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Terror – Mal (assombrado) na foto

Roteiros macabros, de dar pesadelos, estão por todos os continentes. Mau gosto? Quem nunca teve uma curiosidade mórbida que atire a primeira pedra

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 19 Maio 2012, 22h00

Museus e templos de arrepiar

É diabo pra não botar defeito (Kaunas, Lituânia)
Cramulhão, Mefistófeles, Satanás. Chame como quiser. Com tanto museu para santos, anjos e até para as almas do purgatório (veja na página 58), o já falecido artista plástico lituano Antanas muidzinavicius resolveu que já era hora de homenagear o coisa ruim. O Velniu Muziejus (em lituano, Museu do Demônio) fica em Kaunas, a pouco mais de 100 quilômetros da capital, Vilna. São 3 andares com 2 mil representações do diabo de todos os tamanhos, materiais e cores. Incluem-se aí as divertidas peças do próprio muidzinavicius, que mostram o tinhoso se esbaldando e tomando uma cerveja com a galera. A maioria do acervo, que começou a ser formado na década de 1960, vem de países eslavos, que tem o demo muito presente em seu folclore. Mas há também peças de Japão, Cuba e México.

Ratos sagrados (Rajastão, Índia)
Aqui não tem nada de sobrenatural pra assustar – só montes de criaturinhas bem terrenas e causadoras de frio na espinha: ratos. Na entrada do templo Karni-Mata, 30 quilômetros ao sul de Bikaner, no Rajastão, você tem de tirar os sapatos. Ali, os ratos são sagrados. Milhares deles são alimentados com ração pelos sacerdotes e servos do templo e circulam livremente. Acredita-se que esses animais sejam a casa temporária das almas dos devotos do deus Durga e, quando morrem, podem renascer no corpo de um humano. Por isso, roedores e pessoas ali formam uma grande e única família. Se o asco for insuportável, leve um par de meias velhas (e grossas) na mochila.

Vitrine de múmia (Guanajuato, México)
Esta cidade a 340 quilômetros da Cidade do México tem a fama de ser uma das mais coloridas do mundo, com suas casinhas coloniais enfeitando a paisagem montanhosa. Mas dentro do Museo de Momias, a exposição é menos alto-astral. Ali há 111 corpos de mulheres, homens e criancinhas mumificados – com aspecto de tirar o sono. O processo de embalsamamento ocorreu no cemitério local naturalmente. O fenômeno não é tão raro: acontece em lugares do mundo com as mesmas condições de secura do ar e alcalinidade do solo, o que favorece a existência de micro-organismos “mumificadores”. A descoberta foi feita em 1865, quando um corpo precisou ser exumado porque a família não pagou as taxas de sua cova. Daí pra frente, outras múmias foram descobertas até que o museu vingou. Na coleção de exumados entre 1865 e 1989, há fetos de boca aberta, crianças ainda de meias e senhorinhas grisalhas. www.momiasdeguanajuato.gob.mx

Cemitérios sinistros

Quem não tem teto caça com tumba – El Arafa (Cairo, Egito)
A Cidade dos Mortos é o cemitério mais importante do Cairo desde a invasão árabe, em 640. O que era uma centena de tumbas cresceu até tomar uma área de 13 km2 e ser ocupada também por gente viva. A área começou a ser usada por pessoas que queriam viver perto de seus ancestrais no século 14, mas foi o boom da metrópole egípcia, nos últimos 50 anos, que lotou a área de moradores pobres. Nem o governo sabe bem quantos vivos moram ali, fazendo puxadinhos sobre os antigos monumentos aos mortos. As estimativas variam de 30 mil a 1 milhão de pessoas vivendo sem escolas, hospitais, saneamento básico ou luz.

Erotismo pós-morte no Islã – Khalid Nabi (Irã)
O governo iraniano não deve gostar nada. Mas esse cemitério nas montanhas verdejantes do norte, perto do Turcomenistão, abriga mais de 600 lápides com formas de genitais masculinos e femininos. Alguns dos pênis de pedra têm incríveis 1,80 metro de altura e fazem companhia a pares de seios. Experts dizem que as lápides estão lá há mais de 1 400 anos e teriam sido obra de povos da Índia e da Ásia Central que cultuavam o falo. Nada confirmado. O fato é que o lugar já entrou para a lista de patrimônios históricos do país e, desde que foi descoberto, em 1981, virou atração turística.

