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Oppenheimer: o homem por trás da bomba

O cientista que adorava poesia reuniu algumas das maiores mentes do século 20 para desenvolver a bomba atômica. No fim da vida, defendeu a regulação das armas nucleares – e foi acusado de ser um espião comunista. Conheça a sua história.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 27 jul 2023, 10h36 - Publicado em 20 abr 2023, 09h30

Texto Rafael Battaglia | Edição Alexandre Versignassi | Ilustração Gustavo Magalhães | Design Luana Pillmann 

16 de julho de 1945, cinco e meia da manhã. No deserto do estado do Novo México, oeste dos EUA, o físico J. Robert Oppenheimer e uma equipe de cientistas tomavam café enquanto acompanhavam, em um bunker, a explosão de uma bomba que aconteceria a nove quilômetros dali.

Não era uma bomba qualquer. O teste, que recebeu o nome de Trinity, usou 6,2 kg de plutônio e liberou 22 quilotons, o mesmo que 22 mil toneladas de dinamite. O clarão da explosão ofuscou o nascer do sol. A nuvem de fumaça e detritos em forma de cogumelo atingiu 12 quilômetros de altura, a altitude de cruzeiro de um avião comercial. Os EUA acabavam de detonar a primeira bomba atômica da história.

“Nós sabíamos que o mundo nunca mais seria o mesmo”, recordaria Oppenheimer, anos mais tarde. “Algumas pessoas riram, outras choraram – e a maioria ficou em absoluto silêncio. Eu pensei: ‘agora me tornei a Morte, o destruidor de mundos’.”

A frase acima é um dos 700 versos que compõem o Bhagavad-Gita, texto sagrado do hinduísmo. Aqui, o deus Vishnu tenta convencer o príncipe Arjuna a participar de uma batalha; para tanto, a divindade evoca o dharma – o “dever sagrado”, a ser cumprido a qualquer custo. Enquanto isso, Vishnu assume uma forma com vários braços, bocas e olhos – e profere o que Oppenheimer se lembrou.

Robert gostava de estudar sobre religiões e filosofias orientais. Nos anos 1930, aprendeu sânscrito para poder ler a versão original da Gita e outros textos hinduístas. Esse era mais um dos hobbies do cientista, que falava oito idiomas e era um consumidor voraz de poesia – “Trinity”, diga-se, é o nome de um poema do inglês John Donne.

Ao longo da carreira, Robert chefiou importantes centros de pesquisa e descreveu de forma inédita o fenômeno dos buracos negros. Tudo isso, porém, ficou em segundo plano em sua biografia. Como diretor do Projeto Manhattan, ganhou a alcunha de “pai da bomba atômica”. Você sabe: menos de um mês depois do teste Trinity, os EUA lançaram as bombas de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Juntas, elas mataram 226 mil pessoas – e encerraram a Segunda Guerra Mundial.

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“Essa é uma história de escala imensa, e um dos projetos mais desafiadores que já assumi”, disse o diretor Christopher Nolan (A Origem, Interestelar) sobre seu novo filme, Oppenheimer, que estreou em 20 de julho. O ator Cillian Murphy (o Thomas Shelby de Peaky Blinders) interpreta o físico. “Fiquei interessado no que a invenção da bomba atômica pode fazer com alguém”, confessou Murphy, sobre o que o levou a aceitar o papel. “Personagens contraditórios como ele são fascinantes.”

Vamos à sua história.

Talento precoce

Julius Robert Oppenheimer nasceu em 22 de abril de 1904, em Nova York, e teve uma infância confortável. Seu pai, Julius, saiu da Alemanha ainda jovem e fez fortuna importando tecidos. A mãe, Ella Friedman, era artista e professora de pintura. O apartamento da família tinha quadros de Picasso, Van Gogh e Renoir. Nas férias, viajavam para uma casa de verão em Long Island, nos arredores da cidade – onde o garoto aprendeu a velejar.

Desde cedo, demonstrou facilidade em diversas disciplinas: matemática, latim, francês… Começou a estudar física e química antes dos colegas e pulou algumas séries. Em casa, passava horas classificando pedras: aos doze anos, entrou para o Clube de Mineralogia de Nova York, com o qual se correspondia. Os membros do clube não sabiam se tratar de uma criança por trás das cartas, mas mantiveram o convite – e ainda chamaram o jovem Robert para fazer um discurso.

Ao se formar no colégio, Oppenheimer foi à Europa com a família. No meio da viagem, teve colite, uma severa inflamação no cólon. A doença fez com que ele atrasasse em um ano a sua entrada em Harvard para o curso de Química. Durante esse “sabático”, hospedou-se em um rancho no Novo México.

