Ao navegar pelo tumblr Every single word você não vai precisar de mais de alguns minutos para ver todos os vídeos editados por Dylan Marron – o maior deles, até o momento, tem apenas 55 segundos; o mais curto, 8 segundos. Mas não se trata de uma proposta de concisão criativa. Em junho, o escritor, performer e editor começou a postar no endereço vídeos em que reúne todas as falas de atores e atrizes não-brancos em filmes populares de Hollywood – e o resultado, não deixa dúvidas (se é que ainda restava alguma) sobre quem tem o poder de voz e representatividade na indústria cinematográfica.
Até o momento, Marron já postou em sua página e canal no YouTube 10 versões editadas de longa-metragens em que negros, asiáticos e latinos – geralmente em papéis de personagens sem nome – têm absurdamente pouco tempo de voz – em Amizade colorida (2011), são menos de 54; em Trapaça (2013), são 53; em Ela (2013), 46 segundos; em À Procura do Amor (2013), 45 segundos; em A culpa é das estrelas (2014), 41; em Penetras bons de bico (2005), 39 segundos; em (500) dias com ela (2009), 30 segundos; Frances Ha (2012), também 30 segundos; em Cisne Negro (2010), 24; em Moonrise Kingdom (2012), são menos de 10 segundos.
O canal ainda traz outros dois vídeos que parecem terminar antes de começar – vão direto da abertura para os créditos que não exibem nenhum nome. O motivo é esse mesmo que você imaginou: em Noé (2014) e Caminhos da floresta (2014) não há no elenco nenhum ator não-branco. Silenciosamente devastador.
A situação não fica melhor quando se analisa uma maior amostragem. Em 2013, estudo conduzido na University of Southern California analisou raça e etnicidade (na frente e atrás das câmeras) em mais de 500 filmes lançados em 2007, 2008, 2009, 2010 e 2012. Nos filmes analisados de 2012, mais de três quartos (76,3%) dos personagens com falas são brancos, enquanto apenas 10,8% são negros, 4,2% são latino-americanos, 5% são asiáticos e 3,6% são de outras etnias ou mestiços – média similar à encontrada nos anos anteriores. Dos 565 filmes no topo das bilheterias entre 2007 e 2012, apenas 33 (5,8%) foram dirigidos por negros – entre eles, estão apenas duas diretoras mulheres.