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Codex Seraphinianus: a enciclopédia indecifrável de um mundo fantástico

De plantas em formato de cadeira à metamorfose de um casal em jacaré, o livro indecifrável tem quase 400 páginas de psicodelia nonsense.

Por Caio César Pereira
21 jul 2024, 14h00

Imagine um mundo fantástico. Agora, imagine uma grande enciclopédia visual desse mundo, com todas as informações possíveis sobre sua fauna, flora, arquitetura, tradições etc. Essa enciclopédia existe de verdade, mas ela tem um porém: foi escrita em um idioma que ninguém consegue ler.

O Codex Seraphinianus foi criado pelo artista e arquiteto italiano Luigi Serafini (daí o nome do livro, que é algo como “Códice de Serafini” em latim), e logo se tornou um ícone da literatura cult. Com quase 400 páginas de uma psicodelia à la Pink Floyd, o livro demorou aproximadamente quatro anos até ficar pronto, e foi publicado originalmente na Itália, pela editora Franco Maria Ricci, em 1981.

A enciclopédia visual parece um guia para uma civilização alienígena, e possui diversas ilustrações surrealistas detalhadas: um casal fazendo sexo que, de repente, se transforma em um jacaré, frutas sangrando, plantas que crescem em formato de cadeira e um homem pilotando um caixão no formato de um carro bizarro.

Essas imagens parecem parodiar coisas do nosso mundo, misturando uma série de conceitos biológicos, mecânicos e por aí vai.

Claro que as imagens são acompanhadas de vários textos explicando aquele bicho ou conceito estranho que a gente está vendo. Só que o idioma ao qual o livro foi escrito também não faz sentido. Serafini escreveu o livro em uma linguagem inventada com um alfabeto próprio, que, apesar de possuir uma certa coerência em si, permanece indecifrado até hoje.

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O texto é escrito da esquerda para a direita, como os sistemas de escritas ocidentais. As letras possuem uma forma curvilínea (e que até se parece com o alfabeto latino na forma cursiva), com algumas só aparecendo no final ou no começo de cada palavra. Existem também letras maiúsculas e minúsculas, e que às vezes fazem a função de números. 

E nem tente encontrar qualquer tipo de coerência para tentar quebrar o código: o próprio autor já admitiu que não existe nenhum significado por trás do texto.

“Um sujeito até criou um sistema que traduz arbitrariamente os sinais do Codex em um texto significativo, escrito com o alfabeto latino. Isso não importa muito para mim, é uma obsessão relacionada à fascinação persistente pelo mistério”, contou Serafini em uma entrevista à revista Wired. ”Eu sempre disse que não há significado por trás do script; é apenas um jogo.

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O texto do livro foi criado por meio de forma de escrita conhecida como assêmica. Esse modelo geralmente apresenta marcas, traços ou desenhos que até se parecem com a escrita de algum idioma, mas que não possuem nenhum significado literal ou legível.

O Codex possui onze capítulos, e é dividido em duas seções. Enquanto a primeira se concentra em descrever aspectos relacionados ao ecossistema do mundo, como a flora, fauna, a química, física e etc, a segunda busca retratar coisas sobre a cultura, como vestimentas, história, arquitetura e etc.

Mas se você acha que um livro com desenhos extravagantes em um idioma que não faz sentido é a coisa mais bizarra do mundo, a coisa vai ainda mais longe. De uma forma metalinguística, o codex possui um capítulo que explica o sistema de escrita do mundo do próprio codex.

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Caso você queira dar uma olhada em algumas das imagens da enciclopédia, acesse este link aqui.

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