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Guerra dos mundos: muçulmanos e ocidentais

Será que muçulmanos e ocidentais podem coexistir em paz?

Por Eduardo Szklarz
Atualizado em 27 mar 2017, 11h55 - Publicado em 31 jul 2006, 22h00

O inglês Shehzad Tanweer sabia curtir a vida. Aos 22 anos, apaixonado por futebol e críquete, ele gostava de passear com os amigos a bordo de seu Mercedes vermelho pelos bares de Leeds, onde vivia com a família. Formado em ciências do esporte, às vezes trabalhava num dos restaurantes do pai vendendo peixe com batatas fritas, típico prato britânico. Os clientes se divertiam com seu senso de humor.

Em 7 de julho de 2005, Tanweer tomou calmamente o metrô de Londres. Perto da estação Aldgate, ele detonou uma bomba que levava na mochila, matando 7 pessoas. Três amigos dele também se suicidaram na mesma hora em outras estações. Ao todo, foram 56 mortos e centenas de feridos.

Filho de paquistaneses residentes na Inglaterra, Tanweer vivia no meio da ponte entre os dois mundos. Histórias como a dele, ou como a dos quebra-quebras promovidos por filhos de imigrantes nos subúrbios de Paris e os protestos mundiais contra as caricaturas de Maomé publicadas em um jornal dinamarquês, sugerem que algo anda mal na relação entre o Ocidente e o islã, algo parecido com um divórcio litigioso.

Afinal, o que está acontecendo? E por quê? A raiz do conflito está na desigualdade social, na violência de islâmicos fanáticos, numa suposta opressão imposta pelo Ocidente aos muçulmanos por séculos? Para chegar perto da resposta a primeira regra é não generalizar. Assim como o Ocidente – um balaio-de-gatos que reúne de chilenos a irlandeses – o islã não é um bloco monolítico: engloba 1,4 bilhão de pessoas das mais variadas tendências e uma tradição de enorme diversidade.

Para os especialistas, suicidas como Tanweer não são impulsionados por loucura nem pobreza, mas por fatos e idéias que têm história e marcaram a trajetória do islã. O saudita Osama bin Laden, ídolo de Tanweer, costuma defender essa tese com freqüência. Num vídeo de 7 de outubro de 2001, por exemplo, ele falava da “humilhação que o islã tem sofrido por mais de 80 anos”. A que 80 anos ele se referia? Talvez voltando no tempo seja possível entender o que acontece agora.

Ascensão e queda

Durante quase 1 000 anos – entre o declínio do Império Romano e o advento da modernidade – o islã esteve na vanguarda do progresso humano. A largada começou no século 7, quando os seguidores do profeta Maomé partiram de Medina, na atual Arábia Saudita, e conquistaram o Oriente Médio, o norte da África e a península Ibérica. Em 1095, a Igreja Católica enviou a primeira de várias expedições para recuperar a Terra Santa das mãos muçulmanas, conhecidas como cruzadas. A empreitada fracassou, enquanto os seguidores de Maomé só faziam ampliar seus domínios.

“O islã era a maior potência militar da Terra. Seus exércitos estavam invadindo a Europa, a África, a Índia e a China ao mesmo tempo”, diz o historiador inglês Bernard Lewis, decano da Universidade de Princeton, EUA. “Era também a potência econômica e comercial suprema. Nas artes e nas ciências, galgara um nível jamais atingido na história.” Mas, de repente, a balança se inverteu. Os europeus promoveram o Renascimento nas artes e recuperaram o atraso na ciência. No século 16, Espanha, Portugal, Áustria e Rússia ganharam sucessivas batalhas militares contra os exércitos de Alá. Em fins do século 17, quando os turcos otomanos eram seu principal representante político, o islã já era uma força decadente, em retirada, e com seus líderes sentindo-se ameaçados pelos europeus. O Ocidente, por sua vez, renovara seus valores com a Revolução Francesa e a bonança gerada pela Revolução Industrial.

