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“Animais Fantásticos” não é Harry Potter – mas tem potencial

O novo filme do universo criado por J.K. Rowling não emociona como os outros. Ainda.

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 nov 2016, 17h39 - Publicado em 16 nov 2016, 22h11

Você não precisa ser fã de Harry Potter para saber da importância da série. Mundialmente, já foram vendidos mais de 450 milhões de livros, gerou uma peça de teatro e, claro, oito filmes que adaptavam a saga do menino bruxo – a brincadeira rendeu mais de 2 bilhões de dólares a 3ª franquia mais lucrativa da história do cinema (na frente dos filmes dos 007 de James Bond, que tem quase três vezes mais filmes). A questão é: você provavelmente precisa, sim, ser fã de Harry Potter para gostar do novo filme da série: Animais Fantásticos e Onde Habitam.

O novo longo conta a história de Newt Scamander um pesquisador que atravessa o mundo para estudar e proteger animais mágicos. A trama se passa em 1926 (70 anos antes das histórias de Harry Potter), e tenta mostrar como as coisas funcionavam antes dos acontecimentos já conhecidos pelo grande público.

Animais se passa em Nova York, e esse é o maior acerto do filme – não pela cidade em si, mas pelas possibilidades que isso abre. É o primeiro longa que acontece em continente americano, e isso dá margem para mostrar que, assim como no mundo real, os bruxos tendem a lidar de formas diferentes com as coisas, dependendo da cultura local. Enquanto na Inglaterra os bruxos têm o Ministério da Magia, por exemplo, nos EUA o órgão máximo é o Congresso da Magia, que no lugar do primeiro ministro possui uma presidente (negra como Barack Obama) comandando as decisões da mágica americana.

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O problema é que as inovações param por aí. Animais Fantásticos não traz o sentimento de descoberta que a saga original de Harry Potter tem, e a luta contra o mal, dessa vez, prende muito menos o espectador do que a saga de um menino que, junto de seus amigos, está aprendendo a viver enquanto tem que enfrentar o assassino de sua família. Harry Potter é uma metáfora para a infância e adolescência, uma fase em que tudo é novo, a independência surge junto com as responsabilidades e um furacão de emoções – sejam boas ou ruins. É nessa fase que muitos lidam pela primeira vez com a depressão, que percebem as limitações de seus pais, que dão o primeiro beijo. Para cada um desses acontecimentos, Harry e seus amigos têm um monstro, um feitiço, ou outro tipo de alegoria que representam isso brilhantemente. Animais não. Apesar de ter algumas simbologias claras (quanto à repressão principalmente), o longa não te deixa tão empático. É menos íntimo, menos cru sentimentalmente falando.

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Mesmo as grandes surpresas do filme não são tão inéditas assim. O longa usa de artifícios que já apareceram nos 8 filmes anteriores para criar plot twists, que vale ressaltar, realmente conseguem surpreender o espectador.

Mas tudo isso é natural, e nem um pouco desanimador. Animais é um filme de origem. O principal objetivo ali é nos apresentar personagens que vão aparecer nas telonas por ainda muito tempo. A Warner já confirmou que, pelo menos, cinco filmes da série vão aparecer no cinema nos próximos anos. E, assim como nos filmes de super-herói da Marvel, as sequências tendem a ser melhores, já que com um mundo estabelecido, fica mais fácil se dedicar à tramas mais profundas e complicadas.

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O grande número de filmes, aliás, pode fazer com que Animais consiga atingir um feito que Harry Potter não conseguiu: dar mais representatividade ao mundo. Com a liberdade de sair da Inglaterra, a série de filmes pode mostrar não só os EUA, mas também como funciona a magia em países nunca antes abordados pela série. Como são os bruxos na China? No Egito? E, por que não, no Brasil? O próximo filme já está confirmado na França. Uma escolha que não abre tantas possibilidades para o inédito – já que a Europa já foi retratada em outros filmes – , mas que ainda sim pode brincar com novos elementos.

E para o fã que balançou a cabeça em negação a cada crítica aos defeitos do filme, uma boa notícia: você vai sair feliz do cinema. Harry Potter deixou saudade, e a simples música tema (que toca no filme) já vai satisfazer os fãs que há 5 anos não sentavam em uma sala para ver algo inédito no mundo dos bruxos. Você vai adorar Animais Fantásticos. Mas tomara que possa amar os próximos quatro filmes.

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