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Quatro ataques históricos ao Capitólio dos EUA

Antes do que aconteceu na última quarta (6/1), o local só havia sido amplamente invadido e destruído durante uma guerra – e por soldados britânicos. Conheça esse e outros episódios violentos.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 7 jan 2021, 20h12 - Publicado em 7 jan 2021, 20h08

Na última quarta-feira (06), o Capitólio dos Estados Unidos, sede do Congresso do país (que reúne a Câmara dos Deputados e o Senado), foi invadido por uma multidão de apoiadores do presidente republicano Donald Trump. Marcada por violência e confrontos com a polícia, o ato fez com que deputados, senadores e outras autoridades tivessem que se refugiar no porão do prédio ou em seus escritórios privados até que a situação fosse controlada. Quatro pessoas morreram durante a confusão.

O episódio ocorreu quando o Congresso americano contava os votos do Colégio Eleitoral, o processo pelo qual o presidente dos EUA é eleito. Normalmente, a cerimônia é apenas simbólica – os congressistas leem os votos para todos e a eleição é oficializada. Neste ano, porém, foi diferente: derrotado nas urnas, Trump não aceitou o resultado e acusou o processo eleitoral de fraudes e irregularidades, ainda que sem provas. Por isso, alguns congressistas anunciaram que iriam protestar contra a contagem oficial dos votos na sessão.

Uma multidão de apoiadores do presidente também se reuniu perto do Capitólio, em Washington, capital do país, para protestar contra o processo. Pouco tempo antes do início dos debates, Trump fez um discurso aos seus apoiadores, insistindo na falsa narrativa de fraude e insuflando a população a não aceitar os resultados.

Durante a sessão, os manifestantes conseguiram furar o bloqueio da polícia e da segurança e entraram no prédio. Congressistas, funcionários e repórteres que acompanhavam a cerimônia rapidamente se refugiaram em escritórios e outros locais seguros enquanto a polícia entrava em confronto com os invasores. Muitas áreas do Capitólio foram destruídas ou roubadas – e a violência foi constante. Dentre os mortos está uma mulher baleada por um policial após tentar arrombar uma porta (os detalhes de todos os óbitos ainda não foram divulgados). Ao fim do dia, mais de 80 pessoas foram presas.

A invasão chamou a atenção pela violência sem precedentes e pela tentativa de golpe. Diversas autoridades americanas condenaram o que aconteceu (inclusive membros do Partido Republicano), bem como outros líderes mundiais. O ataque tem sido considerado um ato de terrorismo doméstico.

Contudo, não é a primeira vez que o Capitólio presenciou atos de violência, assassinatos e outros episódios lamentáveis. Conheça algumas dessas histórias.

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1814: a capital incendiada

Antes da invasão de 2021, o Capitólio só havia sido amplamente invadido e destruído durante uma guerra – e por estrangeiros.

Entre 1812 e 1815, aconteceu a Guerra Anglo-Americana entre os EUA e a sua ex-metrópole, o Reino Unido. A treta rolou devido a vários desentendimentos que se acumularam desde a independência dos EUA, em 1776, e conflitos locais entre o país e o Canadá, na época ainda colônia britânica.

Em 12 de agosto de 1814, soldados britânicos invadiram e incendiaram grande parte de Washington, incluindo o Capitólio e a sede do poder Executivo, a Casa Branca (na época chamada de Mansão Presidencial).

O incêndio no Capitólio destruiu praticamente toda a coleção da Biblioteca do Congresso, que contava com mais de três mil livros. O fogo começou na ala sul do prédio, onde fica a Câmara dos Deputados. A ala norte, que abriga o Senado, não foi tão afetada porque, menos de um dia após a invasão britânica, uma forte tempestade (possivelmente um furacão, presumem historiadores) contribuiu para apagar o incêndio em toda a cidade.

Assim, o prédio não foi completado afetado, e foi possível reconstruir o que foi perdido em poucos anos, sem a necessidade de mudar a capital para outra cidade, como sugeriram alguns na época.