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Em 1918, o Império Otomano finalmente caiu. Seu espólio foi dividido entre franceses e britânicos, que lotearam as terras do Oriente Médio, inventando uma divisão em 3 entidades com fronteiras e nomes novos. Duas delas, Iraque e Palestina (hoje Jordânia, Cisjordânia e Israel) ficaram sob mandato britânico. Os franceses controlaram a terceira, denominada de Síria (hoje Síria e Líbano). É a esse momento que Bin Laden se refere quando fala dos 80 anos de humilhação do islã. Afinal, após a 1ª Guerra Mundial quase todo o mundo muçulmano se transformara em colônia dos impérios europeus.

Foi quando muitos muçulmanos se perguntaram o que havia dado errado? Por que o islã que liderara o mundo tinha ficado para trás? Alguns líderes concluíram que a solução era copiar o estilo de vida dos vencedores. Em 1921, o iraniano Reza Pahlevi implantou reformas radicais, como a repressão aos religiosos e a emancipação feminina. Queria trazer ao seu país os valores em voga no Ocidente. Dois anos depois, o turco Kamal Ataturk foi mais longe: acabou com o ensino religioso nas escolas e aboliu o califado, o Estado islâmico, símbolo da identidade e da unidade muçulmanas durante 13 séculos. Numa canetada, Ataturk também proibiu o uso do alfabeto árabe e adotou a escrita ocidental.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial e a descolonização, muitos governos árabes seguiram a mesma estrada da modernidade: restringiram a influência da lei islâmica e importaram ideologias como o socialismo e o nacionalismo. Entre os maiores entusiastas desse modelo estavam o ditador egípcio Gamal Abdel Nasser e seu discípulo líbio Muamar Kadafi, que pregavam a união de todos os árabes sob a bandeira do pan-arabismo. Mas a iniciativa não deu muito certo. “Nos anos 70, nacionalismo e socialismo árabe se viram desacreditados pela desastrosa derrota frente a Israel na guerra de 1967, além do fracasso econômico e da corrupção dos governos”, diz John Esposito, diretor do Centro para o Entendimento entre Muçulmanos e Cristãos da Universidade Georgetown, EUA. Resultado: aquela nova frustração abriu as portas para uma ideologia revolucionária que se espalharia pelo mundo islâmico.

A força do islamismo

Os líderes dessa ideologia alardeavam que o islã tomara o caminho errado, pois seus governantes adotaram leis e costumes dos infiéis. Portanto, era preciso derrocá-los e implantar regimes que seguissem uma interpretação extrema da sharia, a lei islâmica.

Um dos movimentos por trás dessa idéia foi o salafismo (de salaf al-salih, ou “os veneráveis ancestrais”), que evoca o retorno à pureza dos tempos de Maomé, se preciso por meio da violência. Em 1928, o salafismo deu origem no Egito à Irmandade Muçulmana, a mãe de quase todos os atuais grupos fundamentalistas muçulmanos, como Hamas, Al Qaeda e Jihad Islâmica. O lema da irmandade era: “Deus é nosso objetivo; o Alcorão é nossa Constituição; o Profeta é nosso líder; a luta é o nosso caminho; e a morte em nome de Deus é nossa maior aspiração” .

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Até os anos 60, o salafismo organizou centenas de atentados no mundo árabe e no Irã, mas não conseguiu tomar o poder. “A partir dos anos 70, porém, o vazio ideológico foi preenchido pelo salafismo por meio de suas diferentes versões: em 1979, ele tomou o poder no Irã por meio de uma revolução guiada pelo aiatolá Khomeini; em 1996, assumiu o controle do Afeganistão através do regime talibã; há poucos meses, chegou ao poder na Palestina com o Hamas, pela via eleitoral”, diz o jornalista iraniano Amir Taheri no artigo Neo-Islã.

Na Arábia Saudita, a obsessão pela purificação do islã havia virado política de Estado desde o fim do Império Otomano, quando a monarquia local adotou o wahhabismo, doutrina formulada pelo teólogo do século 18 Mohamed Ibn al-Wahhab, que pregava a leitura rigorosa do islã. Com financiamento garantido pelo dinheiro que jorrava dos poços de petróleo, o governo saudita começou a propagar o wahhabismo com a construção de escolas do Corão (madrassas) e mesquitas ao redor do mundo. “O wahhabismo se transformou numa força mundial, com influência sobretudo na diáspora muçulmana. Há um ensino muito mais extremo nas escolas muçulmanas da Europa e da América que na maioria dos países muçulmanos”, diz Lewis. Foi numa dessas madrassas que Shehzad Tanweer, o suicida que andava de Mercedes, tomou contato com o wahhabismo.

