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O lado oculto da SS, a tropa de choque nazista

Oficialmente, o objetivo da Schutzstaffel era reprimir os inimigos de Hitler. Mas, na prática, ela se tornou quase uma seita - com direito a cultos pagãos comandados por um bruxo

Por Eduardo Szklarz
Atualizado em 10 Maio 2018, 14h00 - Publicado em 10 Maio 2018, 13h55

A Schutzstaffel, organização paramilitar mais conhecida como SS, nem sempre foi o mega-esquadrão que se vê em filmes e documentários sobre a 2ª Guerra Mundial. O grupo nasceu em 1920 como uma pequena unidade que protegia o Partido Nazista de Munique. Seu contingente não passava, àquela altura, de 280 homens. Mas tudo mudou em 1929, quando Adolf Hitler entregou o comando da SS a Heinrich Himmler. Dali em diante, a organização não parou mais de crescer. Em 1932, já tinha 52 mil integrantes, e chegaria a 210 mil no final do ano seguinte. Tornou-se, assim, uma tropa de choque com atuação em toda a Alemanha, responsável por eliminar qualquer foco de resistência ou oposição ao recém-instituído regime nazista.

Esse, no entanto, era apenas o lado A da SS. Nos bastidores, Himmler foi transformando o grupo quase numa seita, com oficiais selecionados por critérios de “pureza racial” e práticas nada ortodoxas. Tornaram-se comuns, por exemplo, rituais pagãos com farta utilização de símbolos ocultistas. As cerimônias eram presididas, inclusive, por um sacerdote: Karl Maria Wiligut, que usava o codinome Weisthor e atuava como mago pessoal de Himmler.

O “templo” da SS era o castelo de Wewelsburg, no norte da Alemanha. O bruxo Weisthor costumava dizer que aquela edificação só podia ser comparada a Malbork, a maior fortaleza gótica da Europa, construída pela Ordem dos Cavaleiros Teutônicos na Polônia no século 14. Wewelsburg também funcionava como museu e centro de doutrinação para oficiais da SS. Sua principal função, entretanto, era servir de sede para as cerimônias da organização.

“Weisthor celebrava rituais pagãos de casamento entre os membros do grupo”, diz o historiador britânico Nicholas Goodrick-Clarke, autor do livro The Occult Roots of Nazism (“As Raízes Ocultas do Nazismo”, inédito no Brasil). “Nessas ocasiões, o sacerdote empunhava uma bengala de marfim amarrada com fita azul e esculpida com runas [letras nórdicas medievais].” Segundo Goodrick-Clarke, os oficiais mais graduados da SS também realizavam no castelo cerimônias que celebravam o solstício de inverno, exatamente como os antigos povos germânicos faziam.

Na torre norte de Wewelsburg, o chefão da SS mandou ornamentar o piso de uma grande sala circular com o Sol Negro – um círculo místico no qual 12 runas se combinam formando 3 suásticas superpostas, dando a ideia de uma engrenagem solar obscura. As runas do emblema eram as mesmas adotadas na insígnia da organização. “Himmler batizou os quartos de estudo, localizados nas asas do castelo, com nomes de personagens e objetos mitológicos, entre eles Rei Arthur e Santo Graal”, diz Goodrick-Clarke. E mais: documentos encontrados após a 2ª Guerra Mundial sugerem que ele planejava transformar a fortaleza numa espécie de “Vaticano” do Reich.

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