trezentos reféns entre funcionários do banco e clientes – incluindo um padre.

Faltou dinheiro
Os assaltantes pediram 30 milhões de cruzados, o equivalente a R$ 6 milhões em valores atuais. Após conversar com os bandidos pelo telefone, o governador do Paraná autorizou o pagamento. Acontece que a agência só tinha 20 milhões em caixa.O gerente teve que rodar entre outras agências da cidade em busca dos 10 milhões restantes.

Fuga aplaudida
Após sete horas, os assaltantes deixaram a agência cercados por 14 reféns de mãos dadas, que formavam uma corrente humana em torno dos bandidos. Eles entraram em um ônibus fornecido pela polícia e foram aplaudidos pelo público que assistia de fora. O crime era visto como uma represália às ações do governo federal.

Segue viagem
Os assaltantes e os reféns trocaram de ônibus diversas vezes a caminho do estado de São Paulo. Segundo um dos assaltantes, o plano era “voltar pro trabalho e seguir com a vida”. O ônibus foi
interceptado pela polícia no segundo dia de fuga, e seis dos ladrões foram presos. O sétimo nunca foi encontrado.

Foi pro ralo
No dia seguinte ao assalto, uma faxineira terceirizada entrou na agência para arrumar a bagunça. Havia uma privada entupida – mas, em vez do obstáculo típico (rs), ela encontrou montes de dinheiro bloqueando o cano. A faxineira entregou a grana à gerência e recebeu um prêmio pela honestidade: passou a trabalhar para a presidência do Banestado.