Nos últimos anos, movimentos como o salafismo e o wahhabismo influenciaram a formação de uma ideologia mais ampla, com um viés revolucionário, que acadêmicos e especialistas chamam de islamismo – não confundir com islã, a religião. “O islamismo é uma manipulação do islã que busca o poder sob a desculpa da religião”, diz o diplomata espanhol Gustavo Arístegui no livro O Islamismo contra o Islã.

Os islamitas se dividem em várias correntes. Mas não é um exagero dizer que eles reinventaram a religião. A primeira inovação foi reformular o conceito de jihad, agora conhecido como “guerra santa”, mas cujo significado original é “luta ou esforço para viver segundo a lei divina”. Esse novo conceito de jihad, muitas vezes manifestado através de atos terroristas, é bem diferente das ações armadas realizadas nos anos 70 por grupos laicos como a Organização de Libertação da Palestina. Ele transformou em religiosos o que antes eram conflitos nacionais.

Mas talvez a inovação mais importante do islamismo tenha sido o suicídio, que é considerado um pecado pelo islã. O que o Alcorão diz é que morrer pela fé é a forma mais elevada de testemunhar Deus. Daí a palavra árabe para mártir, shahid, que quer dizer testemunha. Numa reinterpretação livre da lei, os novos teólogos islamitas igualaram martírio a suicídio, dizendo a seus combatentes que quem morre dessa forma vai direto para o paraíso.

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Choque de idéias

Com o colapso da URSS, em 1991, o Ocidente foi tomado por um clima de euforia. Na obra O Fim da História, o cientista político americano Francis Fukuyama proclamava que o liberalismo finalmente havia vencido o socialismo e o fascismo. Dali em diante, não haveria mais espaço fora da modernidade. Em 1993, outro cientista político americano, Samuel Huntington, foi mais cauteloso em seu artigo O Choque de Civilizações, que depois originou um livro. Ele dizia que era errado e até perigoso pensar que as idéias do Ocidente são universais. Para Huntington, o mundo estava entrando numa nova fase, na qual os principais conflitos não seriam ideológicos nem econômicos, mas culturais. Os embates agora viriam de diferenças entre as civilizações, principalmente entre o Ocidente e o islã.

A teoria gerou enorme polêmica por propagar a noção de “ameaça islâmica” e afastar a chance de que islã e Ocidente possam conviver. Hoje, defender as idéias de Huntington no mundo acadêmico é praticamente uma heresia. Suas teses são consideradas preconceituosas em relação ao islã, simplistas e apocalípticas – e provavelmente são isso tudo mesmo. Mas, surpresa, o livro Choque de Civilizações virou best seller no mundo árabe: “Os islamitas o adoram. A tese de Huntington leva água para o moinho deles ao dizer que as duas civilizações são incompatíveis. A conclusão lógica é que o mundo muçulmano tem razão em se fechar radicalmente ao Ocidente”, afirma o sociólogo francês Gilles Kepel.

Mas qual a tese dos islamitas? Eles vêem o Ocidente não como um lugar geográfico, mas como uma entidade simbólica de valores “decadentes”. Os talibãs deixaram isso claro ao conquistar o poder no Afeganistão. O presidente deposto, Mohammad Najibullah, foi torturado e morto. Teve os testículos cortados, dinheiro enfiado nos bolsos e cigarros entre os dedos. Seu corpo foi pendurado num poste para mostrar que dinheiro, sexo e cigarros são as marcas da depravação ocidental.

O irônico é descobrir que vários islamitas iniciaram sua pregação anti-Ocidente após viver nele. O sudanês Hassan Al Turabi descolou um Ph.D. em direito na Sorbonne, em Paris, antes de guiar a revolução islâmica em seu país; o egípcio Said Qutb estudou nos EUA antes de virar ícone da Irmandade Muçulmana. Para alguns analistas, essas pessoas talvez tenham nutrido expectativas ilusórias sobre seu sucesso no Ocidente e, ao voltarem para casa, levaram na bagagem o desprezo e o ódio pelo mundo que supostamente as ignorou.

