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7 sambas-enredo que ensinam mais do que seu professor de colégio

Quem diz que carnaval não é cultura talvez tenha umas lições a aprender

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h05 - Publicado em 5 fev 2016, 12h45

Todo ano tem carnaval, e todo carnaval tem um pessoal que reclama dizendo que a festa é perda de tempo, que não agrega em nada, que bom mesmo é ficar em casa lendo um livro, ou assistindo série americana. Bom, essa galera está errada. Não que ler ou assistir Netflix são coisas ruins, de jeito nenhum, mas o ponto é que o carnaval pode ser uma grande fonte de conhecimento, que ensina por meio dos sambas enredo. Para provar, separamos seis músicas que talvez ensinem melhor do que aquele seu professor que não curtia folia.

Asas de Um Sonho, Viajando Com o Salgueiro, o Orgulho de Ser Brasileiro – Salgueiro (2002)

No começo da década passada, os compositores Flavio Oliveira e Fernando conseguiram contar como Santos Dummont criou o avião, rapidamente, o samba fala das inspirações do criador do avião: Leonardo da Vinci, que já havia tentado contruir a máquina, e Ícaro, personagem mitológico que tinha asas de cera, que derreteram quando se aproximou do Sol.  A canção ainda cita o fato do primeiro voo da história ter sido registrado em Paris, com o brasileiro pilotando.

Dando asas à imaginação
Alcançou a imensidão
O orgulho de ser brasileiro
Este sonho foi de Ícaro,
Renasceu em da Vinci,
Pipas chinesas, aves de papel,
Era mais leve que o ar
Nos balões a flutuar,
Cruzava mares, dirigível pelo céu

Hoje eu vou salgueirar,
Da avenida voar, com a
bandeira do meu país
Vou com Santos Dumont, tirando
onda em Paris”

 

 

Carnaval do Brasil, a Oitava das Sete Maravilhas do Mundo – Beija Flor (1981)

Aquela aula sobre as sete maravilhas do mundo antigo seria muito mais fácil se o professor tivesse simplesmente dado play. A música da Beija flor cita todas as 7, tudo em um ritmo que ajuda a memorizar. Nota…. Dez!

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“Com as 7 maravilhas deste mundo !
Os jardins suspensos da Babilônia
Que um rei construiu com amor
E orgulhoso a rainha ofertou

E a muralha de longe fascina
Quem tem olho grande não entra na China

A estátua de Zeus
O Deus de todo o povo grego
E o templo de Diana
Relicário de beleza!
O Colosso de Rodes
E as pirâmides do Egito
O farol de Alexandria
Iluminava até o infinito”

 

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Paulicéia Desvairada: 70 anos de Modernismo – Estácio de Sá (1992)

A semana de 1922 é um dos marcos da cultura brasileira, que contou com nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Di Cavalcanti. O evento não foi ignorado pelos carnavalescos, em 1992, no aniversário de 70 anos da data. A letra fala sobre a diversidade de artes abordadas na semana, e principalmente dos fundamentos do movimento, que buscavam retratar o cotidiano brasileiro, a revitalização da arte barroca, e a diminuição da adoração dada à arte europeia.

“Músicos, atores, escultores
Pintores, poetas e compositores
Expoentes de um grande país
Mostraram ao mundo o perfil do brasileiro
Malandro, bonito, sagaz e maneiro
Que canta e dança, pinta e borda e é feliz
E assim transformaram os conceitos sociais
E resgataram pra nossa cultura
A beleza do folclore
E a riqueza do barroco nacional”

 

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Da Chama da Razão ao Palco das Emoções… Sou Maquina, Sou Vida… Sou Coração Pulsando Forte na Avenida!!! – Mocidade Alegre (2009)

Em 2009, a Mocidade Alegre fez um samba sobre o coração. Na letra, a escola cita o início do estudo do corpo humano, que aconteceu durante o período conhecido como Renascimento (existente entre os sec XIV e XVI). A música também cita o fato de como o pensamento científico auxiliou a ideia de iluminismo, no século seguinte, em trechos como “a chama da razão” e “a luz que ilumina cada ser”.

