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Letterboxd do Papa: os filmes favoritos do cinéfilo Francisco

O Papa Francisco gostava bastante de filmes, especialmente de clássicos italianos, e chegou a receber algumas sessões de cinema no Vaticano.

Por Eduardo Lima
22 abr 2025, 18h10

Em 1988, Martin Scorsese lançou o filme A Última Tentação de Cristo. A obra polêmica, baseada no romance homônimo do grego Níkos Kazantzákis (que quase foi excomungado da Igreja Ortodoxa), imagina a vida de Jesus como um homem comum, que tem suas contradições e luta contra vários tipos de tentação, até a sexual.

Na época do lançamento, um cinema parisiense sofreu um atentado com coquetéis molotov de um grupo fundamentalista cristão que feriu 13 pessoas. Vários católicos e evangélicos rejeitaram o filme e organizaram boicotes. Scorsese, católico desde a infância, ficou frustrado com a reação ao filme (e as ameaças de morte que recebeu).

Depois de toda essa confusão, o diretor de Taxi Driver Os Bons Companheiros provavelmente não esperava voltar às graças da Igreja.

Voltou. Quase três décadas depois, Scorsese pôs um novo filme sobre cristianismo nos cinemas, Silêncio (2016) – que, desta vez, estreou no Vaticano para 400 membros do clero. A Igreja Católica não era a mesma: agora, o Papa era cinéfilo.

Em uma entrevista em 2015, o Papa Francisco revelou que não assistia televisão desde 1990. Talvez ele não estivesse acompanhando os lançamentos dos últimos 35 anos, mas o pontífice desenvolveu um gosto pelo cinema bem antes, quando era menino e depois padre em Buenos Aires, na Argentina.

Ele vinha de uma família de imigrantes da Itália, e desde a infância aprendeu a gostar dos clássicos de Federico Fellini e Roberto Rossellini.

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Se o Papa tivesse criado uma conta na rede social Letterboxd, onde os cinéfilos do mundo compartilham seus filmes amados, essas provavelmente seriam as produções que Francisco listaria como favoritas. Descubra quais são e onde assisti-los, para organizar sua sessão de cinema em homenagem ao pontífice que faleceu na última segunda, 21.

Filmes favoritos do Papa Francisco

“Eu devo minha cultura cinematográfica sobretudo aos meus pais”, disse Francisco em uma entrevista em 2015. “Quando eu era criança, ia ao cinema do bairro, onde até três filmes eram exibidos em sequência. Isso faz parte das belas memórias da minha infância: meus pais me ensinaram a apreciar a arte em suas várias formas.”

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Nesse cinema da vizinhança, o garoto que seria o Papa viu alguns filmes que mexeram com seu jeito de enxergar as coisas. O filme favorito de Francisco era um desses, o clássico de 1954 La Strada, dirigido por Federico Fellini e estrelado por Giulietta Masina.

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Quando a produção completou 70 anos, o Papa chegou a gravar um vídeo comemorando o marco e dizendo que o filme, que pode ser assistido no Looke, permaneceu em seu coração desde que o viu quando criança.

Ele reconhece uma “referência implícita” a São Francisco de Assis, o santo que lhe inspirou o nome papal, no filme de Fellini, que conta a história de uma jovem garota vendida pela mãe para um bruto circense que a força a ser sua esposa. Do mesmo diretor, o Papa também gostava bastante da sátira de 1978 Prova d’orchestra, um filme menos conhecido de Fellini.

Os filmes italianos do pós-guerra são a maioria entre os favoritos de Francisco. Ele diz que o cinema ajudou a “reconstruir o tecido social” depois da desolação da Segunda Guerra Mundial. Um dos filmes que mais marcou o garoto Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires foi um desses clássicos da Itália: Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini, que pode ser assistido no Belas Artes À La Carte.

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O filme de 1945 é a obra-prima do neorrealismo italiano, um movimento cultural que queria representar de forma fiel à realidade social e econômica da Itália devastada pelo fascismo. O foco na pobreza e nas consequências da violência humana tem tudo a ver com o foco do papado de Francisco, que aproveitou seu último discurso para pedir o fim das guerras na Ucrânia, no Sudão e em Gaza.

Quando era padre em Buenos Aires, Francisco fazia catequeses com filmes, para inspirar os fiéis a pensar sobre diferentes assuntos. Ele disse que usou Rapsódia em Agosto (1991), do mestre japonês Akira Kurosawa, para “explicar o diálogo entre avós e crianças”.

Outros filmes que o Papa já revelou gostar são O Leopardo (1963), épico de Luchino Visconti que pode ser assistido no Looke e na ClaroTV+, e Andrey Rublev (1966), do soviético Andrei Tarkovsky, filme sobre o pintor russo religioso do século 14 de mesmo nome que foi disponibilizado de graça no YouTube pelo Mosfilm, estúdio de cinema fundado em 1924 na União Soviética.

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Antes de assumir o papado, em 2010, Francisco disse que seu filme favorito era A Festa de Babette (1987), um filme sobre graça divina e generosidade humana que culmina num banquete culinário fantástico que quebra as resistências dos corações mais duros. É um dos poucos filmes que o Papa adorava que não é italiano, e pode ser assistido de graça no Cinema em Casa do Sesc.

Durante seus 12 anos no comando do Vaticano, algumas sessões de cinema aconteceram na Santa Sé. Além de Silêncio, do Scorsese, o clero assistiu Invencível, filme sobre um atleta olímpico e herói de guerra dirigido por Angelina Jolie, e Eu, Capitão, filme de Matteo Garone sobre a crise de refugiados que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024.

Para Francisco, o cinema e a arte eram “o trabalho da beleza como grande expressão de Deus”, e ele tinha planos cinéfilos que não puderam ser concretizados. Neste Ano do Jubileu da Igreja Católica, o Papa queria visitar o complexo de estúdios cinematográficos Cinecittà, na periferia de Roma. Ele até iria visitar o estúdio favorito de seu diretor favorito, Federico Fellini.

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