Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Não, a Mona Lisa não te segue com os olhos

O chamado "efeito Mona Lisa" até existe, mas não se aplica à obra-prima de da Vinci

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 26 abr 2023, 17h14 - Publicado em 14 jan 2019, 20h43

A Mona Lisa, criação de Leonardo da Vinci, revolucionou a arte. Pequenininha, ela só precisou de 77 cm x 53 cm para reunir todas as inovações estéticas que marcaram o Renascimento, como perspectiva, contraste de luz e sombra, configuração piramidal e a técnica do sfumato.

Desde quando veio ao mundo, dizia-se que a pintura teria atingido um novo nível de veracidade: “o nariz, com suas belas narinas rosadas e tenras, parecia estar vivo. A boca, com a abertura ligada às extremidades pelo vermelho dos lábios e tons de carne do rosto, parecia, na verdade, não serem cores, mas a própria carne. No fundo da garganta, se olharmos atentamente, podemos ver o sangue pulsar”, escreveu Giorgio Vasari, famoso artista e biógrafo italiano do século 16.

Mas além do nariz, do sorriso ou da postura da jovem do retrato, o que vira e mexe acaba roubando a atenção é o olhar. Seus olhos exibem uma expressão carregada de intensidade, e criam uma ilusão de que aquela visão inquisitiva segue o espectador por todos os lados. O fenômeno ficou tão famoso que foi batizado informalmente de “efeito Mona Lisa”.

Um estudo da Universidade de Bielefeld, na Alemanha, porém, acabou com o argumento dos fãs da Gioconda: ele provou que o “efeito Mona Lisa” não se aplica à obra prima de da Vinci.

Antes que você ache que nada faz sentido e que o mundo é uma mentira, uma coisa é fato: “o efeito Mona Lisa” existe. Ele depende de diversos fatores: além da direção do olhar da figura pintada, a posição de sua cabeça e a inclinação da própria imagem criam condições geométricas específicas. Tais condições podem distorcer a percepção do observador em relação ao olhar do retrato. Quando as condições estão perfeitas, a sensação ocorre independentemente do ângulo em que o espectador esteja.

Continua após a publicidade
monalisa_olhar
(Reprodução/Creative Commons)

A única questão é que, até então, ninguém havia se prestado a testar se o “efeito Mona Lisa” valia para a própria.

Para realizar essa tarefa, os pesquisadores posicionaram 24 participantes a 66 cm de distância de uma tela de computador que mostrava Gioconda. Uma régua foi colocada na frente do monitor, e cada espectador marcou o local onde achavam que o olhar de Mona Lisa pousou. Em dois experimentos distintos, a régua foi posicionada entre 15,5 cm e 35,5 cm de distância da tela. A ideia é que, assim, conseguissem saber o ângulo exato em que a modelo batia o olho.

Continua após a publicidade

Depois de analisar cerca de 2 mil avaliações dos participantes, os pesquisadores descobriram que o olhar da figura icônica está a aproximadamente 15,4 graus de distância de sua posição atual. Um ângulo zero significa que a obra está olhando direto para quem vê, o que não geraria nenhum efeito se a pessoa estivesse na lateral da obra. Agora, um olhar ligeiramente lateral, correspondendo ao ângulo de 5 graus, provoca a sensação de estar sendo observado, independente da posição do observador. “Mas à medida que o ângulo aumenta, você não terá a impressão de ser olhado”, disse Gernot Horstmann, um dos autores do estudo.

Ou seja: a Mona Lisa tem o olhar muito à esquerda. Não é exagero dizer que o nome “efeito Mona Lisa” é, então, nada além de uma homenagem de algum fanboy de da Vinci. O que, claro, não tira em nada a grandeza da obra.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.