Mariana Iwakura
106 716 367 669. Ou, para ficar mais comprido, cento e seis bilhões, setecentos e dezesseis milhões, trezentos e sessenta e sete mil, seiscentas e sessenta nove pessoas. O responsável pelo cálculo é Carl Haub, pesquisador do instituto americano Population Reference Bureau, que estuda fenômenos populacionais. “Não é uma conta precisa, já que não há nenhum tipo de dado demográfico para 99% do tempo em que o ser humano habitou a terra”, diz o pesquisador.
Haub usou como ponto de partida um fictício casal Adão e Eva, que teria vivido em 50000 a.C. (a ciência acredita que foi nessa época que o Homo sapiens se desenvolveu por completo). Usando dados históricos e arqueológicos e estudos da Organização das Nações Unidas sobre aumento populacional, ele calculou o número de nascimentos desde essa data até o fim de 2004.
É claro que o crescimento populacional não é constante. Mudanças climáticas, fome e doenças podem influenciar o índice em diferentes momentos. Além disso, o crescimento não é o mesmo em toda a parte. O mundo atual é uma prova disso: há países na Europa onde a população diminui e países da África, por exemplo, onde ela cresce todos os anos. “Para resolver o problema, eu dividi a história em diferentes períodos e usei um único índice para cada um deles. Do contrário, seria simplesmente impossível fazer o cálculo”, diz ele.
Acompanhe abaixo a evolução desse crescimento. Você vai ver que o número de nascimentos vai caindo ao longo da história, enquanto a população cresce muito. Isso acontece porque, com o tempo, os avanços da medicina e a organização social são capazes de conter as taxas de mortalidade infantil, altíssimas nos primeiros tempos. Essa alta taxa de mortalidade também é responsável pela baixa expectativa de vida nos anos da era pré-cristã.
Demografia intensa
Ao longo da história, o número dehabitantes da Terra só foi aumentando, aumentando, aumentando…
População – 8000 a.C. 5 milhões
Expectativa de vida – 10 a 15 anos
Nascimentos (por ano a cada mil pessoas) – 80
Há escassez de alimentos, as técnicas medicinais são rústicas e não existe quase nenhum cuidado de higiene. Aos poucos, o domínio da agricultura ajuda na preservação da vida
População – 1 d.C. 300 milhões
Expectativa de vida – 25 a 30 anos
Nascimentos (por ano a cada mil pessoas) – 80
A organização da sociedade e da produção agrícola melhora o suprimento de comida. Mas a dependência da agricultura tem seu lado ruim: uma única falha na colheita pode levar à morte por fome
População – 1200 d.C. 450 milhões
Expectativa de vida – 25 a 30 anos
Nascimentos (por ano a cada mil pessoas) – 60
Durante a Idade Média, o índice de crescimento populacional é baixo, devido à peste negra. Estima-se que até 25% da população na Europa tenha morrido por causa da epidemia
População – 1750 d.C. 795 milhões
Expectativa de vida – 35 a 40 anos
Nascimentos (por ano a cada mil pessoas) – 50
A Revolução Industrial leva à riqueza, ao crescimento das áreas urbanas e a cuidados com o saneamento básico. Com isso, aumentam a expectativa de vida e a população
População – 1850 d.C. 1 bilhão e 265 milhões
Expectativa de vida – 50 anos
Nascimentos (por ano a cada mil pessoas) – 40
A ciência percebe que algumas doenças são causadas por microorganismos, que se reproduzem. É a chamada “teoria dos germes”, responsável por diversos avanços da medicina
População – 1950 d.C. 2 bilhões e 516 milhões
Expectativa de vida – 65 anos
Nascimentos (por ano a cada mil pessoas) – 38
Há um aumento nos cuidados com a saúde pública. A ONU, recém-criada, promove campanhas de vacinação em diversos países pobres, onde há uma explosão de crescimento populacional
População – 2005 d.C. 6 bilhões e 475 milhões
Expectativa de vida – 80 anos
Nascimentos (por ano a cada mil pessoas) – 21
Medicina preventiva, tratamentos eficazes e boas condições de saneamento aumentam a expectativa de vida. Do outro lado, métodos anticoncepcionais contêm o número de nascimentos em diversas partes do globo