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Sobre o Mundo

Confira publicações fundamentais para entender o mundo.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 31 ago 2008, 22h00

“As luzes se apagam em toda a Europa”, disse Edward Grey, secretário das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, observando as luzes de Whitehall na noite em que a Grã-Bretanha e a Alemanha foram à guerra. “Não voltaremos a vê-las acender-se em nosso tempo de vida.” Em Viena, o grande satirista Karl Kraus preparava-se para documentar e denunciar essa guerra num extraordinário drama-reportagem a que deu o título de Os últimos dias da humanidade. Ambos viam a guerra como o fim de um mundo, e não foram os únicos.

Não foi o fim da humanidade, embora houvesse momentos, no curso dos 31 anos de conflito mundial, entre a declaração de guerra austríaca à Sérvia, a 28 de julho de 1914, e a rendição incondicional do Japão, a 14 de agosto de 1945 – quatro dias após a explosão da primeira bomba nuclear –, em que o fim de considerável proporção da raça humana não pareceu muito distante. Sem dúvida houve momentos em que talvez fosse de esperar-se que o deus ou os deuses que os humanos pios acreditavam ter criado o mundo e tudo o que nele existe estivessem arrependidos de havê-lo feito. A humanidade sobreviveu. Contudo, o grande edifício da civilização do século XX desmoronou nas chamas da guerra mundial, quando suas colunas ruíram. Não há como compreender o Breve Século XX sem ela. Ele foi marcado pela guerra. Viveu e pensou em termos de guerra mundial, mesmo quando os canhões se calavam e as bombas não explodiam. Sua história e, mais especificamente, a história de sua era inicial de colapso e catástrofe devem começar com a da guerra mundial de 31 anos. Para os que cresceram antes de 1914, o contraste foi tão impressionante que muitos – inclusive a geração dos pais deste historiador, ou pelo menos de seus membros centro-europeus – se recusaram a ver qualquer continuidade com o passado. “Paz” significava “antes de 1914”: depois disso veio algo que não merecia esse nome. Era compreensível. Em 1914 não havia grande guerra fazia um século, quer dizer, uma guerra que envolvesse todas as grandes potências, ou mesmo a maioria delas, sendo que os grandes participantes do jogo internacional da época eram as seis “grandes potências” européias (Grã-Bretanha, França, Rússia, Áustria-Hungria, Prússia – após 1871 ampliada para Alemanha – e, depois de unificada, a Itália), os EUA e o Japão. Houvera apenas uma breve guerra em que mais de duas das grandes potências haviam combatido, a guerra da Criméia (1854-6), entre a Rússia, de um lado, e a Grã-Bretanha e a França do outro. Além disso, a maioria das guerras envolvendo grandes potências fora rápida. A maior delas não fora um conflito internacional, mas uma Guerra Civil dentro dos EUA (1861-5). Media-se a extensão da guerra em meses, ou mesmo (como a guerra de 1866 entre a Prússia e a Áustria) semanas.

Entre 1871 e 1914 não houvera na Europa guerra alguma em que exércitos de grandes potências cruzassem alguma fronteira hostil, embora no Extremo Oriente o Japão tivesse combatido (e vencido) a Rússia em 1904-5, apressando com isso a Revolução Russa. Não houvera, em absoluto, guerras mundiais. No século XVIII a França e a Grã-Bretanha tinham combatido numa série de guerras cujos campos de batalha começavam na Índia, passavam pela Europa e chegavam à América do Norte, cruzando os oceanos do mundo. Entre 1815 e 1914 nenhuma grande potência combateu outra fora de sua região imediata, embora expedições agressivas de potências imperiais ou candidatas a imperiais contra inimigos mais fracos do ultramar fossem, claro, comuns.

A maioria dessas expedições resultava em lutas espetacularmente unilaterais, como a guerra dos EUA contra o México (1846-8) e a Espanha (1898) e as várias campanhas para ampliar os impérios coloniais britânico e francês, embora de vez em quando a escória reagisse, como quando os franceses tiveram de retirar-se do México na década de 1860 e os italianos da Etiópia em 1896.

Com os Estados modernos munidos de arsenais cada vez mais cheios de uma tecnologia da morte tremendamente superior, mesmo seus adversários mais formidáveis só podiam esperar, na melhor das hipóteses, um adiamento da retirada inevitável. Esses conflitos exóticos eram material para livros de aventura ou reportagens dos correspondentes de guerra (essa inovação de meados do século XX), mais que assuntos de relevância direta para a maioria dos habitantes dos Estados que os travavam e venciam. Tudo isso mudou em 1914. A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes potências, e na verdade todos os Estados europeus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia e da Suíça. E mais: tropas do ultramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas para lutar e operar fora de suas regiões. Canadenses lutaram na França, australianos e neozelandeses forjaram a consciência nacional numa peninsula do Egeu – “Gallipoli” tornou-se seu mito nacional – e, mais importante, os Estados Unidos rejeitaram a advertência de George Washington quanto a “complicações européias” e mandaram seus soldados para lá, determinando assim a forma da história do século XX. Indianos foram enviados a Europa e o Oriente Médio, batalhões de trabalhadores chineses vieram para o Ocidente, africanos lutaram no exército francês.

