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Conversamos com Steven Spielberg sobre “Jogador Número 1”

O novo filme se passa em 2045 em uma Terra devastada, mas a ação acontece dentro de uma realidade virtual utópica – cheia de elementos dos anos 1980

Por Marília Marasciulo
Atualizado em 24 out 2020, 18h16 - Publicado em 26 fev 2018, 15h14

O filme é inspirado em um livro (Jogador Número 1) que é praticamente uma carta de amor a você. Você estava predestinado a dirigi-lo?
Sim, mas eu cortei a maior parte das referências ao meu trabalho. Quando li o livro, eu disse: “Isso é ridículo, ele me cita a cada dez páginas. Outro diretor vai ter que filmar isso”. Mas aí eu fiquei com vergonha que um diretor fizesse o filme e ficasse me homenageando. Então decidi dirigi-lo para poder reverenciar outros cineastas dos anos 1980. De um modo geral, o filme celebra o estilo, a cultura e a música daquela década.

Você trabalhou sem parar nos anos 1980. Ao revisitar a década para o filme, sentiu que perdeu alguma coisa?
Eu estava ocupado, mas eu estava muito ativo vendo filmes, TV, escutando música. Trabalhar não significa suspender a vida. A vida é o combustível para o trabalho. O que me tornou ainda mais consciente foi o nascimento do meu primeiro filho, em 1985. Aí eu realmente mergulhei na vida real.

Existe um grande buzz de que a realidade virtual possa ser o futuro do cinema. O que você acha disso?
É difícil contar uma história em realidade virtual, porque você não está limitado a um retângulo. Quando você tem uma visão ilimitada em 360 graus, é difícil ver o que o cineasta quer que você veja. Se ele quiser que você observe uma porta se abrindo em uma sala com outras cem portas, ele pode fazer o que quiser – pintá-la de vermelho, colocar um som muito alto – e mesmo assim 80% do público vai olhar e conferir todas as outras alternativas. Então é difícil fazer o público focar e seguir uma narrativa tradicional. Os filmes em realidade virtual não vão ser narrativas tradicionais.

Seus filmes transmitem uma sensação de encantamento. Como você consegue fazer isso depois de tanto tempo?
Isso é basicamente a única coisa que nunca perdi. Minha mãe morreu no ano passado aos 97 anos, mas a única coisa que ela nunca perdeu, até seu último respiro, foi o prazer e o encantamento com a vida. Ela queria que as outras pessoas também sentissem isso. Eu me sinto assim como cineasta.

Jogador Número 1 está em cartaz nos cinemas.

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