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Sete palmos debaixo dágua – Neptune Memorial Reef (Miami, EUA)
É o primeiro cemitério submarino do mundo, a 3 km de Miami e 14 metros de profundidade. Só aceita cremados. As cinzas são misturadas a cimento. A massa é moldada (na forma escolhida), e a escultura é rebocada por mergulhadores ao fundo do mar – com placa de cobre e bronze para o nome, as datas e epitáfio. Os donos do empreendimento, iniciado em 2005, planejam ter 120 mil corpos lá – já têm mais de 100. Entre eles, Bert Kilbride, que foi o mergulhador mais velho do mundo e morreu aos 93 anos, em 2008. Qualquer colega com certificado de curso básico de mergulho pode visitá-lo.

Onde os monges não descansam em paz – Kiev-Pechersk Lavra (Ucrânia) Mesmo quando a Ucrânia fazia parte da URSS e as religiões eram proibidas, peregrinos seguiam sorrateiramente para o Kiev-Pechersk Lavra, ou Mosteiro das Cavernas de Kiev, centro da igreja católica ortodoxa no país. Hoje, como na época de Stálin, os visitantes do complexo santo estavam menos interessados nos seus 86 prédios projetados por arquitetos de Constantinopla do que vidrados nas catacumbas com centenas corpos de monges mumificados. Antes de explorar os túneis estreitos e escuros, compre uma vela na entrada e prepare-se para os sustos: no breu, fiéis sussurram, viram os olhos e beijam caixões de vidro, datados da Idade Média até o século 18.

Cemitério de bonecas
Era uma vez um agricultor que perdeu o juízo, largou a família e mudou-se para uma ilha no lago Teshuilo, México. Eram os anos 50 e Julián Barrera deu pra enfeitar as árvores da ilha com bonecas achadas no lixo. Por quê? Não se sabe. Falam em tributo a uma garotinha que ele teria visto se afogar no lago, ou em mandinga para afastar maus espíritos de sua horta. Fato é que por 50 anos Barrera pendurou centenas de bonecas na ilha, tal como as achava: caolhas, imundas, amputadas. As preferidas ganhavam óculos de sol, toucas, colares. Dos curiosos que chegavam, ele cobrava taxa para fotos. Em 2001 chegou seu azarento fim: Barrera morreu afogado nos canais. Tem coragem de pisar lá? Então vá em noite de lua cheia: com as bonecas mais iluminadas, dá pra ver bichos saindo de suas bocas e ouvidos.

Lugares-fantasma

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Espíritos não gostam daqui (San Zhi, Taiwan)
No começo dos anos 80, o litoral norte de Taiwan viu crescer um conjunto de casas fora do comum: tinham forma de cápsula, cores vivas e prometiam formar um dos condomínios mais modernos da região. Até que, de repente, todos os pedreiros foram demitidos, e a obra foi interrompida. Dizem que o governo parou de dar suporte fiscal ao empreendimento, depois que vários trabalhadores se acidentaram ou morreram. Correu ainda a lenda de que as fatalidades eram artimanha dos maus espíritos do lugar, bravos com a invasão de seu território. Pronto, os investidores privados também fugiram, e hoje só sobrou uma obra abandonada e coloridinha.

Fragmentos de Chernobyl (Pripyat, Ucrânia)
Nos conjuntos de apartamentos de Pripyat, ainda se acham jornais datados de 28 de abril de 1986. Dia em que a cidade, a 110 quilômetros de Kiev, a capital, teve de ser esvaziada às pressas por conta da explosão do reator 4, na usina de Chernobyl, que acontecera dois dias antes. Na fuga, muitos brinquedos e tantos outros objetos íntimos foram deixados para trás, contribuindo para o cenário desolador. Pripyat foi construída nos anos 70 e cresceu junto com a usina nuclear. Lá moravam 50 mil pessoas e o plano era chegar a 80 mil. Hoje a radiação já está em níveis seguros, e a cidade-fantasma pode ser visitada por curtos períodos. A agência SoloEast Travel organiza esses passeios, saindo de Kiev. https://www.tourkiev.com

Sibéria, interrompida (Kadykchan, Rússia)
Difícil acreditar que onde agora só há prédios descoloridos, carros quebrados e livros embolorados já viveram 10 mil pessoas, no auge da cidade, em 1986. Kadychan, na Sibéria, foi construída nos anos 30 por prisioneiros dos gulags soviéticos (leia mais na pág. 43) e cresceu aos poucos, conforme as pessoas iam chegando, com suas famílias, para trabalhar nas minas de carvão da região. Com a bancarrota do socialismo real, a cidade também afundou e, em uma década, todo mundo se mandou. Agora, não há mais de 200 habitantes vivendo nesse fim de mundo, na zona do Círculo Polar Ártico.