Embora a ação militar fora da Europa não fosse muito significativa a não ser no Oriente Médio, a guerra naval foi mais uma vez global: a primeira batalha travou-se em 1914, ao largo das ilhas Falkland, e as campanhas decisivas, entre submarinos alemães e comboios aliados, deram-se sobre e sob os mares do Atlântico Norte e Médio. É quase desnecessário demonstrar que a Segunda Guerra Mundial foi global. Praticamente todos os Estados independentes do mundo se envolveram, quisessem ou não, embora as repúblicas da América Latina só participassem de forma mais nominal. As colônias das potências imperiais não tiveram escolha. Com exceção da futura República da Irlanda e de Suécia, Suíça, Portugal, Turquia e Espanha, na Europa, e talvez do Afeganistão, fora da Europa, quase todo o globo foi beligerante ou ocupado, ou as duas coisas juntas. Quanto aos campos de batalhas, os nomes de ilhas melanésias e assentamentos nos desertos norte-africanos, na Birmânia e nas Filipinas, tornaram-se tão conhecidos dos leitores de jornais e radiouvintes – e essa foi essencialmente a guerra dos noticiários radiofônicos – quanto os nomes de batalhas no Ártico e no Cáucaso, na Normandia, em Stalingrado e em Kursk.

A Segunda Guerra Mundial foi uma aula de geografia do mundo. Locais, regionais ou globais, as guerras do século XX iriam dar-se numa escala muito mais vasta do que qualquer coisa experimentada antes. Das 74 guerras internacionais travadas entre 1816 e 1965 que especialistas americanos, amantes desse tipo de coisa, classificaram pelo número de vítimas, as quatro primeiras ocorreram no século XX: as duas guerras mundiais, a guerra do Japão contra a China em 1937-9, e a Guerra da Coréia. Cada uma delas matou mais de 1 milhão de pessoas em combate. A maior guerra internacional documentada do século XIX pós-napoleônico, entre a Prússia-Alemanha e França, em 1870-1, matou talvez 150 mil pessoas, uma ordem de magnitude mais ou menos comparável às mortes da Guerra do Chaco, de 1932-5, entre Bolívia (pop. c. 3 milhões) e Paraguai (pop. c. 1,4 milhão). Em suma, 1914 inaugura a era do massacre (Singer, 1972, pp.66 e 131). Não há espaço neste livro para discutir as origens da Primeira Guerra Mundial, que o autor tentou esboçar em A era dos impérios. Ela começou como uma guerra essencialmente européia, entre a tríplice aliança de França, Grã-Bretanha e Rússia, de um lado, e as chamadas “Potência Centrais”, Alemanha e Áustria-Hungria, do outro, com a Sérvia e a Bélgica sendo imediatamente arrastadas para um dos lados devido ao ataque austríaco (que na verdade detonou a guerra) à primeira e o ataque alemão à segunda (como parte da estratégia de Guerra da Alema-nha). A Turquia e a Bulgária logo se juntaram às Potências Centrais, enquanto do outro lado a Tríplice Aliança se avolumava numa coalizão bastante grande. Subornada, a a Itália também entrou; depois foi a vez da Grécia, da Romênia e (muito mais nominalmente) Portugal também. Mais objetivo, o Japão entrou quase de imediato, a fim de tomar posições alemãs no Oriente Médio e no Pacífico ocidental, mas não se interessou por nada fora de sua região, e – mais importante – os EUA entraram em 1917. Na verdade, sua intervenção seria decisiva. Os alemães, então como na Segunda Guerra Mundial, viram-se diante de uma possível guerra em duas frentes, inteiramente diferente dos Bálcãs, aos quais haviam sido arrastados por sua aliança com a Áustria-Hungria. (Contudo, como três das quatro Potências Centrais ficavam nessa região – a Turquia e a Bulgária, além da Áustria –, ali o problema estratégico não era tão urgente.) O plano alemão era liquidar rapidamente a França no Ocidente e depois partir com igual rapidez para liquidar a Rússia no Oriente, antes que o império do czar pudesse pôr em ação efetiva todo o peso de seu enorme potencial militar humano.

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O breve século 20

Nome – Era dos Extremos – O Breve Século XX

Autor – Eric Hobsbawm

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – No momento em que vivemos uma espécie de crise ideológica, com o fracasso do comunismo e a persistência de críticas ao capitalismo por sua incapacidade de resolver problemas como a miséria e o aquecimento global, o historiador Eric Hobsbawm analisa, em Era dos Extremos, o século em que essas ideologias partiram o mundo em dois – época que se segue ao longo século 19, retratado em outros livros seus, na trilogia formada pela A Era das Revoluções (1789-1848), A Era do Capital (1848-1875) e A Era dos Impérios (1875-1914). O século 20 foi, segundo Hobsbawm, breve – teria durado 87 anos, entre o início da 1ª Guerra Mundial, em 1914, e o fim da União Soviética, em 1991 – e extremado, com suas duas guerras mundiais e o fantasma da Guerra Fria, eventos responsáveis por horrores baseados em ideologias falidas. “O velho século não acabou bem”, escreve ele. E, ao terminar, legou-nos questões ainda não respondidas e um impasse sobre qual caminho tomar agora. “Esperamos que seja um mundo melhor, mais justo e mais viável”, conclui. O historiador divide O Breve Século XX em três momentos: a “Era da Catástrofe”, que inclui o período das duas grandes guerras, do fascismo, da crise da Bolsa de 1929 e do surgimento da União Soviética, que apontou o comunismo como alternativa ao capitalismo; a “Era de Ouro”, que vai do fim da 2ª Guerra Mundial até o início dos anos 70, época de grande transformação social e crescimento econômico; e o “Desmoronamento”, período em que a cortina de ferro da União Soviética e do Leste Europeu desmoronou, com o colapso do comunismo, e em que, segundo Hobsbawm, o liberalismo econômico entrou em crise. Num mesmo século, genocídios sem precedentes dividiram espaço com um enorme bem-estar social, que, por sua vez, também conviveu com a miséria absoluta. Tantos extremos são retratados por Hobsbawm como um testemunho de quem viveu o que está sendo contado, mas sem abandonar em momento algum a perspectiva histórica.