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1954: tiroteio de nacionalistas de Porto Rico

Em 1 de março de 1954, quatro nacionalistas porto-riquenhos – Lolita Lebron, Rafael Cancel Miranda, Andres Figueroa Cordero e Irving Flores Rodriguez – entraram armados na Câmara dos Deputados e começaram a atirar aleatoriamente nos presentes.

O grupo defendia radicalmente a independência de Porto Rico dos EUA, um território tomado da Espanha e anexado ao país em 1898. Até hoje, diga-se, Porto Rico é um território americano, porém não tem os mesmos direitos que um estado do país. Por isso, é considerado por muitos a colônia mais antiga ainda existente.

Na época, a segurança do Capitólio era bem precária, e o grupo conseguiu entrar sorrateiramente no meio de uma sessão. “Vários congressistas não perceberam que eram armas de verdade”, relembra a testemunha Bill Goodwin em depoimento ao Congresso americano. “Muitos ouviram os barulhos e pensaram que eram fogos de artifício. E então eu vi a arma e sabia que eles estavam atirando. Não eram fogos de artifício.”

Em pouco tempo, o caos estava instaurado no prédio. Três dos atiradores foram detidos pela população e seguranças locais, enquanto um deles conseguiu fugir, mas foi logo capturado. No total, cinco deputados foram atingidos pelos tiros, mas felizmente nenhum morreu. Os nacionalistas foram julgados e condenados a longos períodos de prisão, até que, anos mais tarde, o presidente Jimmy Carter concedeu perdão a eles. O episódio também estimulou a implementação de novas regras de segurança mais restritas no Capitólio.

1915, 1971 e 1983: três ataques com bombas

Em 2021, houve ameaças de bombas no Capitólio que preocuparam as autoridades presentes. Explosivos foram encontrados em outros prédios de Washington perto do local, incluindo na sede do Partido Republicano, mas nenhum explodiu.

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Na história, o Capitólio já foi alvo de explosivos três vezes. Em nenhuma delas houve fatalidades ou feridos, apenas destruição de infraestrutura.

Em 1915, um professor universitário de origem alemã colocou três dinamites na área de recepção do Senado, que não estava em sessão e, por isso, encontrava-se trancado. As bombas destruíram portas, vidros e um lustre do local. A motivação do terrorista, ao que tudo indica, era protestar contra o posicionamento dos EUA na 1ª Guerra Mundial – na época, o país vendia armas e fornecia suprimentos às nações que lutavam contra a Alemanha.

Em 1971, a organização de esquerda Weather Underground assumiu a autoria de uma explosão em um banheiro do Senado. O grupo protestava contra a invasão militar dos EUA no Laos, país do Sudeste Asiático. Não houve vítimas, já que os responsáveis pelo bombardeio alertaram as autoridades sobre a explosão, permitindo que o prédio fosse evacuado. 

Algo parecido aconteceu em 1983, quando um grupo conhecido como Armed Resistance Unit explodiu uma bomba do lado de fora do Senado dos EUA. Ninguém se feriu, mas houve prejuízo nos corredores próximos. O objetivo da organização era protestar contra a presença do Exército americano na ilha de Granada e no Líbano. Mais tarde, sete pessoas foram identificadas e presas pelo crime.

2001: a tragédia que não aconteceu

O dia 11 de setembro ficou marcado na história do mundo devido aos ataques terroristas contra os Estados Unidos. Dois locais foram atingidos: as Torres Gêmeas do World Trade Center, um grande complexo de edifícios em Nova York, e o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em Washington. Mas havia um terceiro alvo entre as intenções dos terroristas da Al Qaeda: o Capitólio.

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O Voo United Airlines 93 havia sido sequestrado e se chocaria contra o prédio. Mas o ataque não aconteceu porque os passageiros conseguiram lutar contra os terroristas e derrubar o avião em uma área rural, longe do alvo. Todos os tripulantes morreram.

Nunca ficou totalmente claro se o alvo inicial dos terroristas era o Capitólio ou a Casa Branca, mas a comissão instaurada para investigar os ataques determinou,mais tarde, que o Capitólio era o local mais provável.

 

 

 

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