Qutb e Turabi formularam boa parte da cartilha seguida hoje pela Al Qaeda. Aos já recorrentes temas do martírio, suicídio e jihad eles acrescentaram a adaptação do conceito islâmico de jahilyya, ou “estado de ignorância”. Maomé o usava para se referir ao politeísmo e à idolatria de sua época. Para Qutb e seus seguidores, o mundo inteiro vive em jahilyya. As metrópoles – de Roma a Nova York – são pecadoras por cultuar “deuses” como as finanças, a prostituição e o feminismo. O egípcio Mohamed Atta, chefe dos terroristas que atacaram o World Trade Center, expressou assim sua repulsa à sexualidade: “Quem limpar meu corpo deve usar luvas para não tocar meus genitais”.

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Ocidente x islã?

No fim das contas, dizer que existe choque entre o Ocidente e o islã talvez seja simplificar essa história. O mais provável é que haja não apenas um, mas vários choques em andamento.

O primeiro deles seria entre o Ocidente e os islamitas, e nesse caso o principal sintoma é a atuação dos filhos de imigrantes que vivem na Europa, como Tanweer. O que mais desconcerta nesse radicalismo é que ele vem crescendo até em países que fizeram muito para absorver os imigrantes, como a Holanda. Em 2004, o cineasta Theo van Gogh, autor do documentário Submissão, sobre mulheres muçulmanas, foi assassinado por Mohammed Bouyeri, holandês de origem marroquina que estudou numa ótima escola no subúrbio de Amsterdã. “São garotos da segunda ou terceira geração de imigrantes, em geral mais religiosos que os pais e os avós”, diz Robert Leiken, diretor do Programa de Imigração e Segurança Nacional do Centro Nixon, EUA. “Esses jovens não se sentem parte do país que os acolheu. Ficam num dilema de identidade que aprofunda seu sentimento de frustração ou ódio. Acabam sendo presas fáceis para o islamismo, pois buscam nele a identidade perdida”, diz Gustavo de Arístegui.

O segundo choque seria entre o islã e a xenofobia européia – um sentimento que existe de sobra no Velho Continente. Na Dinamarca, onde o jornal Jyllands Posten publicou as famosas charges de Maomé, cresce o flerte entre eleitores e candidatos da ultradireita – gente que acredita que a Dinamarca seria um país melhor se apenas cristãos de pele branca vivessem por lá. E o ministro do interior da França, Nicolas Sarkozy, chamou de “escória” os jovens muçulmanos responsáveis pelos distúrbios nos subúrbios de Paris. Os mais alarmistas cunharam até um termo, Eurábia, para descrever essa nova Europa que estaria perdendo a identidade cultural por causa da imigração muçulmana. Os teóricos da Eurábia dizem que os 20 milhões de imigrantes muçulmanos estão transformando o continente numa colônia do islã. Pesquisas recentes, porém, mostram que a coisa não é bem assim. Os muçulmanos não chegam a 4% da população total da União Européia. Tampouco são homogêneos. Na Inglaterra, a maioria são asiáticos, na França, argelinos, na Alemanha, turcos – todos culturalmente bem diferentes. Além disso, as taxas de natalidade estão em queda e a miscigenação, em alta – 25% das muçulmanas francesas se casam com homens de outra religião.

O terceiro choque estaria dentro do próprio islã, entre radicais e moderados, entre os que defendem Estados baseados na lei do Alcorão e os que querem nações com separação entre mesquita e Estado. Para muitos, estimular essa fissura é a única forma eficiente de combate ao fundamentalismo.