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(Flávia Ribeiro)

Nome – Hitler

Autor – Joachim Fest

Editora – Nova Fronteira

Por que ler – Principal biógrafo do ditador, o jornalista alemão Joachim Fest escreve nos dois volumes de Hitler a história do líder nazista, da infância até o suicídio, ante a derrota alemã na 2ª Guerra Mundial, em 1945. Não é fácil biografar o homem que representa o pior da humanidade. Fest o faz e ainda mostra como “Hitler encarnava no mais alto grau a tendência típica de uma época sob o signo da qual se desenrolou toda a primeira metade deste século 20”. Por fim, deixa clara a importância de se conhecer esse homem e suas motivações, e escreve: “Hitler perpetrou uma obra de destruição colossal, chegando ao extermínio de homens, cidades, países, além de valores, tradições e estilos de vida. Mas seu legado de conseqüência mais grave consiste no horror do que o homem é capaz de fazer em confronto com outro homem. (…) Hitler permanece contemporâneo em todos nós, já que o presente é uma época que o enxerga em sua entrada. Isto significa que sem o conhecimento da história aqui delineada é impossível conhecer o mundo de hoje”.

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(Flávia Ribeiro)

Nome – Memórias da Segunda Guerra Mundial – Volume 2: 1941-1945

Autor – Winston S. Churchill

Editora – Nova Fronteira

Por que ler – O segundo volume das memórias do primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, sobre a 2ª Guerra Mundial, vai da invasão da Rússia, em junho de 1941, até o fim do conflito. Os principais acontecimentos são narrados, mas há episódios pouco conhecidos que ganham peso sob a ótica de Churchill, como a luta de soldados ingleses contra comunistas em Atenas, em 1944. É o testemunho de um homem cujas decisões afetaram a humanidade, com direito à reprodução de sua correspondência com os outros líderes aliados, como o presidente americano, Franklin Delano Roosevelt, e o ditador russo, Joseph Stálin. Churchill analisa ainda o momento em que Stálin se afasta dos antigos aliados e baixa a “cortina de ferro” no Leste europeu. E diz: “Eu percebia com muita clareza que o comunismo seria o perigo que a civilização teria de enfrentar após a derrota do nazismo e do fascismo”.

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(Flávia Ribeiro)

Nome – O Bazar Atômico

Autor – William Langewiesche

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – O desmantelamento da União Soviética deixou na mão de republiquetas um poder enorme: usinas nucleares mal protegidas e arsenais atômicos. Hoje, material radioativo ou conhecimento técnico para desenvolvimento da bomba podem ser comprados por países do terceiro mundo no mercado negro. Em vez de gastos com jatos, tanques ou navios de guerra, ter a bomba é um meio muito mais eficaz de persuasão. O Autor – narra como o clubinho atômico deixou de ser restrito e apresenta essa nova ordem mundial.

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(Douglas Portari)

Nome – História da Guerra Fria

Autor – John Lewis Gaddis

Editora – Nova Fronteira

Por que ler – O historiador John Gaddis comenta que seus alunos na Universidade de Yale tinham 5 anos quando o Muro de Berlim caiu, em 1989, decretando o fim da Guerra Fria e o “triunfo da esperança”. Para eles, diz, a Guerra Fria “é História: em nada diferente da Guerra do Peloponeso”. Mas história que deixou marcas. O duelo entre os EUA e a União Soviética não teve troca de tiros, o que não evitou o horror ante a iminência da 3ª guerra mundial. O Autor – analisa o período de quase meio século iniciado após o fim da 2ª Guerra, que chama de “a volta do medo”, e seus momentos de tensão, como a crise dos mísseis de Cuba.

(Flávia Ribeiro)

Nome – Inteligência na Guerra

Autor – John Keegan

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – Descobrir o que planeja seu oponente e evitar que ele saiba o mesmo de suas forças é a função da inteligência militar. Mas será que informação pode vencer guerras? O historiador militar britânico John Keegan afirma que, apesar de imprescindível, a inteligência sozinha não traz a vitória. O Autor – dimensiona a importância da coleta de informações em períodos de conflito e também de inimigos não-convencionais, os terroristas. O papel da inteligência é esmiuçado em vários casos, desde o combate do almirante Nelson contra a frota napoleônica, em 1805, até os dias atuais.

