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Estas são as 6 fotos mais incríveis de 2018, de acordo com o World Press Photo

O jornalismo visual gera uma série de imagens impressionantes - e essas foram as que marcaram os principais acontecimentos do ano passado

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 20 fev 2019, 17h34 - Publicado em 20 fev 2019, 12h45

Desde 1955, o World Press Photo Contest reconhece, anualmente, as fotos que tiveram o maior impacto para o jornalismo visual. Cenas de conflito, acontecimentos inusitados, ângulos únicos: se uma foto contou uma história de uma forma inovadora, ela pode concorrer a Melhor do Ano.

Para selecionar os vencedores de 2019, ano da 62º edição do concurso, os juízes revisaram 78.801 fotografias de 4.738 fotógrafos durante um período de três semanas, iniciado em 12 de janeiro de 2019. Hoje, a World Press anunciou os 6 finalistas – o campeão só vai ser divulgado em 11 de abril, na premiação oficial, em Amsterdã.

1 – Vítimas de ataque químico recebem tratamento em Ghouta Oriental

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(Mohammed Badra/European Pressphoto Agency/Cedido por World Press Photo 2019/Reprodução)

Nas palavras do secretário-geral das ONU, António Guterres, Ghouta Oriental é o inferno na terra. A imagem do ano, clicada pelo fotógrafo Mohammed Badra em 25 de fevereiro de 2018, retrata um distrito suburbano na região próxima à Damasco, que concentra alguns dos últimos grupos de rebeldes da Guerra da Síria. Na imagem, um homem e uma criança recebem tratamento médico após um suposto ataque de gás sarin, arma química proibida em guerra há anos.

Detalhando melhor a história: Ghouta Oriental, uma região rebelde da Síria, foi sitiada pelas forças do governo por cinco anos. Durante a ofensiva final contra os dissidentes, a região sofreu diversos ataques, incluindo bombardeios aéreos e um suposto ataque com gás – na vila de al-Shifunieh, em 25 de fevereiro de 2018. De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), houve 13 hospitais e clínicas danificados ou destruídos em apenas três dias, 4.829 feridos e 1.005 mortos entre 18 de fevereiro e 3 de março de 2018.

2 – Garoto de Almajiri

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(Marco Gualazzin/Contrasto/Cedido por World Press Photo 2019/Reprodução)
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A imagem, clicada pelo fotógrafo Marco Gualazzini, é um retrato singelo da crise humanitária que está em curso na Bacia do Chade, causada por uma combinação complexa de conflitos políticos e fatores ambientais. O Lago Chade, localizado no país homônimo, já foi um dos maiores lagos da África e uma verdadeira fonte de sobrevivência para 40 milhões de pessoas que moram no interior do continente. Hoje, ele passa por um fenômeno de brutal desertificação.

E a culpa, lógico, é do homem: irrigação mal planejada, desmatamento e má administração de recursos, agravados por uma seca prolongada, fez o tamanho do lago diminuir em 90% nos últimos 60 anos.

Os meios tradicionais de subsistência do povo de lá, como a pesca, murcharam – e a escassez de água está causando conflitos entre agricultores e pastores de gado. Para agravar ainda mais a situação, o grupo terrorista Boko Haram, que é ativo na área, se beneficia das dificuldades e da fome generalizada. Atualmente, o grupo usa aldeias locais como um local de recrutamento de seguidores.

3 – Estar grávida após o banimento de crianças nas FARC

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(Catalina Martin-Chico/Panos/Cedido por World Press Photo 2019/Reprodução)
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A moça da foto, Yorladis, está grávida pela sexta vez. Ela foi, acredite se quiser, guerrilheira das FARC. Suas outras cinco gestações foram interrompidas, por conta das regras das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, que consideravam a gravidez incompatível com a vida de guerrilha. Segundo a Yorladis, ela conseguiu proteger sua quinta gestação até o sexto mês usando roupas soltas, para esconder a barriga de seu comandante.