O último choque envolveria o Ocidente e as grandes religiões, inclusive o islã. O embate que vemos talvez seja apenas parte de outro bem mais amplo. “As grandes religiões têm conflitos fundamentais com valores modernos, como democracia, individualismo e direitos humanos. Consideram que a única fonte de legitimidade é algo chamado Deus, que tem a autoridade sobre o Universo. O que quer que Ele diga é verdade e temos de cumprir”, diz o jornalista iraniano residente no Canadá Hossein Derakhshan. Após séculos de disputas entre reis e papas, o Ocidente achou um jeito de separar – pelo menos formalmente – a religião da política. Escolheu-se um modelo que coloca o Estado sob comando das pessoas, e não de Deus. Se olharmos para os milênios de história do homem, isso é uma novidade tão recente quanto radical.

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Ainda há muitas dúvidas sobre a melhor forma de integrar os dois mundos. Seria o secularismo extremo da França, que proíbe o uso do véu islâmico em escolas públicas, onde qualquer manifestação religiosa é proibida em respeito ao Estado laico? Ou o multiculturalismo da Inglaterra? Certo é que tanto o Ocidente como o islã precisam de uma auto-reflexão. Uma pesquisa divulgada em junho pelo projeto internacional Pew Global Attitudes ouviu 14 mil pessoas em 13 países para saber como os muçulmanos vêem os ocidentais e vice-versa. Conclusão: em geral, cada lado acha que o outro é violento e fanático.

Ideólogos do islamismo

Mohamed Ibn al-Wahhab (1703-1792)

Viveu na época em que o Império Otomano começou a ruir. Pregava como remédio o retorno estrito ao Alcorão.

Hassan al-Banna (1906-1949)

Lutou contra o domínio inglês no Egito e depois contra o próprio governo, que acusava de ocidentalizado. Fundou a Irmandade Muçulmana, defensora da adoção de Estados regidos pelo islã.

Mawlana Mawdudi (1903-1979)

Fundador do partido Jamaat-i-Islami, esse paquistanês dizia que o islã não era uma religião, mas um sistema global dedicado a aniquilar todos os governos tirânicos e malvados.

Sayd Qutb (1906-1966)

Professor egípcio, estudou nos EUA e voltou dizendo que o estilo de vida americano encarnava o mal. Integrou a Irmandade Muçulmana até ser executado pelo governo egípcio.

Hassan al-Turabi (1932-hoje)

Estudou na Sorbonne e em Oxford antes de virar ideólogo da república islâmica instaurada no Sudão, seu país natal.

Abdallah Azzam (1941-1989)

Co-fundador do Hamas, elaborou a base para a doutrinação de jovens no Afeganistão e abriu, ao lado de Bin Laden, o Escritório para os Combatentes Internacionais.

Osama Bin Laden (1957-hoje)

Separou-se de Azzam para criar a Al Qaeda. Faz constantes referências ao passado glorioso do islã e prega a jihad contra judeus e cruzados.

Pontos de tensão

1. Sudão

Apoiados pelo governo, milicianos árabes (janjaweeds) levam a cabo um genocídio contra tribos africanas não árabes em Darfur.

2. Geórgia

Islamitas usam escolas, mesquitas e organizações de caridade para se organizar nessa ex-república soviética. Tentam fundar um Estado islamita na região de Abjasia.

3. Kosovo

O Exército de Liberação de Kosovo lidera as ações fundamentalistas nos Bálcãs – região históricamente sensível a conflitos étnicos.

4. Caxemira

Alvo de disputas entre Índia e Paquistão desde o fim do colonialismo inglês, a região ficou mais conturbada com o crescimento do radicalismo islâmico.

5. Chechênia

Chechenos buscam a independência desde a era dos czares. Milhares foram mortos ou deportados por Stalin. Radicais islâmicos exercem crescente influência sobre eles e estão por trás de atentados em Moscou.

6. Filipinas

O grupo Abu Saiaf, ligado à Al Qaeda, realiza atentados para desestabilizar o governo.

7. Palestina

Hamas e Jihad, que prega a instauração de um Estado islâmico, transformaram em religioso um conflito nacionalista.

8. Xinjiang

Grupos étnicos muçulmanos reivindicam independência nessa região autônoma chinesa. Sua causa é nacionalista e laica, mas grupos islamitas começam a atuar ali.

Para saber mais

Ocidentalismo, de Ian Buruma e Avishai Margalit.

O que Deu Errado no Oriente Médio?, de Bernard Lewis.

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