(Douglas Portari)

O grande irmão do Norte

Nome – O Dilema Americano

Autor – Francis Fukuyama

Editora – Rocco

Por que ler – Aqui o cientista político americano Francis Fukuyama critica a “guerra preventiva” no Iraque e o governo de George W. Bush, ao analisar o papel dos EUA no cenário internacional. Contrário ao conflito, o neoconservador acredita que a Casa Branca pegou pesado em sua propaganda de “guerra contra o terrorismo”, e se perdeu na hora de calcular as dificuldades que encontraria no processo de pacificação e reconstrução do Iraque. Embora se oponha às ditaduras, o Autor – critica a tentativa americana de impor a democracia no Iraque em curto prazo como solução para o terrorismo. Ele relembra outras atuações de seu país em conflitos externos. De quebra, projeta o futuro da democracia. Um tema pertinente quando a maior potência do mundo se debate em restrições internas à liberdade.

(Aline Rochedo)

Nome – Roosevelt

Autor – Roy Jenkins

Editora – Nova Fronteira

Por que ler – Disputar uma eleição presidencial em cadeira de rodas, vencer o pleito propondo a luta de classes, implementar um programa intervencionista, levar seu país à 2ª Guerra Mundial e transformar uma nação arrasada por uma crise econômica na maior potência do século 20. Parece sinopse de blockbuster, mas é parte da biografia do controverso presidente democrata americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945). Roy Jenkins mete o nariz na vida íntima e nos dramas pessoais do estadista, como os conflitos familiares com o primo republicano e ex-presidente Theodore Roosevelt, o casamento de aparência com a prima Eleanor e as aventuras extraconjugais do primeiro-casal. Astuto e ambíguo, Roosevelt enfrentou fazendeiros e protegeu sindicatos, além de quebrar a promessa de não levar jovens americanos à guerra – uma decisão relevante, segundo Jenkins, pois os EUA jamais teriam virado a única superpotência remanescente, se não tivessem combatido na Europa.

(Aline Rochedo)

Nome – O Império Americano

Autor – Noam Chomsky

Editora – Campus

Por que ler – Lançado em 2004 como um míssil contra a política externa dos EUA de manutenção do controle global a qualquer preço, este livro ainda provoca muitos estragos em seu alvo com suas reflexões. Noam Chomsky analisa a busca pela supremacia americana, escancara os caminhos que levaram seu país ao atual grau de dominação e denuncia as razões pelas quais Washington arrisca o futuro do planeta, na maior cara-de-pau. O livro começa com uma retrospectiva do plano de invasão ao Iraque, em 2003, quando especialistas alertaram para a possibilidade de “uma catástrofe humanitária”, pois armas de destruição em massa – pretexto alegado para a ação – nunca foram encontradas. Também relembra a Estratégia de Segurança Nacional, de 2002, que declarava ser direito americano aniquilar qualquer ameaça contra sua hegemonia global. Sem falar na campanha para transformar o iraquiano Saddam Hussein no bicho-papão. A raiz da reflexão de Chomsky é a 2ª Guerra Mundial, a partir da qual Washington adotou a força em lugar da lei, quando fosse “de interesse nacional”. O capítulo 4 é dedicado à crise dos mísseis em Cuba, de 1962, e ao ataque, nos anos 80, à Nicarágua, “um santuário privilegiado para terroristas e subversivos a uma distância de apenas dois dias de carro de Harlingen, Texas”, nas palavras do então presidente Ronald Reagan. George Bush, o pai, não sai do livro ileso: entre tantas iniciativas dignas de críticas, o Autor – relembra episódios memoráveis, como a invasão do Panamá, em 1989, quando bairros civis foram bombardeados. Mais adiante, vem a análise aprofundada da ação no Iraque, com bastidores do planejamento e detalhes sobre as alianças. Chomsky encerra o livro questionando a legitimidade de políticas internacionais intransigentes e unilaterais, do medo disseminado pelo Estado entre a população e do uso de ameaça para manter o controle mundial. Também reflete sobre os riscos do armamento nuclear e espacial e sobre a resistência do governo Bush ao Protocolo de Kyoto. Mas o Autor – levanta a possibilidade de um outro mundo possível. “O que importa é saber se seremos capazes de despertar do pesadelo, antes que ele se torne irreversível, e se conseguiremos levar um pouco de paz, justiça e esperança ao mundo que está, no momento, ao alcance das nossas possibilidades e da nossa vontade”, afirma.

(Aline Rochedo)

Os gigantes vermelhos

Nome – A China de Deng Xiaoping

Autor – Michael E. Marti

Editora – Nova Fronteira

Por que ler – A China de passado comunista que está pisando forte no capitalismo é uma invenção de Deng Xiaoping, que encaminhou o país para o acelerado desenvolvimento econômico do século 21. O líder comunista, morto em 1997, é a personagem dessa análise detalhada do pesquisador americano Michael E. Marti. A obra ajuda o leitor a compreender como um novo império, tão ou mais poderoso do que o americano, está nascendo no outro lado do mundo. Esse processo não aconteceu sem conflitos e enfrentamentos com a cúpula do regime e sem um fantástico senso de oportunidade, depois do desmanche da União Soviética, na década de 1990. Se você só acompanhou as Olimpíadas de Pequim, ainda não sabe nada sobre a China.

