Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Pela primeira vez, pesquisadores descobrem múmia egípcia grávida

Estudos baseados no corpo embalsamado podem ajudar cientistas a compreender os cuidados pré-natais do passado.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 5 Maio 2021, 17h21 - Publicado em 5 Maio 2021, 17h10

No século 19, uma múmia foi doada à Universidade de Varsóvia, na Polônia, e guardada no Museu Nacional da capital. Por muito tempo, pesquisadores acreditaram que aquele corpo pertencia a uma mulher, mas não foram feitos muitos estudos e a figura misteriosa foi deixada de lado. Um século depois, cientistas resolveram estudar o caixão e acabaram decifrando os escritos do sarcófago. Havia ali o nome de um homem, o provável falecido.

Agora, a incógnita foi esclarecida: estudos recentes envolvendo exames de imagem provaram que a múmia era de fato uma mulher, que em algum momento pode ter tido o caixão trocado. E ela não estava sozinha, mas com um feto na barriga, tornando-se a primeira múmia grávida já registrada por pesquisadores. 

Em 2015, uma equipe de cientistas poloneses iniciou o Projeto Múmia de Varsóvia, que tinha como objetivo estudar corpos humanos e animais embalsamados que estivessem guardados no Museu Nacional de Varsóvia. Entre eles estava a grávida, que chamou atenção nas radiografias após apresentar uma anomalia na região da pelve – que nada mais era do que uma perna do feto. O estudo completo foi publicado no Journal of Archaeological Science

De acordo com os pesquisadores, a moça teria entre 20 e 30 anos quando faleceu. Exames baseados na circunferência da cabeça do bebê sugerem que ela estava entre a 26ª e a 30ª semana de gestação. Os cientistas também estimaram a idade da múmia, que teria vivido em algum momento no século 1 a.C.

.
(Warsaw Mummy Project/Divulgação)
Continua após a publicidade

A múmia foi apelidada de “senhora misteriosa” devido a sua história ainda pouco compreendida. Ela foi entregue à Universidade de Varsóvia em 1826, sendo armazenada no Museu Nacional de Varsóvia. Na época, foi dito que o sarcófago havia sido retirado dos túmulos reais de Tebas, mas os cientistas não acreditam nisso. Isso porque, durante o século 19, era comum que as pessoas atribuíssem a origem de artefatos a locais famosos para aumentar seu valor.

Além disso, é comum encontrar corpos que não se encaixam nos caixões em que estão, provavelmente porque foram trocados de lugar por antigos traficantes de antiguidades. Isso parece ter acontecido com a “múmia misteriosa”, que teve os hieróglifos de seu caixão decifrados no século 20 e foi falsamente identificada. A grávida estava no sarcófago de Hor-Djehuty, um sacerdote egípcio. De toda forma, a moça parece ter tido sua importância. Os tecidos que envolvem seu corpo e o conjunto de amuletos que a acompanhavam sugerem uma mulher de alto status social. 

O mistério não diz respeito apenas à origem dela; também envolve seu embalsamamento. Era comum que alguns órgãos do cadáver, como pulmões e fígados, fossem retirados e embalsamados separadamente, para depois serem devolvidos ao corpo. A grávida parece ter passado por esse ritual, mas ninguém encostou no feto. Os cientistas sugerem uma explicação física e outra religiosa para a falta de intervenção no útero. 

Continua após a publicidade

Eles escrevem que a idade do feto pode ter dificultado sua retirada, já que nessa fase da gestação o útero se encontra mais espesso. Forçar a barra poderia danificar tanto o corpo da mãe quanto o de seu filho. A outra hipótese sugere que o feto foi visto como parte do corpo da mulher, já que ainda não havia nascido. De acordo com os pesquisadores, os egípcios podem ter acreditado que a vida após a morte do bebê só poderia acontecer se ele realizasse a passagem ainda no corpo de sua mãe. 

Os estudos sobre a múmia não ajudarão apenas no entendimento de algumas crenças antigas relacionadas a gravidez, mas também na investigação dos cuidados pré-natais da época. Para ter mais respostas sobre a saúde da mulher e a causa de sua morte, os pesquisadores pretendem examinar pequenas amostras de sangue que foram preservadas nos tecidos moles da múmia. Os cientistas também esperam atrair com a descoberta pesquisadores de diversas áreas dispostos a estudarem a múmia, aprendendo juntos sobre antigos procedimentos médicos e desbravando a história da medicina.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.