Cada um no seu quadrado
Esqueça o famoso père-lachaise: no mundo, há cemitérios para todo tipo de morto

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Só os cachorros
No século 19, o governo parisiense achou que não pegava bem aquele costume de largar animais de estimação mortos na rua ou lançá-los ao rio Sena. Foi aí que criaram, em 1899, um cemitério para cachorros, em Asnières-sur-Seine, nos arredores da cidade. O Cimetière des Chiens deu tão certo que até o Rin Tin Tin original, astro do cinema nos anos 20 e 30, foi enterrado lá, junto a outros 40 mil bichos. E tem de tudo descansando ali: gatos, hamsters, coelhos, aves, um cavalo de corrida, um leão, um macaco e, pasme, peixes-beta.

Fantasmas sem cabeça
Paris também tem uma necrópole dedicada só a corpos decapitados durante o terror pós-Revolução Francesa, quando os inimigos dos jacobinos iam para a guilhotina. O Cimetière de Picpus fica perto do palco dos assassinatos, a Place de la Nation, e abriga cerca de 1 300 corpos de homens e mulheres. No hall dos célebres, o químico (e nobre) Antoine Lavoisier, do famoso “nada se perde, tudo se transforma”.

Movelaria fúnebre
Ao entrar numa das maiores atrações da República Checa, a Igreja de Todos os Santos, em Sedlec, mire o lustre que desce do teto abobadado: foi feito com pelo menos um representante de cada osso que forma o esqueleto humano. Ele não está sozinho: tudo que decora a igreja usa como matéria-prima ossos de pelo menos 40 mil pessoas. Eles estavam empilhados na cripta desde o século 15, até que a família Schwarzenberg, mecenas do monastério onde fica o templo, decidiu no século 19 dar um uso a tanta caveira. Um talentoso entalhador de madeira foi chamado e se superou encaixando as peças – fez guirlandas de fêmures, vitrines de crânios para o altar e até um brasão de armas também todo trabalhado no osso.

Seis milhões de caveiras
No fim do século 18, o Cimetière des Saints-Innocents já acumulava 10 séculos de ossos parisienses. Decidiram esvaziá-lo e mandar tudo para minas desativadas na periferia. Logo o ossário passou a receber restos de qualquer cemitério de Paris até que, em meados do século 19, acumulasse os 6 milhões de esqueletos que hoje se vê num tour de 45 minutos. Eles ficam nas paredes de galerias subterrâneas, como revestimento.

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Shopping deprê
Fazer comprinhas nem sempre é divertido. Ainda mais se o intenção for…

… FAZER VODU

No maior mercado de vodu do mundo, em Lomé, capital do Togo, no oeste da África, por todo lado se veem partes do corpo de crocodilos, gatos, corujas, serpentes, elefantes, leopardos. Macacos mortos, então, têm de tudo que é espécie. Os vendedores, versados em saberes tradicionais milenares, estão sempre interessados em resolver seu problema, qualquer que seja ele. Por exemplo: vai correr uma maratona? O dopping em versão macumba estará à mão: é um pó feito do coração, da cabeça e das quatro patas de um cavalo. Quer um suvenir? Quase toda barraca vende sua versão de bonequinho de pano pra espetar.

… TRAMAR UMA GUERRA CIVIL

No Karkhanai Bazaar, em Peshawar, Paquistão, compram-se blocos de ópio e heroína e Kalashnikovs como se fossem barras de chocolate. A feira da ilegalidade rola perto da fronteira com o Afeganistão, e também vende roupas, eletrônicos, artigos de papelaria, tudo contrabandeado. Estrangeiros têm a entrada vetada – uma barreira os separa da área em que são vendidas drogas e armamentos. O negócio não é mesmo para principiantes: dali saem as armas de quem combate na jihad afegã, além de heroína consumida localmente.

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