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Pedra de Singapura: o artefato que contém uma mensagem indecifrável

Este misterioso fragmento, datado de séculos atrás, intriga arqueólogos por trazer inscrições em um idioma desconhecido e um alfabeto não identificado.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 2 jul 2024, 11h26 - Publicado em 30 jun 2024, 12h00

Olhando de longe, essa pedra de 67 centímetros e 80 kg não chama muito a atenção – é preciso se aproximar para notar que há uma inscrição nela, hoje em dia quase apagada. Mas a Pedra de Singapura é, até hoje, um dos maiores mistérios da arqueologia, já que contém uma mensagem indecifrável num idioma ainda desconhecido pela humanidade.

Apesar de ter sido analisada por diversos pesquisadores ao longo das últimas décadas, nada se sabe sobre seu conteúdo escrito – e há apenas hipóteses sobre a língua do texto, o alfabeto usado ou mesmo qual cultura foi responsável por produzi-lo. 

A idade também é incerta: alguns palpites dizem que a inscrição foi feita no século 13; outros, no século 10. 

A Pedra que você vê na foto acima é, na verdade, apenas uma parte de uma história maior. O artefato é o único fragmento que sobrou de uma enorme placa de arenito localizada na foz do Rio Singapura, que, por sua vez, fica na região sul do país de mesmo nome. Esse outdoor centenário tinha 3 metros de altura por 3 de largura, e continha um total de 50 linhas de texto – um monumento de respeito.

A placa em questão foi encontrada em 1819 por trabalhadores que cortavam árvores na região. Isso aconteceu poucos meses depois da chegada dos primeiros colonizadores britânicos à ilha, que foi colônia inglesa até 1965. Por isso, há registros escritos pelos britânicos sobre esse achado curioso – destacando principalmente o fato de que ninguém, nem mesmo os nativos da região, sabia identificar sequer qual era aquela língua, sequer o tipo de alfabeto usado.

Em 1843, a grande placa de arenito foi destruída pelos britânicos, que queriam construir um forte na região (e claramente não tinham nenhum apreço pelo artefato histórico). Só sabemos como a pedra completa era porque, além das descrições feitas por ingleses na época, os britânicos William Bland e James Prinsep fizeram um desenho dela, que você vê abaixo.

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Uma litografia de James Prinsep da transcrição do Dr. William Bland da inscrição no bloco de arenito na foz do rio Cingapura, um fragmento do qual agora é conhecido como Pedra de Cingapura. O título da litografia é:
(Wikimedia Commons/Reprodução)

Da destruição em 1843, só três fragmentos foram preservados pelo militar escocês James Low, o único que parecia se importar com o achado. Eles também foram desenhados e, depois disso, enviados para um museu na Índia.

Décadas depois, em 1918, um museu em Singapura pediu para que o museu indiano retornasse os fragmentos para seu país original. Apenas uma pedra, porém, foi enviada – não se sabe o que aconteceu com as outras duas; é possível que elas tenham se perdido ou que continuem no acervo do Museu de Calcutá, na Índia.

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Esse pedaço que foi retornado se tornou a famosa “Pedra de Singapura”, hoje no Museu Nacional do país asiático. Desde então, pesquisadores, filólogos e linguistas vêm tentando decifrar a mensagem, sem muito sucesso. Além da pedra em si, os desenhos feitos por historiadores contemporâneos à placa e aos outros dois fragmentos ajudam na empreitada.

O mais intrigante é que não se sabe nem qual língua é usada no texto, e, mais do que isso, o alfabeto gravado na pedra é inédito, nunca visto em nenhum outro artefato. 

Um desenho de três fragmentos de um bloco de arenito que ficava na foz do rio Cingapura. O fragmento inferior é conhecido como Pedra de Singapura.
Um desenho dos três fragmentos recuperados após a destruição da placa. Os dois de cima sumiram; o de baixo é o conhecido como “Pedra de Singapura”. (Wikimedia Commons/Reprodução)

As inscrições não são totalmente alienígenas, porém, já que são visualmente parecidas com outros alfabetos usados no sudeste asiático.

Uma hipótese é que a pedra esteja relacionada ao Império de Majapahit, que governou o que hoje é a Indonésia entre o século 13 e 16 e que pode ter dominado também a região que hoje é Singapura – embora o tamanho da influência dessa potência na pequena ilha ainda seja debatida.

Alguns cientistas acreditam que a língua continua na pedra é a Kawi, a versão mais antiga e primitiva do javanês, idioma ainda falado hoje na ilha de Java, Indonésia. Outros especulam que pode ser alguma versão do sânscrito, uma língua asiática ancestral e morta que tinha presença na ilha de Sumatra, hoje também na Indonésia. Nenhuma das duas é certa porque não se sabe exatamente qual dessas culturas teve maior influência na ilha de Singapura ao longo dos séculos.

Uma equipe de cientistas britânicos e chineses está agora tentando usar um modelo de Inteligência Artificial para desvendar o mistério. Aguardemos cenas dos próximos capítulos.

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