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A História do Rock – Punk

Gabba Gabba Hey!

Por Ivan Finotti
Atualizado em 2 set 2019, 13h10 - Publicado em 12 ago 2019, 13h08
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(Virginia Turbett/Getty Images)

O punk foi um movimento criado por jovens insatisfeitos com o estado das coisas na segunda metade dos anos 1970. Com raízes políticas e anti-establishmet, a música foi a forma que a juventude inglesa e norte-americana, quase ao mesmo tempo, encontrou para ter uma voz.

A partir do conceito Faça Você Mesmo (ou Do It Yourself, DIY), nasceram grupos que mal sabiam tocar e, de repente, isso era positivo. Renegando as grandes bandas da época, que estavam se notabilizando por ter músicos virtuosos e lançar álbuns conceituais, a energia do punk era baseada no aqui e no agora.

Canções de menos de três minutos substituíram aquelas que duravam todo um lado, às vezes os dois, de um LP. As letras eram críticas à vida urbana nas grandes cidades. As capas de discos eram recortes toscos iguais aos dos fanzines que produziam no fundo de quintais. O visual era igualmente agressivo: tachas, cabelos moicanos, roupas rasgadas, coturnos dos lixeiros londrinos.

Os punks emularam em si mesmos a escória da sociedade. E, surpresa, foram responsáveis por uma inspiração que suplantou a época. Como se diz por aí, o punk não morreu.

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Eles lançaram o primeiro disco indiscutivelmente punk da história, The Ramones, em abril de 1976. Com 14 músicas em apenas 29 minutos e 4 segundos de duração, já estava tudo lá. Canções de três acordes, tocadas de modo selvagem e rápido, com um vocal furioso e direto ao ponto: a música mais longa tem 2’35’’, e a mais curta, 1’34’’. A temática adolescente das letras pode ser comprovada pelos títulos: quatro dos 14 usam o verbo querer: Eu não quero andar por aí com você, Agora eu quero cheirar cola, Eu não quero ir pro porão, Eu quero ser seu namorado. Os Ramones fariam praticamente tudo igual em seus outros 13 discos lançados nas duas décadas seguintes. Mas o sucesso que buscavam nunca esteve à altura do reconhecimento que receberam. Em 1980, chamaram o produtor Phil Spector, que trabalhou com o Beatles, para tentar ganhar as ondas do rádio, mas não chegaram lá. Os Beatles, aliás, estão presentes na fórmula de algumas de suas canções cantaroláveis e também em seus nomes: Paul Ramon era um pseudônimo com o qual Paul McCartney costumava se hospedar em hotéis. (Michael Ochs Archives/Getty Images)
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Os Sex Pistols foram os responsáveis pela explosão do movimento punk na Inglaterra e, consequentemente, no resto do mundo ocidental. O próprio nascimento do punk é muitas vezes confundido com a data de lançamento de seu único LP de estúdio, Never Mind The Bollocks, Here’s the Sex Pistols, de 1977. Desde o nome da banda até os cuspes na plateia, tudo ali foi construído, na cabeça do empresário Malcolm McLaren, para chocar. E chocou. Naquele ano, eles aproveitaram o jubileu de 25 anos de coroamento da rainha da Inglaterra para zombar dela. A canção “God Save the Queen” (que dizia “Deus salve a rainha/ E seu regime fascista”) chegou ao segundo lugar nas paradas da ilha – não sem ter havido acusações de manipulação da lista para impedir aqueles garotos sujos de chegaram ao topo. Com suas roupas rasgadas, alfinetes e cabelos arrepiados, Johnny Rotten (Joãozinho Podre, vocalista) e Sid Vicious (segundo baixista da banda) se tornariam ícones do movimento punk. Mas a química entre os integrantes era pobre e a banda não resistiu a uma turnê de duas semanas nos EUA. A partir daí, Johnny assumiria seu verdadeiro nome, John Lyndon, e criaria a Public Image Ltd, à frente de um trabalho igualmente repleto de ironia e sarcasmo. Já Sid Vicious seria acusado de matar a facadas sua namorada, Nancy, e morreria de overdose de heroína ainda em 1979. (Reprodução/Divulgação)
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O Blondie foi a maior fábrica de hits do punk, ainda que muitos torçam o nariz para canções que pouco dialogam com o movimento, aproximando-se mais de uma veia pop do que qualquer outra coisa. Seja como for, entre 1979 e 1981, a banda conseguiu quatro primeiros lugares nos EUA: “Heart of Glass”, “Call Me”, “The Tide is High” e “Rapture”. Muito disso se deveu a Debbie Harry, sua vocalista, ex-garçonete de um clube da Playboy, onde trabalhava vestida de coelhinha. Harry, a blondie (loira), era um rara manifestação de beleza, com vestidos brilhantes e salto alto, em meio à sujeira e podridão festejadas pelos punks dos dois lados do oceano. Mas ela era bem mais do que isso: era compositora (fez três dos quatro números 1) e excelente cantora. A banda estourou comercialmente com Parallel Lines, seu terceiro disco, de 1979. A atenção dada a Harry, em detrimento do resto da banda, acabaria por apressar a dissolução do grupo após seu sexto e fracassado álbum, de 1982. (Brian Cooke/Getty Images)
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Ninguém duvida que o Clash foi a maior banda punk da história e há várias razões para isso. Eles souberam, como ninguém, cantar os problemas de sua geração, ponto nevrálgico do conceito punk. Ultrapassaram o limite das canções de três acordes e experimentaram com muitos gêneros de música, notadamente o ska/reggae, que acabou incorporado pelo movimento como um todo. E ainda são os responsáveis pelos maiores hinos punk, como “London Calling” e “Should I Stay or Should I Go”, este último reunindo uma primeira parte com vocais e guitarras disputando seu espaço a cada milímetro e uma segunda, bem mais rápida, que virou sinônimo do pogo – uma dança que simula movimentos de briga. O vocalista Joe Strummer, extremamente político, e o guitarrista Mick Jones, mais pendendo para busca de sucesso, protagonizavam um conflito que foi excelente para a banda. Entre 1977 e 1982, o Clash lançou cinco discos, sendo que London Calling é duplo e Sandinista!, triplo. Seguindo à risca sua visão de mundo, a banda conseguiu que a gravadora lançasse o duplo pelo preço de um disco simples. No caso do triplo, concordou em diminuir os direitos autorais a que tinha direito. O último disco do Clash foi o que mais fez sucesso comercialmente. Combat Rock, de 1982, ficou em segundo lugar na Inglaterra e em sétimo nos EUA. Houve ainda Cut the Crap, de 1985, capitaneado por Strummer e sem Mick Jones e que, por isso, é raramente considerado como o sexto disco da banda. Já os dois primeiros lançamentos, The Clash e Give ’Em Enough Rope, estão entre os discos mais furiosos lançados na Inglaterra no final dos anos 1970. O primeiro, escrito principalmente por Strummer, é uma sequência de mísseis sonoros que falava diretamente à juventude de então. O segundo, composto pela dupla, mostra uma evolução clara, com canções mais bem elaboradas e complexas, mostrando claramente que os limites de tocar mal propagados pelo punk não seriam mais seguidos pelo Clash. (Luciano Viti/Getty Images)

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