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Foi uma viagem importante para Robert. Ele se apaixonou pela região, repleta de vales, montanhas e chapadas. Passava os dias cavalgando, fazendo trilhas e fumando (o hábito, que começou ali, iria acompanhá-lo com força até o fim da vida). Foi a primeira vez que ele, após uma infância com poucos amigos e muito próxima da mãe, sentiu-se independente.

Ilustração composta de dois momentos da vida do Oppenheimer: criança, colecionando pedras; e universitário, em seu dormitório, estudando.
Na infância, Robert colecionava pedras e era um prodígio na escola. Em Harvard, passava a maior parte do tempo trancado no quarto, estudando. (Gustavo Magalhães/Superinteressante)

Mas se o Novo México tinha lhe aberto os olhos, Harvard acentuou a introspecção. Robert até chegou a participar de jornais estudantis e grupos de debate, mas passou a maior parte do tempo da graduação em seu dormitório, estudando – e se alimentando, sobretudo, de cerveja e torradas com pasta de amendoim e chocolate. Sim, ele era o terror da alimentação saudável.

Oppenheimer encheu sua grade com o máximo possível de aulas e se formou em três anos (em vez de quatro). Decidiu seguir carreira em física e aplicou para uma pós-graduação no Laboratório Cavendish da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Ele queria ser orientado por Ernest Rutherford, o cara que descobriu o núcleo atômico. Rutherford o recusou, mas Robert foi acolhido por outro gênio da época: o cientista J.J. Thomson, que descobriu o elétron.

Cercado por mentes brilhantes (o Cavendish, àquela altura, já tinha seis vencedores do Nobel, incluindo Thomson e Rutherford), parecia que a carreira de Robert como pesquisador deslancharia – mas não. Apesar da paixão pela física teórica, ele era uma negação na parte experimental, com sucessivos erros no laboratório. Foi uma fase frustrante, que levou Robert a comportamentos autodestrutivos. Sua alimentação piorou e, nas poucas cartas que escreveu a amigos nesse período, dava sinais de depressão.

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E tinham também as crises emocionais. Na mais séria delas, Robert surtou: encheu uma maçã com produtos químicos e a deixou para seu tutor, Patrick Blackett. Por sorte, Blackett não comeu a fruta, mas os funcionários de Cambridge descobriram o que rolou. Os pais de Robert intervieram e conseguiram deixar a punição mais branda: o filho poderia continuar estudando, desde que se consultasse com um psiquiatra.

Ao mestre, com carinho

As coisas melhoraram em 1926, quando Robert saiu de Cambridge e foi estudar na Universidade de Gottingen, na Alemanha. A instituição era a meca dos estudos da então recém-fundada física quântica, ramo que descreve o funcionamento do mundo em escala subatômica. Foi a primeira vez que Oppenheimer se aproximou do assunto (ainda uma novidade) – e, finalmente, sentiu que estava em casa: tornou-se mais comunicativo e ficou amigo de Werner Heisenberg, Max Born, Enrico Fermi, Paul Dirac e outros monstros sagrados da área. Para um fã de rock, seria como viver com os Beatles e os Stones na Londres dos anos 1960.

Enquanto morou na Europa, Oppenheimer publicou 15 artigos científicos, com contribuições significativas para a física quântica. Ao conseguir o seu doutorado, em 1927, voltou para os EUA determinado a disseminar o que havia aprendido. Tornou-se professor em duas universidades na Califórnia: Caltech e Berkeley.

Oppenheimer logo chamou a atenção dos estudantes. Pouco a pouco, eles descobriam que, além do conhecimento em física, aquele homem esguio era também poliglota e leitor de poesia e filosofia. Quem não gostaria de ter aula com uma figura dessas?

Só tinha um problema (para os alunos): Robert não tinha didática alguma, e ninguém conseguia acompanhar seu raciocínio. Da sua primeira turma, apenas um estudante chegou ao final – ele precisava dos créditos.

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Com o tempo, Oppenheimer pegou o jeito e passou a atrair cada vez mais estudantes. Os mais próximos o chamavam de “Oppie” (apelido que ganhou quando deu algumas aulas na Holanda). Não raro, recebia alunos em casa para orientações – e para festas regadas a bastante álcool.

Em 1936, conheceu Jean Tatlock, estudante de psiquiatria de Stanford. Na época, o engajamento político de Robert era tímido (raramente lia jornais; nem tinha rádio em casa), mas ele simpatizava com pautas ligadas à esquerda.

Isso se intensificou durante o namoro de três anos com Jean, que era membro do Partido Comunista dos EUA. Quando o seu pai morreu, em 1937, deixou como herança US$ 8 milhões em dinheiro de hoje para ele e seu irmão mais novo, Frank. Robert doou a sua parte para pesquisas acadêmicas – e para grupos de esquerda (guarde essa informação).  