(Aline Rochedo)

Nome – China S.A.

Autor – Ted C. Fishman

Editora – Ediouro

Por que ler – Se você já conhece a história de Deng Xiaoping, que empurrou a China para o destino de superpotência, é hora de descobrir como o dinheiro dos capitalistas foi parar lá. Um dos jornalistas mais conceituados quando o assunto é China conta como a nação comunista montou sua industrialização, especializou sua enorme massa de trabalhadores e mudou as forças da economia mundial. Como bom escritor, Fishman não se detém em numeralha, economês acadêmico ou preconceitos capitalistas. A análise deste livro é provocante e atual. Embora focado no destino dos EUA na nova ordem econômica global, China S.A. instiga o leitor a imaginar um futuro diferente e, ao que parece, irreversível.

(Aline Rochedo)

Nome – Mao – A História Desconhecida

Autores – Jon Halliday e Jung Chang

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – Jung Chang (mulher do historiador britânico Jon Halliday) nasceu na China em 1952, fez parte da Guarda Vermelha, trabalhou no campo e foi metalúrgica. A experiência resultou neste calhamaço, de quase mil páginas, que destrói o mito de Mao Tse-tung, o chinês que liderou a Grande Marcha. Os Autor – es entrevistaram amigos e colaboradores de Mao, pesquisaram arquivos e desmontaram qualquer versão simpática ao ditador. A História Desconhecida, como o Nome – indica, conta o lado terrível dos revolucionários chineses. Um relato apaixonado, destrutivo, importante para conhecer o que a propaganda estatal não mostra jamais.

(Aline Rochedo)

Nome – Stálin – A Corte do Czar Vermelho

Autor – Simon Sebag Montefiore

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – Quem era o homem travestido de ditador? A resposta é do jornalista e escritor inglês Simon Montefiore, que teve acesso a uma coleção de cartas, bilhetes, agendas e papéis burocráticos anotados por Stálin e entrevistou sobreviventes do regime. O homem que ensangüentou a história do comunismo é apresentado como o político burocrático e paranóico, implacável contra os inimigos, que escondia o leitor compulsivo, ouvinte de música, cinéfilo e marido angustiado pelo suicídio da esposa. “Longe de ser a mediocridade burocrática insossa desdenhada por Trotsky, o verdadeiro Stálin era uma pessoa melodramática, enérgica e orgulhosa, excepcional em tudo”, escreve Montefiore. Parece elogioso demais para um ditador? É preciso ler o livro para entender como alguém tão excepcional, nas palavras do Autor – , pode ser execrado meio século depois. Stálin faz parte do século 20, e esquecê-lo não é a saída mais inteligente para evitar que o fantasma volte a se materializar.

(Aline Rochedo)

Nome – Trotsky, O Profeta Armado

Autor – Isaac Deutscher

Editora – Civilização Brasileira

Por que ler – A biografia publicada em 1954 mostra como e por que a propaganda stalinista buscou eliminar o Nome – de Leon Trotsky da história da União Soviética. Mas não é só ancorado nesse fato que O Profeta Armado se tornou uma das principais obras sobre um dos mais conhecidos revolucionários russos. O jornalista e historiador britânico Isaac Deutscher relata os primeiros anos de atuação de Trotsky, a maturação de sua teoria da revolução permanente, o papel na revolução de 1917, os atritos com Lenin e as andanças entre mencheviques, bolcheviques e socialistas independentes. Este é o volume inicial de uma trilogia e termina em 1921, quando os revolucionários tentavam consolidar o novo regime. Uma década que marca o auge do poder de Trotsky, antes de seu completo banimento da União Soviética e futuro assassinato por um simpatizante stalinista. Permanentemente crítico a seu personagem, Deutscher ainda escreveu uma biografia de Stálin, reforçando sua condição de grande conhecedor da Revolução Russa.

(Aline Rochedo)

Intolerância e genocídio

Nome – Genocídio

Autora – Samantha Power

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – A partir do fim do século 19, os EUA intervieram militarmente em centenas de ocasiões e lugares, sempre que tiveram seus interesses ameaçados. A mesma atitude não foi aplicada nos casos de crimes humanitários. O massacre de um milhão de armênios na Turquia, em 1915; de mais de 1 milhão de pessoas no Camboja, nos anos 70; ou os 800 mil tutsis mortos pelos hutus em Ruanda, nos anos 90, são exemplos. Essa política externa é escancarada no livro da jornalista Samantha Power, que mostra como interesses políticos e comerciais se sobrepõem à questão humanitária na agenda externa americana. Samantha mostra que os EUA podiam ter evitado, ou pior, fecharam os olhos para muitas tragédias.

(Douglas Portari)

Nome – Área de Segurança Gorazde

Autor – Joe Sacco

Editora – Conrad

Por que ler – Reportagem em quadrinhos sobre a Guerra da Bósnia (1992-1995), a obra narra a experiência de Joe Sacco em suas visitas a Gorazde, um enclave muçulmano a leste da capital, Sarajevo. Com pequenos adendos históricos, são apresentados os motivos que levaram a ex-Iugoslávia ao conflito; a limpeza étnica promovida pelo presidente sérvio, Slobodan Milosevic; e as antigas rixas entre bósnios (muçulmanos), croatas (católicos) e sérvios (cristãos ortodoxos) – um caldeirão de diferentes etnias e religiões que transbordou na Guerra da Bósnia e continua a ferver cheio de ressentimentos seculares.

