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O verdadeiro dragão chinês

Wong Fei Hong, o mestre que batia nos maus, curava os pobres e virou a maior lenda da história das artes marciais

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 30 set 2006, 22h00

Álvaro Oppermann

Um pequeno grupo de homens esgueirou-se por entre as sombras e se dirigiu aos fundos de um prédio modesto – uma clínica médica em Gwang Zhong (região chamada no Ocidente de Cantão). Alertas, pareciam felinos no lusco-fusco daquele início de noite do ano de 1891. Os rapazes eram membros de uma das milícias que pipocavam na violenta China de então. Um deles bateu à porta. O anfitrião, um homem de meia-idade, os convidou amavelmente a entrar e ordenou que um de seus 9 filhos trouxesse chá. Então mostrou ao grupo o poder mortal de suas mãos: aqueles felizardos eram discípulos de uma lenda, o venerado e temido Wong Fei Hong.

Wong Fei Hong nasceu em 1847. Seu pai era um renomado professor de artes marciais – em chinês, wushu. Começou a treinar aos 5 anos, ensinado pelo pai. Aos 20 era não só exímio lutador, mas também versado em filosofia e conhecedor da medicina tradicional chinesa. Como dizia seu pai, um verdadeiro mestre precisaria dominar o kung fu: essas duas palavrinhas queriam dizer excelência na prática de uma arte tradicional, fosse ela culinária, música ou a luta. Não apenas distribuir socos e pontapés, mas viver em harmonia com o meio ao redor.

O mestre Wong, apesar de pacífico, socava inimigos de vez em quando. As tríades (a máfia chinesa), os políticos corruptos e os representantes das potências européias o odiavam. E o temiam. Wong nunca foi vencido em duelo. Era um mestre em vários estilos de luta e exímio no manejo do bastão. Treinou as milícias nacionalistas que lutavam contra a ocupação da China pela Inglaterra. Mas seu maior feito foi tratar do povo com ervas medicinais e acupuntura. De graça. Assim tornou-se um ídolo popular.

Os poderosos tiveram sua revanche contra o pacato mestre. A gangue Dai Fin Yee, que controlava o tráfico de ópio em Cantão, matou à traição o seu filho primogênito – que seria seu sucessor – em 1895. Depois da tragédia, Wong Fei Hong jurou nunca mais ensinar a um filho as artes marciais. Não adiantou. Os moleques aprenderam os segredos do pai ao, escondidos, vê-lo treinar. Em 1924, um incêndio destruiu a sua clínica. Poucos meses depois, Wong Fei Hong morreu e virou rapidamente herói nacional. Até hoje, foram produzidos mais de 200 filmes sobre a sua vida em Hong Kong.

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Grandes momentos

• O maior legado de Wong Fei Hong à arte marcial foi o estilo Fu Hok Seung Yin Kuen. Combina o estilo “pesado” do tigre – de socos, porradas e torções do corpo do adversário – com o estilo leve e rápido da garça, de vôos, chutes e acrobacias.

• O primeiro filme sobre a sua vida foi A Verdadeira História de Wong Fei Hong, de 1949. O protagonista, Kwan Tak Hing, interpretou-o em outros 99 filmes, o último em 1981.

• A viúva de Wong Fei Hong, Mok Gwai Lan, era 40 anos mais jovem que ele. Ela ensinou a arte do marido até depois dos 80 anos. Nos anos 70, deu exibições das artes marciais de Wong Fei Hong à TV de Hong Kong.

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