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A história de 4 santos associados a festas

Quem foram Santo Antônio, São Patrício, Cosme e Damião? Conheça o passado desses homens e por que eles viraram sinônimo de folia.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 jun 2019, 11h20

Por mais que as vidas dos santos tenham sido marcadas pela abnegação e por martírio, seus fiéis inventaram motivos para associá-las a muita festa – celebrações que, às vezes, não guardam a mínima relação com a hagiografia desses homens de Deus.

E nesse balaio entram muito doce, chope, espetinho e quentão. Afinal, quem gosta de sacrifício é gente canonizada. O povão gosta mesmo é de folia.

 

1. São Nicolau

O turco que virou Papai Noel.

? – 350, Patara, Ásia Menor

Dia do santo: 6/12

São Nicolau
(Lambuja/Superinteressante)

A vida do bispo de Mira, na Turquia, foi marcada pela ajuda aos necessitados. De família abastada, não perdia oportunidade de dividir sua fortuna. Foi assim quando um de seus vizinhos, endividado, quis prostituir as filhas virgens para levantar dinheiro. Nicolau, então, passou a jogar sacos de moedas de ouro pela janela do homem, para que ele desistisse da ideia de ser pai-cafetão.

Além de generoso, o bispo teria feito milagres ainda em vida, o que logo lhe rendeu fama de santo. Os fenômenos começaram já no dia de seu nascimento, quando o bebê teria tomado banho de pé, como eu e você. Já adulto, Nicolau surgiria do nada em resposta à invocação de marinheiros numa tempestade, manobrando ele mesmo a embarcação – e os salvando de um naufrágio certo.

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No século 10, 600 anos após a morte dele, a devoção a Nicolau chegaria ao Ocidente pelo sul da Itália, e sua história se misturaria a contos nórdicos nos Países Baixos. Estava pronta a receita para transformar esse bispo da Antiguidade no grande herói do Natal: Papai Noel.

2. Santo Antônio

Padroeiro dos casamentos

1195 – 1231, Lisboa, Portugal

Dia do santo: 13/6

Santo Antônio
(Zakuro/Superinteressante)

Um dos astros das festas juninas, este santo português ganhou fama de casamenteiro porque, segundo a tradição, ajudaria mulheres humildes a conseguir um dote e um enxoval para casar.

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Desde cedo dedicado ao estudo da fé, Antônio foi monge e padre até tornar-se frei franciscano – ele inclusive se encontrou pessoalmente com Francisco de Assis quando seu navio, que voltava do Marrocos para Portugal, acabou se desviando para a Itália.

Os fiéis acreditam que, por ele ter sido grande orador, Deus quis dar uma prova de sua santidade: entre seus restos mortais, praticamente só pó e ossos, foi encontrada sua língua ainda intacta. Ela continua preservada, embora já seca e escura, na Basílica de Pádua – cidade italiana onde o santo número um dos encalhados morreu, aos 36 anos.

3. São Cosme e Damião

Doces com sabor de sincretismo religioso

? – 287, Ásia Menor

Dia dos santos: 27/9

São Cosme e Damião
(Zakuro/Superinteressante)
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Esses irmãos nascidos na Arábia não só eram gêmeos como tinham a mesma profissão: a medicina. Mas, movidos pela caridade cristã, não cobravam nada de seus pacientes. Até que a fama acabou chegando às autoridades romanas. E aí, já viu…

Um governador de província mandou que fossem queimados vivos (diz a lenda que as chamas fugiam do contato com seus corpos) e apedrejados (as pedras voltavam na direção de quem as atirava). A série de milagres só teria terminado quando foram decapitados.

O curioso é que tanta tragédia viraria um costume simpático no Brasil. A tradição de distribuir doces para crianças no Dia de Cosme e Damião veio do sincretismo religioso. Com os rituais africanos proibidos, os escravos passaram a associar suas figuras sagradas aos santos católicos, e relacionaram os irmãos-doutores a orixás Ibejis, entidades crianças – homenageadas com caruru, vatapá e muitas guloseimas.

4. São Patrício

Devotos bons de copo

387-461, Banwen, País de Gales

Dia do santo: 17/3

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São Patrício
(Zakuro/Superinteressante)

Tanta gente toma chope verde em pubs na noite de 17 de março porque o santo homenageado nesse dia é padroeiro da Irlanda – o quarto país que mais consome cerveja no mundo. E por que verde? “O trevo que acompanha São Patrício, por ser verde e representar a boa sorte, acabou se tornando um símbolo do patriotismo católico”, aponta Marcelo Duarte em seu Guia dos Curiosos.

Essa relação especial com os irlandeses tem explicação: Patrício foi um missionário com a tarefa de converter a Irlanda ao cristianismo – numa época em que o país era majoritariamente pagão. Um milagre teria ajudado o santo a convencer o povo de lá: com seu cajado, traçou um círculo no chão, e a terra ali se abriu num poço profundo – uma passagem direta para o purgatório.

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