O trabalho como professor fez com que Oppenheimer dedicasse menos tempo às próprias pesquisas. Mas ele seguiu publicando artigos acadêmicos aqui e ali. No final dos anos 1930, interessou-se por astrofísica. Em 1939, ele e Hartland Snyder, um de seus alunos, publicaram o artigo “Sobre o colapso gravitacional contínuo” – o primeiro a descrever o conceito moderno de buraco negro.

A ideia não veio do nada, claro. Em 1916, o alemão Karl Schwarzschild usou a teoria gravitacional de Einstein para descrever uma ideia nova: a de que poderia haver objetos com densidade infinita, capazes de “rasgar” o tecido espaço-tempo por conta da gravidade igualmente sem fim de seu ponto central. Ou seja: aquilo que décadas depois ganharia o nome de “buraco negro”.  

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O que Oppenheimer e Snyder fizeram foi sugerir a hipótese de que estrelas com grande massa, no fim da vida, poderiam colapsar sob a própria gravidade que geram – e dar origem a objetos como os previstos por Schwarzschild. Hoje, sabe-se, a dupla acertou. É exatamente assim que os buracos negros nascem.

Mas o artigo não foi bem recebido na época – o próprio Einstein custava a acreditar que um buraco negro pudesse existir. Oppenheimer e Snyder anteciparam um conceito que só voltaria a ser estudado para valer nos anos 1960 (quando o termo “buraco negro” apareceu de fato). E que só não foi discutido mais a fundo por causa de um evento de escala global iniciado em 1o de setembro de 1939 (o mesmo dia da publicação do artigo): a Segunda Guerra Mundial.

Da carta à bomba

Um ano antes, em 1938, um grupo de cientistas alemães descobriu a fissão nuclear – uma partícula de nêutron se choca com um átomo maior, que se divide em dois ou mais átomos menores. O processo libera mais nêutrons, que continuarão batendo em outros átomos. É uma reação em cadeia, como pinos de boliche – e que libera muito calor. Em condições controladas, gera energia. Em condições extremas, bombas.

Em 1939, pouco antes de a guerra eclodir, Einstein escreveu uma carta ao então presidente dos EUA, Franklin Roosevelt. O autor do texto foi, na verdade, o físico húngaro Leo Szilard, mas Einstein topou assinar para emprestar o peso de seu nome. O documento ressaltava o potencial que a fissão nuclear tinha para virar uma arma apocalíptica – e que a Alemanha poderia estar prestes a obtê-la. A recomendação era a de que os EUA iniciassem suas próprias pesquisas nessa direção.

Roosevelt aceitou a sugestão e criou o Comitê Consultivo sobre Urânio, com um orçamento inicial de US$ 6 mil (US$ 100 mil, em valores atuais). O objetivo era entender como funcionava a fissão nuclear do urânio (o elemento natural mais pesado da Terra e que, desde o começo, havia se mostrado ideal para esse tipo de reação, dada a instabilidade de seus prótons e nêutrons).

Essa foi a semente do programa atômico americano, que evoluiu a passos lentos até dezembro de 1941, quando o Japão atacou a base naval de Pearl Harbor e fez os EUA entrarem oficialmente na guerra. Em 1942, o projeto ganhou nome (“Manhattan”, já que a primeira sede do comitê ficava em Nova York) e chefe: o general Leslie Groves. Mas ainda faltava um cientista para supervisionar o laboratório da bomba.

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Groves convidou Oppenheimer – que, naquele ano, havia organizado uma conferência em Berkeley para discutir a possibilidade de uma bomba de fissão. A dupla, então, foi atrás de um lugar grande e isolado o suficiente para trabalharem. Oppenheimer não pensou duas vezes e sugeriu o Novo México. No começo de 1943, mudou-se para a pequena cidade de Los Alamos com a esposa. Não, não era Jean Tatlock. Eles tinham rompido em 1939 e, no ano seguinte, Robert já tinha se casado com a bióloga Katherine Puening – também do Partido Comunista.

Oppenheimer deu início a uma saga pelo país, visitando centros acadêmicos de ponta para convidar pesquisadores para o projeto (dentre os “recrutas” estava o jovem Richard Feynman, que levaria o Nobel de Física em 1965). O Laboratório de Los Alamos chegou a abrigar mais de seis mil pessoas, entre cientistas, engenheiros e suas famílias.

O Projeto Manhattan custou US$ 24 bilhões em dinheiro de hoje – mas só 10% disso bancou Los Alamos. Ele era a ponta do iceberg de toda uma cadeia de produção de matéria-prima para os testes com urânio e plutônio (um elemento sintético feito a partir do urânio, descoberto em 1940). O projeto contou com mais de 30 fábricas e laboratórios espalhados pelos EUA, Canadá e Reino Unido; 130 mil pessoas estiveram envolvidas.

