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‘House of the Dragon’: 5 principais diferenças entre a 2ª temporada e o livro

Exclusão de personagens, Daemon em Harrenhal e Alicent e Rhaenyra pacíficas: veja mudanças que a adaptação fez na série.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 5 ago 2024, 11h34 - Publicado em 5 ago 2024, 10h00

A segunda temporada de House of the Dragon chegou ao fim ontem (04) após oito episódios. O último capítulo deixou uma prévia de que a guerra civil da família Targaryen vai finalmente entrar na sua fase mais frenética, com vários exércitos (e dragões!) a caminho da batalha.

A série, você já sabe, é uma prequel de Game of Thrones, retratando um período 170 anos antes do que vimos na icônica série da HBO. Ela é uma adaptação de partes do livro “Fogo e Sangue”, um spin-off da saga original escrito por George R. R. Martin e publicado em 2018.

Ao contrário de As Crônicas de Gelo e Fogo, a saga principal de livros que deu origem a GoT, Fogo e Sangue não é uma narração convencional, ou seja, não é uma história narrada do ponto de vista de personagens, suas ações e pensamentos em ordem cronológica. O livro é escrito como um relato histórico, um registro de acontecimentos de Westeros reunido séculos depois por historiadores – como um livro da história do Brasil, por exemplo, que conta os eventos dos séculos passados.

Por serem relatos históricos, há diferentes fontes com versões distintas dos acontecimentos, incluindo contradições claras. Além disso, tudo é contado de forma geral, sem muitos detalhes.

Por isso, na hora de adaptar para as telas, os criadores da série tiveram a liberdade para escolher qual versão dos fatos retratar, além de terem a missão de preencher lacunas e acrescentar os detalhes que os livros não trazem. O resultado é que “House of the Dragon” traz mudanças em relação à obra original.

Algumas coisas são alterações mais objetivas, como a existência ou não de alguns personagens ou a idade deles, por exemplo. Outras são mais difíceis de cravar se aconteceram ou não no cânone do livro: por se tratar apenas de um registro histórico feito pelos meistres (os intelectuais desse mundo), nem tudo acaba sendo registrado. A única maneira de saber se algo da vida privada dos personagens que é retratado na série também aconteceu na obra original seria perguntando para o próprio George R. R. Martin.

Dito isso, abaixo reunimos algumas mudanças ou coisas exclusivas da segunda temporada da série.

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1 – Cadê a Urtigas?

Uma mulher negra com dreads loiros sentada no chaõ, usando um vestido.
(HBO/Divulgação)

O clímax da temporada é a chamada “Semeadura”, o processo em que o time preto busca novos montadores para os dragões que estão solitários em Pedra do Dragão. É assim que Addam doma Seasmoke (Fumaresia), Hugh conquista Vermithor e Ulf passa a montar Silverwing (Asaprata).

No livro, o episódio é parecido, mas há uma ausência notável: a personagem Urtigas (ou Nettles, em inglês). Ela também toma um dragão para si, o Sheepstealer (Roubaovelhas), um dragão selvagem de Pedra do Dragão que nunca foi montado.

Acontece que ela faz isso de uma maneira totalmente diferente: em vez de ter uma ligação mágica com a fera por conta do seu sangue, Urtigas conquista a confiança de Roubaovelhas aos poucos, dando ovelhas para ele comer até que ele se sinta confortável com ela. Uma espécie de domesticação.

A presença de Urtigas é especialmente interessante porque ela levanta dúvidas sobre quem realmente pode conquistar um dragão – algo que não é totalmente compreendido ainda neste universo. Apesar de seu parentesco não ser conhecido, ela não possui características valirianas: tem a pele escura, olhos castanhos e cabelos negros – nos livros, as famílias de montadores de dragão são muito pálidas, com cabelos brancos e olhos violeta (incluindo os Velaryons; só na série eles são negros).

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Na série, sua história parece ter sido mesclada com a de outra personagem: Rhaena Targaryen, filha de Daemon que também não tem dragão no livro (e que não faz muita coisa neste ponto da trama). A diferença é que Rhaena vai em busca do dragão no Vale de Arryn, uma região onde, em teoria, não deveriam existir dragões selvagens.

