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7 ativistas afro-brasileiros que você provavelmente não conhece

E a importância de suas contribuições ao movimento negro – das lutas pelo fim da escravidão à política de cotas nas Universidades.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 2 jun 2020, 21h31 - Publicado em 2 jun 2020, 21h10

Angela Davis, Nelson Mandela e Martin Luther King são alguns dos nomes diretamente associados ao movimento negro pelo mundo – mas eles não são os únicos, é claro. Mesmo no Brasil, onde 53% da população se autodeclara preta ou parda, foram necessários anos de luta para que negros tivessem acesso a direitos básicos – ou o mínimo de representatividade étnica em diversos setores sociais. Conheça alguns brasileiros que dedicaram suas vidas ao ativismo negro, e que você, provavelmente, nunca ouviu falar.

7 ativistas negros brasileiros que você provavelmente não conhece
José do Patrocínio, André Rebouças e Abdias Nascimento. (Wikimedia/Reprodução)

Dandara dos Palmares

Líder quilombola mais importante da história, Zumbi dos Palmares não agia sozinho. Sua companheira, Dandara, participava ativamente da luta contra o sistema escravocrata no final do século 17. Ao que tudo indica, ela se juntou aos grupos de resistência no quilombo dos Palmares ainda na infância e seguiu pegando em armas e criando estratégias pela libertação dos negros. 

A vida de Dandara para além de Palmares é uma incógnita, já que quase não há registros sobre ela. Sabe-se apenas que ela teve três filhos e tinha a caça e a agricultura como algumas de suas atividades cotidianas no quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694, a ativista foi capturada e presa, preferindo o suicídio a voltar à condição de escrava. Em 24 de abril de 2019, devido a sua participação ativa contra o regime escravocrata, foi considerada Heroína da Pátria pela Lei n.º 13.816. 

José do Patrocínio

Foi uma das principais figuras do movimento abolicionista no Brasil. Concluiu o curso de Farmácia em 1874, mas começou a trabalhar como jornalista no Rio de Janeiro em 1875, quando lançou o quinzenário “Os Ferrões”. Em 1881, comprou o jornal fluminense Gazeta da Tarde com a ajuda do sogro e utilizou o espaço para fazer campanhas pela abolição da escravatura no país.

Fundou a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão e também organizou a Confederação Abolicionista com apoio de outros intelectuais da época. Mas não ficou apenas nos textos; participou ativamente ajudando na fuga de grupos de resistência e pagando alforrias de escravos. Manteve sua participação política até a Proclamação da Lei Áurea, em 1888. 

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André Rebouças 

Se você vive em São Paulo, há boas chances de já ter passado pela Avenida Rebouças – provavelmente sem saber quem foi a figura homônima que inspirou esse nome. Trata-se de André Rebouças, um dos principais intelectuais a trabalhar junto a José do Patrocínio no movimento abolicionista. 

Filho de um pai influente e, Rebouças graduou-se em Engenharia Civil. Serviu como engenheiro na Guerra do Paraguai e participou do projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, apresentando a ideia diretamente para o imperador Dom Pedro II. Viveu cerca de um ano na Europa, mas retornou para dar continuidade ao movimento abolicionista, voltando a Portugal apenas em 1889 junto à família real após a queda da monarquia. 

7 ativistas negros brasileiros que você provavelmente não conhece
Antonieta de Barros, Sueli Carneiro e Lélia Gonzalez. (Wikimedia/Reprodução)

Antonieta de Barros 

Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a exercer o cargo de deputada estadual no Brasil. Atuou na Assembleia Legislativa de Santa Catarina após ser eleita em 1934, dois anos após as mulheres brasileiras conquistarem o direito ao voto. Antonieta, filha de escrava, nasceu 13 anos depois da Lei Áurea, e, na juventude, formou-se professora.

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Antonieta ganhou popularidade e respeito após fundar em sua própria casa um curso de alfabetização. Também foi jornalista e escreveu por mais de 20 anos nos principais periódicos do estado. Suas principais lutas seguem sendo debatidas até hoje: educação para todos, valorização da cultura negra e emancipação da mulher.

Abdias Nascimento 

Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2010 – e, mesmo assim, é bem provável que seu nome sequer soe familiar para você, leitor. Nascimento é um dos principais expoentes da cultura negra e dos direitos humanos no Brasil. Em 1944, fundou o Teatro Experimental do Negro (TEN), de onde saiu a primeira geração de dramaturgos negros do Brasil.

No ano seguinte, organizou a Convenção Nacional do Negro, que propôs à Assembleia Nacional Constituinte definir racismo como crime. Em 1950, o TEN assumiu o Museu da Arte Negra, que fica sob curadoria de Nascimento.

Em 1968, Abdias viajou para os Estados Unidos. O Ato Institucional 5 (AI-5) foi promulgado, o que forçou o intelectual, alvo de inquéritos policiais no Brasil, a permanecer nos EUA. Por lá, se dedicou às artes plásticas, criando peças que exaltavam a cultura afro-brasileira e a luta dos povos africanos pelo mundo.

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Abdias também foi responsável pela criação do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO), na PUC-SP, auxiliou a criar o Memorial Zumbi e também contribuiu para o Movimento Negro Unificado (MNU).

Lélia Gonzalez 

Foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978. Além disso, fundou o primeiro curso de Cultura Negra na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), colocando no currículo aulas de danças afro-brasileiras. Lélia acreditava que a cultura deveria ser pensada de forma plural e usada como ferramenta de conscientização política. 

Acadêmica e militante notável, formou-se em História e Filosofia, escrevendo uma série de artigos sobre feminismo negro que colaboram até hoje para a luta das mulheres negras na sociedade brasileira.

Sueli Carneiro

É uma das principais pesquisadoras do feminismo negro no Brasil. Se formou no curso de filosofia da USP em 1970, sendo a única negra da turma. Em 1988, fundou o Geledés – Instituto da Mulher Negra, uma das maiores ONGs nacionais de combate ao racismo e sexismo.

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Sueli usou ativamente sua voz para que fossem adotadas as cotas raciais nas universidades e defendeu a criação da lei em audiência pública feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2010.

 

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