(Douglas Portari)

Nome – De Costas para o Mundo

Autora – Asne Seierstad

Editora – Record

Por que ler – A correspondente de guerra norueguesa Asne Seierstad esteve pela primeira vez na Sérvia quando a Otan, o braço armado dos países ocidentais, bombardeava Belgrado. Era o conflito do país com o Kosovo, a província separatista de maioria albanesa. Ela voltaria em momentos diferentes e, por meio de diversas entrevistas, montou um quadro da sociedade sérvia. Em 13 histórias, os sérvios surgem calorosos, mas também mostram seu ódio por muçulmanos, ou sua indisfarçada nostalgia por um ditador. Há desde cristãos ortodoxos e partidários de Slobodan Milosevic, como um fazendeiro com o quadro do ex-presidente em sua casa, a artistas liberais, como o roqueiro Rambo Amadeus. A versão brasileira conta com os episódios da prisão de Milosevic e a morte do primeiro-ministro democrata Zoran Djindjic, assassinado em 2003. O que emerge da leitura é uma nação diversificada e em constante conflito interno, que não pode ser generalizada como tendo um povo belicoso e insano.

(Douglas Portari)

Nome – Nunca Mais?

Autor – Abraham H. Foxman

Editora – Francis

Por que ler – Esta obra faz um paralelo entre a crise mundial dos anos 30, quando o antigo ódio aos judeus foi catapultado até o Holocausto, e os dias atuais. O tom alarmista é admitido pelo próprio autor. Para Abraham H. Foxman, diretor da Liga Antidifamação, entidade americana que luta contra o anti-semitismo desde o fim dos anos 90, a propagação de idéias antijudaicas e a violência sistemática contra judeus cresceram de forma assustadora no mundo todo. O autor mostra como esse ódio aos judeus vem sendo alimentado pelas mais diferentes ideologias políticas e religiosas. E aponta possíveis soluções para o problema, como a adoção de leis mais rígidas contra os chamados crimes de ódio.

(Douglas Portari)

Iranianos e afegãos

Nome – Persépolis

Autora – Marjane Satrapi

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – Nascida em uma família persa abastada e liberal, Marjane Satrapi foi criada em um meio de forte engajamento político. Tinha 10 anos quando seu país foi varrido pela Revolução Islâmica de 1979. A troca da ditadura monárquica por outra religiosa e seus efeitos, como a obrigatoriedade do uso do véu islâmico, são vistos pela ótica da menina, assim como a guerra com o Iraque, quando bombardeios a Teerã e morte de crianças se alternam com festas punk. Já adolescente, um período na Áustria a leva à conclusão de que era uma ocidental no Irã e uma iraniana no Ocidente. Suas reminiscências desse conturbado período são apresentadas em forma de quadrinhos e terminam com seu retorno, já adulta, à Europa.

(Douglas Portari)

Nome – O Livreiro de Cabul

Autora – Asne Seierstad

Editora – Record

Por que ler – Em um país devastado por anos de guerra e tomado por fundamentalistas islâmicos, um livreiro afegão, culto e obstinado, parece um herói. Com sua família, porém, ele se mostra tão repressor quanto o regime dos talibãs. De seus 5 filhos, um foi proibido de estudar pelo pai para que trabalhasse. Suas duas esposas e filhas são tratadas como escravas. E nas ruas de Cabul, a realidade é ainda pior: mulheres sofrem abusos sexuais, outras são mortas pelos parentes por um ato de infidelidade. De forma romanceada, o livro traz a história real do livreiro Sultan Khan (Nome – fictício) e sua família. E um retrato cru do Afeganistão.

(Douglas Portari)

Nome – Todos os Homens do Xá

Autor – Stephen Kinzer

Editora – Bertrand Brasil

Por que ler – O jornalista americano Stephen Kinzer narra a Operação Ajax, um golpe de Estado contra o governo democraticamente eleito do primeiro-ministro do Irã, Mohammed Mossadegh, em 1953. O primeiro de muitos golpes que a CIA, a agência de inteligência americana, iria praticar ao redor do mundo. Mossadegh havia nacionalizado a Companhia Anglo-Iraniana de Petróleo, contrariando os interesses ingleses. Os americanos apoiaram seus aliados ocidentais, depondo Mossadegh e colocando o xá Reza Pahlevi no poder. Sua ditadura brutal levaria à Revolução Islâmica de 1979. Essa, por sua vez, apoiaria grupos fundamentalistas em vários países, culminando nos ataques de 11 de setembro.

(Douglas Portari)

Guerra no Iraque

Nome – Sobre o Islã

Autor – Ali Kamel

Editora – Nova Fronteira

Por que ler – O jornalista Ali Kamel começa o livro descrevendo uma visita de Osama bin Laden a um religioso muçulmano em 2001, dois meses após o ataque ao World Trade Center. Na conversa, os dois elogiam os “mártires” do 11 de setembro e louvam a Deus ao falar nas mortes que causaram. Kamel pergunta-se: “Como podem envolver Deus nisso? Quem são essas pessoas? O que querem?” Para responder as perguntas, o autor explica o que é o Islã e mostra como os teóricos do terror adulteraram a mensagem do Alcorão.