A ausência de Urtigas também é notável porque a personagem tem, mais adiante na história, importância para a trama de outros personagens, especialmente Daemon e Rhaenyra.

2 – Alicent e Rhaenyra pacíficas

Duas mulheres ajoelhadas em frente a velas.
(HBO/Divulgação)

Na segunda temporada, as rainhas Alicent e Rhaenyra se encontram duas vezes: uma no episódio 3, no septo de King’s Landing, e outra no episódio 8, em Pedra do Dragão.

Nenhum desses encontros é citado no livro. Mas uma mudança ainda maior é a postura das personagens: na série, ambas ainda tentam vias pacíficas para acabar com a guerra, apelando para sua amizade de infância.

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No livro, neste ponto da história, as duas rainhas não tentam vias diplomáticas e já nutrem um ódio uma pela outra. Afinal, ambas já perderam seus familiares: Lucerys, filho de Rhaenyra, foi assassinado por Aemond; Jaehaerys, neto de Alicent, foi decapitado a mando de Daemon. Depois disso, o clima é de guerra total – nada de personagens “boazinhas”.

Isso é um desdobramento de uma mudança da primeira temporada: no livro, as personagens não são amigas de infância – Alicent é, inclusive, alguns anos mais velha que Rhaenyra. A madrasta e a princesa até se deram bem nos primeiros anos, mas não há a ligação profunda retratada na série.

3 – Daemon em Harrenhal

Um homem e uma mulher, um de frente ao outro.
(HBO/Reprodução)

Uma bruxa misteriosa, alucinações mágicas e drama político: a trama de Daemon Targaryen na segunda temporada aconteceu quase inteiramente em Harrenhal, o maior castelo de Westeros (ainda que destruído).

No livro, o personagem também faz essa viagem em busca de um exército, mas há poucos relatos desse arco. Com isso, os criadores da série tiveram que improvisar e criar material para o personagem, como suas interações com Alys Rivers, a misteriosa bastarda da família Strong, e sua relação conturbada com os lordes das Riverlands (Terras Fluviais), incluindo o jovem Oscar Tully e as eternas famílias rivais Bracken e Blackwood.

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As visões proféticas/alucinações do personagem também são exclusivas da série, mas fazem sentido: Harrenhal tem fama de castelo amaldiçoado e relação com magia – explicamos o porquê aqui.

4 – O romance Criston Cole e Alicent

Uma mulher de vestido frente a frente com um cavaleiro de armadura num grande salão medieval
(HBO/Divulgação)

Outra trama que não existe no livro é o romance secreto entre a rainha Alicent Hightower e o cavaleiro Criston Cole. A adição desse caso adiciona mais uma camada de complexidade para ambos, já que a honra é um fator importante em suas vidas – e tanto Alicent quanto Cole já julgaram Rhaenyra por sua vida sexual fora do casamento.

Também não há registro de que a rainha tenha tomado chá da lua, uma espécie de medicamento abortivo deste universo.

5 – Aemond vilão

Um homem loiro com um tapa olho e uma cicatriz na face na frente de um muro escuro.
(HBO/Divulgação)
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A batalha de Pouso das Gralhas (Rook’s Rest), no quarto episódio, é a maior sequência de ação da temporada, colocando três dragões para lutar ao mesmo tempo – e culminando na morte de Rhaenys Targaryen, a “rainha que nunca foi”, e seu dragão, Meleys.

No livro, a batalha é parecida, mas Aemond e Vhagar atacam a princesa juntamente com o rei Aegon II e seu dragão Sunfyre; ou seja, desde o começo a luta é dois contra um (na série, Aegon se junta à batalha de última hora, por decisão própria, e Aemond propositalmente atrasa seu ataque para deixar o irmão sozinho).

Também não há um ataque direto de Aemond contra Aegon, como foi na série. Aliás, a adaptação parece estar construindo o irmão mais novo como uma espécie de grande vilão, que quer matar o próprio irmão para assumir o trono. No livro, não é bem assim: Aegon II até foge de King’s Landing com ajuda de Larys Strong, mas não por causa de Aemond, e sim por medo da facção negra.

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