Mas a situação agora é outra, e a fotógrafa Catalina Martin-Chico registrou a boa nova: após a assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e o movimento rebelde das FARC em 2016, finalmente as mulheres associadas a organização paramilitar podem engravidar. As consequências não foram vistas só em Yolardis: houve um baby boom entre ex-mulheres guerrilheiras.

4- O desaparecimento de Jamal Khashoggi

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(Chris McGrath/Getty Images/Cedido por World Press Photo 2019/Reprodução)

O desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi – na época, gerente geral e editor-chefe da Al-Arab News Channel – gerou comoção internacional ano passado. Ferrenho crítico do regime da Arábia Saudita, ele sumiu quando entrou no consulado em Istambul para obter documentos para uma matéria, no dia 2 de outubro.

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Na imagem, captada pelo fotógrafo Chris McGrath, um homem não identificado tenta segurar a imprensa no dia 15 de outubro, quando investigadores sauditas chegam ao consulado da Arábia Saudita em Istambul, Turquia, em meio a crise. Após semanas de boatos e informações falsas, o governo anunciou que Khashoggi havia sido morto acidentalmente durante uma briga. Mas as autoridades turcas e a CIA não engoliram a desculpa: alegaram que o jornalista foi assassinado por agentes da inteligência saudita.

5 – Menina chorando na fronteira

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(John Moore/Getty Images/Cedido por World Press Photo 2019)

Não é novidade para ninguém que o governo Trump aumentou a pressão contra a imigração ilegal nos EUA. Em 6 de abril, o Procurador Geral do país, Jeff Sessions, anunciou uma política de “tolerância zero”, afirmando que as pessoas que forem apanhadas entrando ilegalmente nos EUA seriam processadas criminalmente. Após o anúncio, a imprensa começou a relatar que as famílias detectadas nas fronteiras estavam sendo separadas – os pais eram presos e as crianças levadas a verdadeiros “centros de detenção” infantis. Em muitos casos, os pais não tinham registro oficial nenhum da localização de seus filhos.

No contexto da foto, famílias de imigrantes haviam atravessado o Rio Grande pelo México para adentrarem o país, mas foram detidas pelas autoridades. Yana, a garotinha da foto que estava se aproximando de seu segundo aniversário, e sua mãe Sandra Sanchez faziam parte de uma caravana de refugiados que iniciou sua jornada no sul do México em abril de 2018. O fotógrafo John Moore registrou a foto em McAllen, no Texas, em 12 de junho. O pai de Yana, ainda em Honduras, deixou claro que a mãe e a filha não haviam se separado. No entanto, protestos públicos – nos quais essa imagem teve um papel importante – fizeram com que o presidente Donald Trump interrompesse as separações familiares em 20 de junho.

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6 – Akashinga – as valentes

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(Brent Stirton/Getty Images/Cedido por World Press Photo 2019/Reprodução)

No Zimbábue, onde a conservação da natureza é cada vez mais considerada um campo de batalha, um grupo de guardas florestais anti-caça ilegal de animais, formado exclusivamente por mulheres, está na linha de frente de um  modelo de proteção alternativo.

As chamadas Akashinga (ou “valentes”) trabalham para garantir benefícios a longo prazo às comunidades através da proteção do meio ambiente. Elas resgatam mulheres de meios desfavorecidos para se juntar ao time, capacitando-as, oferecendo empregos e ajudando pessoas locais a se beneficiar diretamente da preservação da vida selvagem.

Elas foram criticadas, no entanto, por participar de eventos de caça e captura de animais em troca de recompensas. A justificativa do grupo é que elas trocam a vida de um animal (o caçado, no caso) pela vida de muitos (que elas são capazes de salvar com a ajuda financeira derivada dos prêmios). Na imagem, clicada pelo fotógrafo Brent Stirton, Petronella Chigumbura (30) participa de treinamento camuflado no Phundundu Wildlife Park.

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