(Flávia Ribeiro)

Nome – 101 Dias em Bagdá

Autora – Asne Seierstad

Editora – Record

Por que ler – A jornalista norueguesa Asne Seierstad, que se tornou célebre com a obra O Livreiro de Cabul, desembarcou em Bagdá, capital do Iraque, em 2003, nos dias que antecederam o conflito com os EUA. Em 101 Dias em Bagdá, a repórter dá voz a vários iraquianos, que aparecem em dois momentos: antes da eclosão do conflito, quando pouco falaram por medo da censura e da repressão do regime de Saddam Hussein; e após o início dos bombardeios, quando o medo cotidiano se transformou no horror da guerra e na privação de comida e serviços básicos, como fornecimento de água e luz. Em meio ao caos, os iraquianos finalmente desabafaram neste livro-reportagem, que mostra o impacto de uma guerra contemporânea na vida de pessoas de carne e osso.

(Flávia Ribeiro)

Nome – A Loucura de Churchill

Autor – Christopher Catherwood

Editora – Record

Por que ler – O historiador inglês Christopher Catherwood conta como o futuro premiê e então secretário britânico para as Colônias, Winston Churchill, se reuniu com assessores no Cairo, em 1921, e criou o Iraque. Até o fim da 1ª Guerra, a região era parte do Império Otomano, derrotado no conflito. Churchill resolveu então criar um único país para abrigar grupos de etnias e religiões diversas como xiitas, sunitas e curdos. O resultado foi um caldeirão sempre prestes a explodir no Oriente Médio.

(Flávia Ribeiro)

Terrorismo

Nome – Piratas e Imperadores, Antigos e Modernos

Autor – Noam Chomsky

Editora – Bertrand Brasil

Por que ler – Vigoroso crítico do imperialismo americano, Noam Chomsky faz neste livro uma atualização completa de uma obra sua de 1986. Nele estão os velhos capítulos, mas também os novos, sobre guerras e atos terroristas recentes. É uma análise do terror e do papel dos EUA no Oriente Médio. De Reagan a Bush, Chomsky disserta sobre episódios-chave, como o bombardeio da Líbia e a segunda intifada, com especial atenção ao 11 de Setembro de 2001 e seu impacto nas formas de ver o mundo e na política americana no Oriente Médio. Por que piratas e imperadores? Um trecho do livro explica o título: “Santo Agostinho conta a história de um pirata capturado por Alexandre, o Grande, que lhe perguntou: ‘Como você ousa molestar o mar?’ / ‘E como você ousa molestar o mundo inteiro?’, replicou o pirata. ‘Pois, por fazer isso apenas com um pequeno navio, sou chamado de ladrão; mas você, que o faz com uma marinha enorme, é chamado de Imperador’”.

(Flávia Ribeiro)

Nome – Por Dentro do Jihad

Autor – Omar Nasiri

Editora – Record

Por que ler – Por Dentro do Jihad impressiona com seu relato minucioso dos campos de treinamento da Al-Qaeda no Afeganistão e do convívio do Autor – com terroristas procurados e com Abu Qatada, líder religioso muçulmano e braço do Al-Qaeda em Londres. O escritor, um marroquino muçulmano escondido sob o pseudônimo de Omar Nasiri, conta que, entre 1994 e 2000, trabalhou como agente do DGSE (Direction Générale de la Sécurité Extérieure), da França, e do MI5, da Grã-Bretanha, infiltrado em células de terrorismo. O livro oferece detalhes do dia-a-dia do terrorista, especialmente do treinamento dos jovens, e da tensão de estar, ao mesmo tempo, em meio aos homens da Jihad e em contato com a espionagem ocidental. Chegou a suscitar suspeitas, em relação a sua veracidade, que foram abandonadas frente à constatação de que só alguém que viveu aquilo poderia conhecer as minúcias narradas pelo Autor – .

(Flávia Ribeiro)

Nome – 102 Minutos

Autores – Jim Dwyer e Kevin Flynn

Editora – Jorge Zahar

Por que ler – As histórias de algumas das cerca de 16 mil pessoas que estavam no World Trade Center na hora do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 são contadas neste livro. Os jornalistas Jim Dwyer e Kevin Flynn dão voz aos sobreviventes e a alguns dos 2 790 mortos na tragédia por meio de entrevistas e da recuperação de telefonemas, mensagens de rádio e e-mails mandados das torres. A reconstituição, minuto a minuto, dos eventos que ocorreram entre a primeira colisão e a queda das Torres Gêmeas impressiona pelos diálogos e pelas demonstrações de pânico, heroísmo, solidariedade e superação em meio ao horror, à destruição e à luta pela sobrevivência.

