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As redes sociais sempre existiram – e sempre tiveram muito poder

A SUPER conversa com Niall Ferguson, historiador que defende que essas redes, literalmente, moldaram a história

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 out 2020, 19h23 - Publicado em 20 dez 2017, 18h37

O historiador escocês Niall Ferguson é famoso pelo livro Civilização, que explica como os países europeus e suas colônias assumiram a liderança tecnológica e econômica do mundo nos últimos 500 anos. Em sua nova obra, The Square and the Tower (“A Praça e a Torre”, ainda não lançada no Brasil), ele mostra como a história foi escrita por redes sociais – das mais antigas, como a maçonaria e os Illuminati, até o Facebook. A SUPER conversou com Ferguson para entender os pontos em comum entre todas elas.

As redes sociais sempre existiram – e tiveram muito poder
(Henrique Campeã/Superinteressante)

No seu livro, você trata a maçonaria e a Revolução Protestante como redes sociais. Elas também dependiam da tecnologia?
Há 500 anos começou, na Europa, um exemplo típico de revolução impulsionada por redes: a Reforma Protestante. Sem a invenção da prensa de tipos móveis de Gutenberg [criada por volta de 1450], teria sido impossível para Martinho Lutero desafiar a Igreja Católica. Ele se tornaria apenas mais um herege queimado na fogueira. Ou seja: houve momentos no passado em que novas tecnologias impulsionaram a formação de redes sociais contra hierarquias estabelecidas.

E por que, da maçonaria ao Facebook, as redes sociais atraem teorias da conspiração?
Há algo que torna as teorias da conspiração inerentemente atraentes: a ideia de que, por trás da fachada do poder, há uma rede secreta que manda e desmanda no mundo. Algumas pessoas, por meio de suas relações sociais, exercem influência sobre as outras, sem que necessariamente ocupem um cargo alto. Nós intuimos que as redes sociais são poderosas, ou pelo menos influentes. Por isso, quando alguém diz que há uma conspiração dos Illuminati ou de quem quer que seja, estamos dispostos a acreditar.

Dá para superar o preconceito e começar a levar as redes a sério?
Bem, eu tento fazer isso no meu novo livro. Parte do problema é que historiadores sérios relutam em escrever a história das redes sociais. É muito mais fácil escrever sobre as instituições hierarquizadas, como os governos, porque elas têm arquivos que você pode acessar e estudar. Já no caso da história da maçonaria, os arquivos estão espalhados em vários lugares e, muitas vezes, são inacessíveis.

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