A principal função de Oppenheimer era fazer o meio de campo entre o Exército e os cientistas (a boa relação com Groves facilitou esse trabalho). A equipe de Los Alamos desenvolveu duas bombas. Na “Little Boy”, dois pedaços de urânio se chocavam dentro dela e davam início à reação. Já a “Fat Man”, de plutônio, era mais complexa: levou um ano e meio para que os físicos descobrissem uma maneira de fazê-la funcionar. No final, eles usaram o princípio da implosão, em que uma esfera do material fissionável era comprimida por uma onda de choque.

A criação da Little Boy foi relativamente simples; os cientistas sequer fizeram uma checagem final. Para a Fat Man, foi preciso o teste Trinity. Apenas horas depois da explosão no deserto, as bombas embarcaram em um porta-aviões rumo ao Pacífico. O primeiro “teste” da Little Boy foi seu uso de fato, em Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. Fat Man arrasaria Nagasaki três dias depois.

Comunista? Eu?

Depois da guerra, Oppenheimer virou diretor do Instituto de Estudos Avançados em Princeton, nos EUA, e passou a fazer parte da Comissão de Energia Atômica (AEC, na sigla em inglês), responsável por controlar a pesquisa e o desenvolvimento de armas nucleares.

Robert jamais hesitou em usar a bomba atômica durante a guerra – ele recusou uma petição de cientistas do Projeto Manhattan que defendiam que ela poderia ser lançada apenas como demonstração (e não em uma área habitada).

Nos anos seguintes, talvez por remorso, esforçou-se para alertar as pessoas sobre o perigo do artefato que tinha ajudado a desenvolver. Deu palestras, entrevistas e lutou para a criação de um acordo internacional de regulação das armas nucleares. Dentro da AEC, ele foi contra o desenvolvimento das bombas de fusão de hidrogênio, mil vezes mais potentes que as de fissão de urânio e plutônio. Isso gerou atrito dentro da comissão – especialmente com um de seus membros, Lewis Strauss. Os dois passaram a se odiar.

Em 1953, o diretor do FBI J. Edgar Hoover recebeu uma denúncia de um funcionário do governo ligado a Strauss. Ele acusava Oppenheimer de ser um espião comunista. O documento carecia de evidências – mas, com a Guerra Fria fervendo, foi o suficiente para que se abrisse uma investigação.

Ilustração composta de dois momentos da vida do Oppenheimer: quando sofreu um inquérito acusando-o de ser comunista; e recebendo o Premio Fermi, do então presidente dos EUA, Lyndon Johnson, na Casa Branca.
Lewis Strauss (centro) deu o veredito das audiências de Oppenheimer. Em 1963, o presidente Lyndon Johnson (embaixo) lhe entregou a Medalha Enrico Fermi – e pediu desculpas pelas acusações de espionagem. (Gustavo Magalhães/Superinteressante)

Robert precisou dar diversas explicações: como era possível que a União Soviética tivesse desenvolvido a sua própria bomba atômica ainda em 1949, anos antes do previsto? Até que ponto ele havia se envolvido com o Partido Comunista?

Após um mês de audiências a portas fechadas, Strauss, então presidente da AEC, deu o veredito: Oppenheimer não seria preso, mas perderia todos os seus vínculos com o governo, do cargo na comissão ao acesso a documentos oficiais.

O físico que tinha dado a vitória final para os EUA na Segunda Guerra se sentiu humilhado. Ainda que a maior parte da comunidade científica tenha ficado ao seu lado, ele optou por diminuir o número de aparições públicas. Adotou um estilo de vida discreto. Quando não estava em Princeton, passava os dias em sua casa de praia na ilha de St. John, no Caribe.

Com o passar dos anos, centenas de páginas das audiências vieram a público – e ficou claro que Oppenheimer não poderia ser um espião. Em 1962, o presidente John Kennedy o convidou para um jantar na Casa Branca e perguntou se ele não gostaria de um novo julgamento. Robert recusou. Em 1963, recebeu a Medalha Enrico Fermi, prêmio dado pelo governo dos EUA a cientistas por suas conquistas em estudos sobre energia.

Oppenheimer morreu em 18 de fevereiro de 1967, aos 62 anos, de câncer na garganta (cortesia do vício em cigarros). No fim, Robert foi como o príncipe da Gita: cumpriu seu “dever sagrado”. A diferença é que sua tarefa acabou concedendo à humanidade um poder que, na literatura, só pertencia aos deuses: o da aniquilação total. 

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