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A história do Rock – Guitar Heroes

A arte de Jimi Hendrix, Eric Clapton e Eddie Van Halen.

Por Ivan Pinotti
Atualizado em 11 set 2019, 12h14 - Publicado em 5 set 2019, 13h17

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Em 1978, saiu o disco Van Halen, de uma banda chamada Van Halen, liderada pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen. A confusão com tantos nomes iguais se dissipa na segunda faixa, chamada “Eruption”. Nela, fica claro que o guitarrista Eddie (o mais à direita na foto acima) é o grande trunfo da banda. Holandês criado em Los Angeles, Van Halen expõe seu virtuosismo em 1 minuto e 42 segundos, sem nenhum acompanhamento. Ele demonstra a incrível velocidade, a habilidade de afrouxar as cordas com a alavanca e sua marca registrada: a técnica de duas mãos. Van Halen usa os dedos da mão direita para bater notas no braço da guitarra. Isso permite tocar notas que estão distantes fisicamente entre si em intervalos muito curtos, criando uma parede de som borbulhante. Esse estilo se tornou um padrão no metal californiano dos anos 1980. Os solos lépidos do Van Halen chamaram até a atenção do superstar Michael Jackson, que o convidou para tocar (de graça!) na faixa “Beat It” – uma das mais executadas do blockbuster Thriller (1982). Mas Eddie não é só uma máquina de solos. Ele também manda muito bem na guitarra rítmica, coisa que fica evidente em faixas como “Dance The Night Away”, lançada pelo Van Halen em 1979. (Fin Costello/Getty Images)
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Eric Clapton inventou a figura do guitar hero. Ele foi o primeiro guitarrista a ter uma legião de fãs – e Clapton sequer tocava rock quando começou a ser endeusado por uma parcela da juventude inglesa. O guitarrista ganhou fama tocando blues clássico com John Mayall, um recrutador de músicos virtuosos. Sua transição para o pop começou com sua passagem pelos Yardbirds, outro celeiro de grandes guitarristas (Jeff Beck e Jimmy Page também estiveram lá). Ele também foi pioneiro no conceito de supergrupo – uma banda formada por instrumentistas que já se destacam em outros conjuntos. Foi assim com o Cream, um trio com o baixista Jack Bruce e o baterista Ginger Baker; foi assim também com o Blind Faith, que tinha Baker e o cantor Steve Winwood. Quando estreou em carreira solo, em 1970, Clapton já era um roqueiro tarimbado. O repertório das duas décadas seguintes mergulhou sem receio no pop radiofônico, passeando por baladas, pelo reggae e pela country music; a técnica de guitarra, entretanto, continuava estritamente blues. Eric Clapton também se rendeu ao rock pelo estilo de vida propício a escândalos. Disputou – e perdeu, mas depois ganhou – a mulher do melhor amigo, George Harrison. Chafurdou com os dois pés no alcoolismo e no vício em heroína. Em 1991, seu filho de 4 anos morreu ao cair de um prédio, tragédia que inspirou a composição “Tears in Heaven” – hit no mundo todo. Recentemente, Clapton anunciou sofrer de neuropatia periférica, doença que pode impedi-lo de tocar guitarra. (Michael Putland/Getty Images)
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Jimi Hendrix foi Pelé, Senna e Michael Jordan. Pouquíssimos contestam sua posição no topo do pódio dos guitarristas de rock. Hendrix era canhoto, mas não invertia a ordem das cordas da guitarra. Isso o obrigou a desenvolver um método próprio de tocar, o que torna ainda mais difícil o trabalho daqueles que tentam imitá-lo. O sensacionalismo roqueiro vive martelando imagens de Jimi tocando a guitarra nas costas. Ou com os dentes. Ele fazia essas coisas, é verdade. Mas elas eram apenas circo – coisa em que o guitarrista também era excelente, aliás. O que realmente impressionava em Hendrix era a intimidade que ele tinha com a guitarra. O sujeito tirava sons absurdos sem fazer aquelas caretas clássicas de guitarrista de rock. Era tudo muito natural para ele, que tocava com as duas mãos amarradas – metaforicamente falando. E ele soava como mais de uma pessoa tocando. Ninguém sabia de onde Jimi Hendrix havia aparecido quando, em 1967, foi lançado o disco Are You Experienced?. O guitarrista havia sido descoberto em uma espelunca de Nova York pelo inglês Chas Chandler, baixista dos Animals. Chandler o levou para Londres e o juntou a dois músicos experientes – o baterista Mitch Mitchell e o baixista Noel Redding – para formar o trio The Jimi Hendrix Experience. Mas Hendrix tinha uma história pregressa. Mestiço de negro com cherokee, ele serviu como paraquedista e chegou a tocar com grandes nomes da primeira geração do rock, como Little Richard. Antes do Experience, ele nunca havia composto nem cantado. Tirou de letra as duas tarefas, com a mesma facilidade com que brincava com a sua guitarra. Dá até para pensar que Hendrix era bom em tudo. Não era. Ele era péssimo nas finanças, o que abriu diversas oportunidades para vivaldinos meterem a mão em seu dinheiro. O melhor guitarrista da história também não conseguia organizar a própria vida – algo que era agravado pelo consumo voraz de drogas de todos os tipos. Imerso no caos pessoal, Hendrix era incapaz de manter um projeto por muito tempo. O Experience durou apenas dois discos – o segundo se chamava Axis: Bold as Love. Depois dele, gravou Electric Ladyland como artista solo. Pouco antes de morrer de overdose, em 1969, montou um grupo chamado Band of Gypsys, que não virou. A breve duração da carreira de Jimi Hendrix contrasta com sua altíssima produtividade. Para sorte – ou nem tanta – dos fãs, ele deixou pilhas de gravações inéditas ao morrer, coisas inacabadas e ensaios. A indústria fonográfica fez a festa com lançamentos que vão do bacaninha ao definitivamente fraco. (David Redfern/Getty Images)

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