(Flávia Ribeiro)

Nome – O Vulto das Torres

Autor – Lawrence Wright

Editora – Companhia das Letras

Por que ler – O Vulto das Torres, do jornalista americano Lawrence Wright, acompanha os passos da Al-Qaeda desde que as sementes do fundamentalismo islâmico foram lançadas no fim dos anos 40, em pleno solo americano, pelo escritor egípcio Sayyid Qutb, exilado depois de se tornar persona non grata em seu país. De lá até a criação do grupo que aterroriza o mundo, pelo menos desde meados dos anos 90, mas que só ganhou a atenção com os ataques de 11 de setembro de 2001, Wright acompanha a trajetória de seus líderes, o treinamento de seus seguidores em campos afegãos e analisa suas motivações. O livro é resultado de uma extensa pesquisa que o Autor – realizou em arquivos da CIA e do FBI e de cerca de 500 entrevistas.

(Flávia Ribeiro)

Nossos hermanos latinos

Nome – Brasil e Argentina – Um Ensaio de História Comparada (1850-2002)

Autores – Boris Fausto e Fernando J. Devoto

Editora – 34

Por que ler – Brasil e Argentina realmente têm motivos para se odiar, fora a rivalidade nos campos de futebol? Boa parte das respostas pode ser encontrada nesta obra, que mostra que brasileiros e argentinos têm mais em comum do que imaginam. Em 4 capítulos, os Autor – es buscam as semelhanças e diferenças entre dois países que já se ensangüentaram numa guerra conjunta no Paraguai, naufragaram em ditaduras civil-militares, espelharam-se em planos econômicos milagrosos e colheram os bons e maus frutos do neoliberalismo. Fausto e Devoto analisam ainda a influência da imigração e da Igreja católica na agregação social dos dois países. Caem na pena dos escritores até os maiores líderes de massa, cada qual a sua maneira, Getúlio Vargas, no Brasil, e Juan Domingo Perón, na Argentina. Até nisso, a história desses países hermanos cruza-se em determinado período histórico. A comparação é uma tarefa complicada, mas os Autor – es foram felizes na empreitada.

(Aline Rochedo)

Nome – O Atroz Encanto de Ser Argentino

Autor – Marcos Aguinis

Editora – Bei

Por que ler – Não se trata de uma ode ao bravo homem argentino. Marcos Aguinis, cordobês de nascimento, apresenta com bom humor suas razões para a crise que atormenta os hermanos há anos. Já na introdução à edição brasileira, o Autor – explica que os argentinos eram arrogantes, mas porque dispunham de uma riqueza que parecia infinita e um nível cultural que provocava admiração. “Por isso, se eu tivesse escrito esse livro algumas décadas atrás, teria sido condenado como inimigo da pátria”, alerta. Eis o atroz encanto de ser argentino, um povo que, no entender do Autor – , não exerceu a autocrítica, a ponto de perceber que se perdeu em desvarios políticos, corrupção, dissolução dos valores éticos, desmoralização da justiça, desprezo pelo trabalho e glamourização da esperteza. Se o brasileiro se diverte com o samba e os argentinos choram com o tango, como afirma Aguinis, o livro ajuda a entender que a permanente crise ética do Brasil costuma emprestar o ritmo da Argentina.

(Aline Rochedo)

Nome – Che Guevara

Autor – Jon Lee Anderson

Editora – Objetiva

Por que ler – A vida do ser humano mais completo da nossa época, segundo o filósofo Jean-Paul Sartre, é destrinchada na excelente biografia do jornalista americano Jon Lee Anderson. Ele entrevistou amigos e inimigos de Che Guevara, teve acesso a diários e documentos secretos e revelou cada passo da construção da personalidade carismática e controversa do guerrilheiro, sem ignorar defeitos e qualidades. Num crescendo fascinante, o jovem, frágil e dependente Ernesto Guevara de la Serna vai se transformando no temido, gigantesco e obstinado Che, um Nome – que muitos gostariam de eliminar do imaginário popular, mas que sobrevive em relação diretamente proporcional ao ódio que provoca em seus inimigos. Para entender como nasce um revolucionário.

(Aline Rochedo)

Nome – A Volta do Idiota

Autores – Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa

Editora – Odisséia

Por que ler – É o livro dos argumentos para quem não gosta de Hugo Chávez e Evo Morales, os presidentes da Venezuela e da Bolívia, respectivamente. Segundo os Autor – es, eles são os Nome – s principais de uma “esquerda carnívora”, que vive presa à mentalidade da Guerra Fria, quando o mundo era dividido entre os EUA e todos nosotros. O trio lembra os políticos populistas da América Latina que assumiram o poder, sob a bandeira do antiimperialismo, e fracassaram em tirar seus povos da pobreza. Esse fracasso teria destruído as utopias da esquerda, cujos métodos ineficazes, esses novos revolucionários – como os dois já citados – desejam ressuscitar. A obra é uma continuação de O Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano.

(Aline Rochedo)

Nome – A Festa do Bode

Autor – Mario Vargas Llosa

Editora – Arx

Por que ler – A América Latina é pródiga em ditadores. Dizem que um dos maiores – ou melhor, piores – foi Rafael Trujillo, que socou sua mão de ferro de 1930 a 1961 na República Dominicana. É esse personagem que Mario Vargas Llosa trata de desmontar neste romance-reportagem. O tom ficcional está na narração de Urania Cabral, filha de um trujillista que volta do exílio em Nova York para a capital, San Domingo, 3 décadas após a morte do ditador. Llosa mescla a tensão política com sexo, luta pelo poder, culto à personalidade e descrições bizarras dos personagens.

(Aline Rochedo)

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