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Como os maias sabiam tanto sobre astronomia?

Eles conheciam mais do que os europeus de sua época. Como conseguiram?

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 7 dez 2018, 18h27 - Publicado em 31 Maio 2007, 22h00

Enquanto estiveram no auge, entre os anos 200 d.C. e 900 d.C, os maias foram uma das civilizações mais avançadas do planeta. Sua astronomia e sua matemática, em alguns aspectos, estavam à frente daquilo que a Europa conhecia. No ano 325, eles já dominavam o conceito de zero, coisa que os europeus só descobriram e começaram a usar cerca de 700 anos depois. Em várias cidades maias, como Palenque, Sayil e Chichén Itzá, os centros astronômicos ocupavam áreas centrais.

Os maias calcularam, por exemplo, que Vênus passa pela Terra a cada 583,935 dias – algo espantosamente próximo do número correto, que conhecemos hoje: entre 583,920 e 583,940. Também definiram que o ciclo lunar dura 29,53086 dias (atualmente os astrônomos falam em 29,54059). Os maias registraram que o Sol completa seu ciclo em 365,2420 dias, enquanto que na atualidade esse número está definido em 365,2422. Com base nesses conhecimentos, eles criaram um conjunto de calendários complexos e interligados que, juntos, formavam um dos sistemas de contagem do tempo mais precisos de sua época.

Documentos queimados

Hoje sabemos que os maias estavam certos em seus cálculos. Mas como foi possível que eles avançassem tanto sem usar nenhum tipo de lente? Entre os europeus, a astronomia só começou a avançar mais rápido lá pelo século 17, quando Galileu Galilei se apropriou da invenção do telescópio, registrada pelo fabricantes de lentes holandês Hans Lippershey, para olhar para o espaço. É difícil saber como os maias chegaram a essas conclusões porque, enquanto Galileu localizava manchas no Sol e identificava o planeta Júpiter, os espanhóis se empenhavam em destruir a civilização maia. Como os maias não tinham um reino unificado, foi um processo lento, em que cada cidade-Estado caiu sozinha. A última, Tayasal, foi derrotada em 1697. Todas elas foram saqueadas e tiveram bibliotecas e templos queimados.

“Não conhecemos as pesquisas deles em detalhes, porque os espanhóis destruíram tudo o que encontraram pela frente. É certo que o que sobrou é apenas um resíduo do conhecimento que eles tinham construído”, diz o antropólogo americano Marcello Canuto, professor da Universidade Yale, nos EUA. Poucos documentos resistiram.

O mais importante deles é o Código Dresden, um manuscrito que reúne praticamente tudo o que sabemos sobre os conhecimentos matemáticos e astronômicos deles. Nesse texto de 39 folhas, escritas dos dois lados, encontram-se não só a descrição de rituais religiosos mas também os cálculos para a previsão de eclipses e as conclusões a respeito do ciclo de Vênus – que funcionava como uma referência para a data das colheitas e para a escolha da época mais favorável para guerrear.

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