Como egípcios construíram as pirâmides? Arqueólogos descobrem possível explicação.
A pirâmide de Djoser, a primeira do Egito Antigo, pode ter sido construída com a ajuda de um elevador hidráulico primitivo, usando água da chuva.
Quando você leva o carro no mecânico, os profissionais levantam o veículo usando um elevador hidráulico. Alguns prédios e plataformas de petróleo também usam o mesmo sistema para levantar e descer grandes pesos. Segundo um novo estudo publicado no site PLOS ONE, talvez os egípcios tenham usado uma versão primitiva desse método para construir sua primeira pirâmide.
O sistema hidráulico complexo para construir a pirâmide de Djoser, em Sacará, teria envolvido purificar as águas e direcioná-las por meio de canais para levantar um elevador, levando as pedras pesadas do monumento até o topo.
A construção monumental dos egípcios tem cerca de 4.500 anos e fica ao sul da cidade de Cairo, a capital do Egito. Ela é uma das sete grandes pirâmides mais antigas do império, que também inclui as gigantes construções de Gizé. Djoser foi escolhida pelos pesquisadores por ser menor e mais simples de estudar.
Mesmo sendo “menor”, ela ainda é gigante: são 62,5 metros de altura com seis grandes degraus, e uma base de 121 metros de comprimento por 109 de largura. É possivelmente a construção monumental de pedra mais antiga do mundo, tendo sido construída sob a supervisão do arquiteto real Imhotep entre 2667 e 2648 a.C.
Itaipu do Egito Antigo
O propósito do estudo era tentar entender como a pirâmide de Djoser foi construída. Para isso, os pesquisadores analisaram a área próxima, num raio de 10 km da pirâmide. Eles descobriram marcas de uma antiga bacia hidrográfica por perto. Quando chovia, ela convergia no rio Abusir, que não existe mais.
Onde um dia houve um rio, os pesquisadores encontraram uma edificação chamada pelos antigos egípcios de Gisr el-Mudir, com cerca de 2 km de comprimento. Os especialistas no Egito Antigo já sabiam da existência da construção, mas não entendiam sua função. Era uma fortaleza? Uma tumba? Agora, os arqueólogos levantam outra hipótese: pode ter sido uma barragem, que controlava o fluxo do rio e filtrava a sujeira das águas.
A estrutura de Gisr el-Mudir realmente se assemelha a construções que filtram água hoje em dia. Além disso, a edificação ficava exatamente no local que cortava a correnteza do rio.
Além dela, os pesquisadores encontraram uma trincheira profunda construída perto da pirâmide, com 400 metros de comprimento e 27 metros de profundidade. Não dá para ter certeza de sua função, mas a hipótese dos egiptólogos é que era uma estação de tratamento de água, com bacias de sedimentação, retenção e um sistema de purificação.
Tudo isso do lado da pirâmide de Djoser. Os arqueólogos perceberam que talvez estivessem lidando com um sistema hidráulico unificado e complexo que pode ter impactado a construção da pirâmide.
Elevador primitivo
Por que será que os egípcios construíram toda essa estrutura em volta da pirâmide de Djoser? Uma das razões possíveis é que tudo isso ajudava no desenvolvimento de assentamentos humanos em Sacará, mas não há muitas evidências arqueológicas disso. A outra hipótese dos pesquisadores é que o sistema foi necessário para a construção da pirâmide.
Alguns tubos encontrados pelos pesquisadores iam da trincheira profunda até a pirâmide, com água escoando por eles. Essa água seria direcionada para um fosso no centro da construção, onde talvez estaria o sarcófago do faraó Djoser, que dá nome à pirâmide.
A outra possibilidade é que ali no meio houvesse um elevador hidráulico primitivo. Quando enchia de água, a plataforma central com rochas era suspensa para levar os materiais de construção até o topo da pirâmide.
Mas será que haveria água suficiente para um mecanismo complexo como esse? Só 1 a 3% do volume total de água das chuvas estaria disponível para ser usado na época que a pirâmide foi construída. Mesmo assim, seria possível fazer o elevador funcionar.
Não dá para ter certeza se os egípcios realmente construíram a primeira pirâmide assim, mas essa é uma das respostas possíveis. Mais estudos são necessários para entender se esse padrão se repete em outras grandes pirâmides.