“Chegou Mocidade o grande dia
Avante nossa família
Que traz a chama da razão
E faz brilhar nesta avenida
A luz que ilumina cada ser
É a fonte do saber
Na religião, mistério e segredo… Unificação
O Renascimento desperta a ciência
Fazendo o homem conhecer
Sua própria existência”

 

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Vovó e o rei da saturnália na corte egipciana – Beija Flor (1977)

Em 1977, a Beija Flor conseguiu contar a história de origem do carnaval e, de quebra, falou sobre costumes de Roma e do Egito antigo. A corte egipciana faz alusão a um dos prováveis inícios da festa: acredita-se que no Egito, a população usava máscaras e dançava envolta de um transportador que levava uma barca para a deusa Ísis. A Saturnália, por outro lado, se refere à festa que acontecia no período romano, quando os escravos eram tratados como homens livres, e os integrantes da festa sorteavam um rei que podia ordenar qualquer coisa – a comemoração costumava envolver bebidas e orgias.

“A corte egipciana
Enredos de nostalgia

Não chore não vovó
Não chore não
Veja quanta alegria dentro da
recordação

Relembre a graça do entrudo
E o fascínio do baile de Veneza
Lá em Roma Pagã
Para festejar a primavera
Colhiam frutose faziam orgia
Que começavam ao
romper do dia

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E vinha um rei
Num belo carro naval
Alegrando a saturnália
Inventando o carnaval”

 

 

Trevas! Luz! A explosão do universo – Viradouro (1997)

O Big bang já virou samba enredo também. Em 1997 a Viradouro conseguiu fazer uma canção que aborda o início do universo, e coloca na sua letra a teoria de que o universo ewstá em constante expansão.

“É big-bang, coisa igual eu nunca vi, que esplendor
Vem das trevas, tudo pode acontecer
A noite vira dia, luz de um novo amanhecer
Vai meu verso buscar a Terra em embrião
Da poeira do universo desabrocha a natureza em expansão”

 

 

 Quilombo dos Palmares – Salgueiro (1960)

No ano de 1960, o salgueiro conseguiu – em um só samba – escrever uma biografia de Zumbi dos Palmares. A letra retrata a vida desse que é um dos maiores personagens da história do Brasil, dando o contexto histórico sobre a invasão dos holandeses, a tentativa de sobrevivência dos escravos pernambucanos, a fundação do Quilombo dos Palmares e até a derradeira morte do herói.  É de fazer inveja para qualquer livro de história. A letra, na íntegra, você vê abaixo:

“No tempo em que o Brasil ainda era
Um simples país colonial,
Pernambuco foi palco da história
Que apresentamos neste carnaval.
Com a invasão dos holandeses
Os escravos fugiram da opressão
E do julgo dos portugueses.
Esses revoltosos
Ansiosos pela liberdade
Nos arraiais dos Palmares
Buscavam a tranqüilidade.

Ô-ô-ô-ô-ô-ô

Ô-ô, ô-ô, ô-ô.

Surgiu nessa história um protetor.
Zumbi, o divino imperador,
Resistiu com seus guerreiros em sua tróia,
Muitos anos, ao furor dos opressores,
Ao qual os negros refugiados
Rendiam respeito e louvor.
Quarenta e oito anos depois

De luta e glória,
Terminou o conflito dos Palmares,
E lá no alto da serra,
Contemplando a sua terra,
Viu em chamas a sua tróia,
E num lance impressionante
Zumbi no seu orgulho se precipitou
Lá do alto da Serra do Gigante.

Meu maracatu
É da coroa imperial.
É de Pernambuco,
Ele é da casa real.”

 

 

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